Pai é preso por roubar dinheiro do tratamento do filho

Valor foi arrecadado em “vaquinha virtual” e a luta pela vida da criança se tornou caso de polícia

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O menino João Miguel, de 1 ano e 7 meses, vive em Conselheiro Lafaiete (MG). Ele nasceu com Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença rara que compromete a respiração, a paralisação gradual dos movimentos e podendo levar à morte se não for tratada. O medicamento que reduz os sintomas da doença é de uso contínuo e cada dose custa R$ 365 mil.

Sem condições de arcar com os custos, a família criou na internet uma “vaquinha virtual”. Com boa repercussão e uma grande rede de apoiadores, conseguiu arrecadar pouco mais de R$ 1 milhão, suficiente para parte do tratamento. Paralelo à campanha, em maio deste ano, os pais do bebê conseguiram na Justiça uma liminar que obriga o governo de Minas Gerais a arcar com o medicamento. Caso a liminar fosse revogada, o valor arrecadado seria usado para assegurar a continuidadedo tratamento.

Karine Rodrigues, mãe de João Miguel, era quem administrava as contas da campanha e percebeu que boa parte do dinheiro havia desaparecido. Desconfiada do marido, que tinha acesso às contas, ela procurou ajuda da Polícia Civil.

Pai responsável?
Após 15 dias de investigações, Mateus Henrique Leroy Alves, pai da criança, foi preso em Salvador (BA) e transferido para Minas Gerais.

Ele estava em um hotel de luxo, e nas bagagens carregava roupas de marca. O delegado do caso, Daniel Gomes de Oliveira, disse em coletiva de imprensa que a mãe do menino não está envolvida no desvio do dinheiro e que Mateus disse que gastou boa parte do valor em compras, bebidas e festas. “Ele alega estar arrependido, mas as atitudes e a forma como ele estava vivendo em Salvador, esbanjando o dinheiro que era do próprio filho, demonstram que não havia arrependimento.”

A investigação segue em curso para rastrear onde o valor desaparecido, de R$ 600 mil, foi gasto pelo pai, que está detido sob a acusação de estelionato.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: Reprodução