A verdadeira importância do seu voto

Os rumos de uma nação começam pelo principal: seu povo e suas escolhas nas urnas

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Muita gente diz que não quer saber de política por causa da corrupção. Contudo ela não deve ser usada como justificativa para a preguiça de pensar no assunto e para não ter compromisso com os rumos da cidade, do Estado ou do Brasil. Ainda bem que existem os antenados e preocupados com nossa realidade. Eles sabem que é votando que as transformações podem acontecer, além do voto ser uma arma contra os desonestos e incompetentes que arriscam ocupar cargos de representantes do povo só na aparência.
Ainda assim, “muitos eleitores não acreditam que seja possível mudar a história do País”, diz a analista judiciária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Renata Livia de Bessa Dias, especialista em Direito Eleitoral. Para ela, alguns insistem que a corrupção é inseparável da política brasileira. Porém, como o voto determina os destinos da nação, “é fundamental que cada eleitor faça a sua opção de modo consciente e com seriedade”, pondera.
Precisamos entender que “a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado democrático de direito no qual ‘todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente’ (art. 1º da Constituição Federal)”, lembra a especialista. Sim, a direção da sociedade vem de nós. “O eleitor tem em suas mãos um importante instrumento de mudança política e social: o voto”, diz. Por isso, há vários motivos para exercermos esse direito. Confira:
MUITA LUTA
Por 29 anos, ficamos sem o direito ao voto para presidente. Jânio Quadros foi eleito em 1960 mas em menos de um ano renunciou e assumiu seu vice, João Goulart. Em seguida, houve o movimento militar que o derrubou e o cidadão ficou sem comparecer às urnas por décadas.
Através de muitas campanhas, o povo pôde votar de novo em 1989. Muitos desejaram por anos um direito que hoje você tem, garantido pela Constituição. Não deixe que a luta tenha sido em vão.
A VERDADEIRA IGUALDADE
O perfil do eleitor brasileiro é bem variado. “No entanto, nem sempre foi assim”, explica Renata Dias, do TSE. “Houve momentos de grandes restrições em nossa história: as mulheres não tinham direito de votar, o voto era definido pela renda (censitário – direito apenas dos ricos) ou controlado por ‘coronéis’ (de cabresto)”.
Mas a especialista destaca que “os dias destinados à realização das eleições representam um dos raros momentos em que todos se igualam, pois não há diferença de raça, sexo, condição financeira, classe ou grupo social, já que existe igualdade de valor no voto de cada cidadão”.
SOFREREMOS AS CONSEQUÊNCIAS
Sem essa de “todo político é corrupto”. Renata Dias, do TSE, argumenta que existem os “interessados em promover uma mudança social e política, por isso devemos buscar conhecer as propostas do candidato e do seu partido, assim como o seu passado”.
Todas as ações de um político não refletem na sociedade apenas durante os quatro anos de seu mandato (ou oito, no caso de senadores), mas têm efeito por décadas nos rumos da cidade, do Estado ou do País. É mais um motivo para garantir, com nosso voto, que esses efeitos sejam benéficos para nós e nossos descendentes.
TEMOS INFORMAÇÃO
Não podemos fingir que não sabemos das coisas. Na internet, o portal do Congresso Nacional, por exemplo, tem um histórico das realizações de seus integrantes (acesse). Como muitos deles procuram se reeleger ou desejam ocupar cargos mais altos, vale fazer a consulta.
“É importante também se informar a respeito das ideias do partido ao qual o seu candidato está filiado, pois a ideologia partidária – ou seja, os propósitos daquela legenda – está ligada ao que o escolhido realizará se for eleito”, aconselha Renata. Ela deixa um recado de suma importância contra maus candidatos: “aqueles que possam tentar comprar votos ou oferecer alguma vantagem em troca de apoio político certamente continuarão a promover a corrupção se forem eleitos”.
É PRECISO FAZER A SUA PARTE
Não é só votar. Depois, é necessário fiscalizar quem está num cargo como nosso representante. E de nada adianta cobrarmos dos políticos e apontar seus erros se nós mesmos não fizermos a nossa parte, não cumprirmos nossas obrigações respeitando as leis e o próximo. A boa política – assim como a corrupção – nasce da própria população, bem antes de eleições ou de cargos ocupados.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: iStock