Você compra por impulso?

Excesso de compras pode ser tentativa de fugir de angústias e dificuldades. Entenda o problema e saiba como superá-lo

Como são seus hábitos de compra? Você compra por necessidade ou por impulso? Pense nas últimas aquisições que fez e responda: você realmente precisava do que comprou? Com que frequência você sai do shopping com sacolas de roupas, calçados e itens para a casa?

Quase 60% dos consumidores brasileiros aproveitaram a oferta de crédito para fazer compras por impulso, segundo dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) no ano passado.

Para muitas pessoas, controlar os gastos é uma tarefa impossível. Elas pensam em comprar o tempo todo. Sonham com novos itens, fazem planos e muitas vezes extrapolam o limite do cartão de crédito. Elas não resistem a uma vitrine ou a uma promoção. Sem pensar muito, elas entram em lojas e levam o que veem pela frente. E o pior: acabam comprando produtos desnecessários e depois se envergonham dos gastos. Se você se enquadra neste perfil, cuidado.

Angústia
A psicóloga Mônica Bayeh alerta que o excesso de compras pode estar relacionado à tentativa de preencher uma sensação de vazio.

“Muitas pessoas compram como forma de aliviar angústias ou esconder questões mal resolvidas. Elas têm dificuldades para lidar com os problemas da vida. Algumas demoram para perceber e ficam em um círculo vicioso, pois compram em excesso, ficam com dívidas, isso gera mais angústia e leva a mais compras”, avalia.

Segundo a especialista, a compulsão por compras é semelhante à dependência de drogas. “As compras trazem alívio momentâneo, como as drogas. Depois, vem o sofrimento e a pessoa acaba se afundando cada vez mais. É como se fosse areia movediça, é difícil sair dela”, diz.

Mônica acrescenta que os compradores compulsivos enfrentam outros problemas além do acúmulo de dívidas. O principal deles é a deterioração dos relacionamentos. “A pessoa que compra demais está fugindo dela mesma, então ela tem dificuldades de estabelecer bons relacionamentos com quem está à sua volta. Ela não consegue falar de seus problemas nem ouvir o outro. Além disso, os outros perdem a confiança nela”, detalha.

Tem solução?
Quem está com dificuldades para superar a compulsão por compras deve buscar ajuda. Segundo a psicóloga, é importante conversar com familiares e tentar entender a origem do problema. “É preciso entender a dinâmica que a leva a comprar. Por que ela está comprando tanto? Quando ela decide comprar? Que sentimentos ela tem?”, esclarece.

Falta de atenção
Claudiana Melo, (foto abaixo) de 32 anos, conta que já teve compulsão por compras em meados de 2005. “Eu fazia compras para tentar preencher o vazio que sentia. Achava que meu marido não me dava atenção, nós não tínhamos diálogo. Eu me sentia bem enquanto estava comprando, mas depois passava. Eu comprava roupas, coisas para a casa, móveis. Olhava um produto e já pensava em comprar, ficava com aquilo na cabeça até ir à loja”, lembra. “Você tem a sensação de que quer algo e quando consegue o desejo vai embora e fica uma interrogação”, esclarece.

Aos poucos, os hábitos de consumo de Claudiana trouxeram outros problemas. “Muitas vezes eu não podia pagar todas as compras. Meu marido e eu já tínhamos dificuldades de relacionamento, mas isso acabou piorando quando vieram as dívidas.”

Saída
Na mesma época, Claudiana começou a participar de reuniões da Universal em Ribeirão Preto, até que foi convidada para uma palestra do Godllywood. “No Godllywood eu percebi que precisava fortalecer minha vida espiritual e buscar o Espírito Santo para preencher aquele vazio que eu sentia.” Ela conta que começou a fazer as tarefas propostas e a buscar o apoio das mulheres do grupo.

“Minha ficha começou a cair. Aos poucos, passei a me questionar sobre o que me levava a fazer tantas compras e a comprar só o que era necessário. O vazio foi embora”, conta. Sua mudança de atitude chamou a atenção do marido, que ficou mais aberto ao diálogo.

“Começamos a conversar e ele entrou na Universal em 2008. Hoje nós temos um casamento baseado no respeito e no diálogo. Se não fosse Deus em nossa vida, não sei se estaríamos juntos hoje”, conclui ela, que tem uma filha de 14 anos e duas gêmeas de 1 ano de idade.

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Colaborador

Rê Campbell / Fotos: Arquivo pessoal e Gettyimages