Ele escolheu a eutanásia

Há outra saída para um problema aparentemente sem solução?

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Recentemente, um episódio relacionado à eutanásia trouxe novas discussões sobre o tema. Marcel Langedijk, de 44 anos, escreveu um artigo para uma revista holandesa sobre a escolha de seu irmão Mark, de 41 anos, que decidiu pôr fim à própria vida por causa do alcoolismo.

Há 15 anos, uma lei na Holanda autoriza a opção pela eutanásia por pessoas que vivem um sofrimento insuportável e em que não exista nenhuma perspectiva de melhora. Entretanto, a medida extrema costuma ser utilizada especialmente em casos de doenças degenerativas ou por quem esteja em estágio terminal.

É a primeira vez que a lei é usada por alguém que sofre por ser alcoólico. Por isso, a decisão que permitiu a morte de Mark atraiu tanta contestação.

De acordo com Marcel, o irmão já havia tentado de tudo com diferentes profissionais de saúde que poderiam auxiliá-lo a deixar o vício. Marcel afirmou que o irmão lutava contra a doença há oito anos e que tentou frequentar lugares de reabilitação por 21 vezes antes de ver a eutanásia como opção. Mas nada parecia realmente ajudar o irmão a lidar com a depressão e a ansiedade, somente o álcool.

Marcel disse que toda a sua família sempre deu apoio total a Mark em todas as oportunidades nas quais ele foi para a reabilitação. “Nós tentamos entender, tentamos nos colocar no lugar de um viciado para ver o que saía errado. Mas nós também ficávamos com raiva, porque, depois que ele voltava da reabilitação, imediatamente voltava a beber”, contou.

Incurável?

Mark decidiu fazer o pedido da eutanásia. Quando escolheu o seu último dia de vida, Mark tentou aproveitá-lo ao máximo. “Estava muito calor, nós fomos lá para fora e ele disse ‘bom, essa é a minha última manhã’. Nós dissemos que o amávamos muito e que ficaria tudo bem. Quando o médico perguntou se ele tinha certeza de que era isso mesmo que queria fazer, ele confirmou. Então vieram as três injeções. Uma era de uma solução com sal para limpar as veias de Mark. Depois, um anestésico para colocá-lo para dormir. E, por fim, a que faria seu coração parar”, disse.

No artigo, Marcel fez questão de falar sobre o sentimento da família em relação a esse fato. “É muito complicado e é muito difícil. É um passo enorme. Para mim, é muito importante garantir que todos saibam que nós fizemos de tudo. Mas algumas pessoas são incuráveis. Se você não ajuda essas pessoas com isso, elas vão eventualmente fazer o pior, que é cometer suicídio. Não é como se a gente não levasse isso a sério. Não é como se na Holanda nós saíssemos por aí matando alcoólicos.”

A decisão certa?

O que mais abala o irmão de Mark é a opinião das pessoas. “Para os outros, pode parecer que minha família e eu, e até meu irmão, fizemos isso apenas porque era conveniente. Deixa eu dizer algo pra vocês: isso não é conveniente de nenhuma forma.”

Realmente, deixar que alguém escolha deixar de viver não é conveniente. Dramas familiares, doenças, misérias e outros males que não se resolvem facilmente são ocorrências que podem acontecer com qualquer um. Depois de várias tentativas, muitos desistem de tentar. Mas será que desistir é a opção mais acertada? Não se pode julgar a escolha de Mark e de sua família, mas é certo que ainda assim é possível tentar outra saída, quando muitas possibilidades já falharam ou se esgotaram. Como a vida é sagrada, Deus sempre nos dá essa oportunidade. Basta querer e ter fé para tentar.

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Colaborador

Por Eduardo Prestes / Foto: Fotolia