Bíblia Sagrada não é bem-vinda para o STF
Em ação, juízes decidem que escolas e bibliotecas estaduais não podem conter um exemplar do livro Sagrado. Entenda
Depois de decidir que as igrejas não podem realizar cultos presencialmente, durante a pandemia de COVID-19, o Supremo Tribunal Federal (STF) agora entendeu que as escolas e bibliotecas públicas não podem ter um exemplar da Bíblia Sagrada.
A ação direta de inconstitucionalidade foi aberta em 2015, pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas a sessão para julgamento apenas aconteceu nesta segunda-feira, 12 de abril, e teve a ministra Cármen Lúcia como relatora.
Todos os ministros da Corte votaram contra uma lei do estado do Amazonas, que estabelece a obrigatoriedade da presença de, ao menos, um exemplar da Bíblia Sagrada nas escolas e bibliotecas do estado.
Para justificar seu voto, Cármen Lúcia alegou que um exemplar da Bíblia Sagrada em um ambiente escolar estadual poderia prejudicar outras religiões e feriria o princípio de laicidade do Estado, já que nem todos os estudantes professam a mesma fé.
“Na determinação da obrigatoriedade de manutenção de exemplar somente da Bíblia, a lei amazonense desprestigia outros livros sagrados quanto a estudantes que professam outras crenças religiosas e também aos que não têm crença religiosa alguma”, escreveu Cármen Lúcia.
Aparentemente, os ministros do STF não reconhecem a Bíblia Sagrada, também, como um importantíssimo livro que é. É inegável que o cristianismo faz parte da cultura do País. E está tão presente que há até uma imagem da representação de Jesus no plenário da Corte, bem como em quase todos os plenários estaduais e municipais espalhados pelo Brasil. Seguindo a lógica da senhora ministra Cármen Lúcia, todas essas imagens não teriam de ser retiradas? Ela mesma vai se propor a tirar a que estampa a parede do STF?
Censurada
Contudo, a realidade é que enquanto as Bíblias são vetadas em escolas brasileiras, constantemente, relatos de bibliografia imprópria é exposta pelo País.
Em janeiro deste ano, o prefeito da cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, Rodrigo Manga (Republicanos), que estava em início de mandato, denunciou a presença de livros impróprios para crianças nas escolas municipais. Segundo ele, a gestão anterior teria gasto mais de R$29 milhões para comprar esses livros.
Escondido por trás da ideia de “orientação contra abusos sexuais”, o livro fazia claras alusões à sexualidade ao público infanto-juvenil e continha linguagem inadequada. O caso sorocabano, no entanto, não é o único no País.
Em uma rápida busca na internet, é fácil encontrar denúncias e mais denúncias de livros destinados ao público infantil que carrega o mesmo teor sexual.
Agora, a pergunta que fica é: por que as crianças não podem ter contato com a Bíblia Sagrada, mesmo nas escolas? Que mal o livro Sagrado faria a uma criança que se interessasse em ler a história de Noé, por exemplo?
Pelo jeito, parece que os ministros repudiam que as crianças tenham acesso à Bíblia Sagrada, da mesma forma que não querem que os fiéis tenham acesso às suas igrejas, durante a pandemia.