A Janela de Overton e a arte de transformar o inaceitável em “novo normal”
Vivemos na era da “infoxicação”, a intoxicação de informações. Apesar disso, boa parte das pessoas – talvez a maioria – oscila entre
mal informada e desinformada.
O excesso de informação causa confusão, distração, superficialidade e uma falsa sensação de conhecimento. Tudo isso leva as pessoas a acreditarem que não são influenciáveis, sem perceberem que seus pensamentos e opiniões são conduzidos praticamente o tempo todo.
A Janela de Overton é um processo pelo qual ideias antes totalmente inaceitáveis se tornam não só aceitáveis, mas vistas como normais. A janela se move e faz com que a opinião pública passe por uma mudança gradual em relação a determinado assunto, com “doses de naturalidade” sendo aplicadas de forma diluída ao longo do tempo.
Na prática, isso ocorre quando uma ideia inaceitável começa a despontar com certa frequência. Com o decorrer do tempo, a presença do inaceitável se torna tão habitual que passa a ser vista como discutível, depois plausível, em seguida aceitável e, por fim, defendida como algo necessário, estabelecendo-se como o “novo normal”.
O contrário também pode acontecer: algo que antes era considerado normal passa a ser encarado como inaceitável. A Janela de Overton é uma ferramenta poderosa para moldar a opinião pública e legitimar agendas, mas que, muitas vezes, é usada de forma artificial e antiética, enquanto a sociedade acredita que as mudanças são fruto de uma evolução natural.
Normalização do inaceitável, sociedade em perigo
Como vimos, o deslocamento gradual da Janela de Overton torna ideias absurdas, perigosas ou moralmente inaceitáveis em algo comum e corriqueiro. O maior perigo, porém, surge quando essas ideias passam a ser implementadas como políticas públicas. Isso pode levar sociedades inteiras a aceitarem passivamente legislações prejudiciais que, em outras circunstâncias, seriam totalmente rejeitadas pela maioria da população.
A manipulação artificial da Janela de Overton pode minar fundamentos da democracia, como a liberdade de expressão, os direitos humanos, o devido processo legal e a igualdade de direitos. Censura ou restrições às liberdades individuais podem ser vistas como aceitáveis – e até necessárias – quando apresentadas como medidas de segurança pública ou de ordem social.
Movimentos orquestrados podem intensificar divisões, empurrando narrativas que fomentam o ambiente de “nós contra eles”, dificultando o diálogo, criando mais conflitos e
enfraquecendo a sociedade.
Manter a população dividida é a melhor forma de impedir que se una contra quem verdadeiramente a aflige.
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