UNP leva cursos profissionalizantes a quase 12 mil detentos em 2025

Desde 2023, mais de 37 mil pessoas se formaram em 1.450 unidades prisionais de todo o país

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O programa Universal nos Presídios (UNP) segue expandindo seu impacto social no sistema penitenciário brasileiro. Somente entre janeiro e junho de 2025, 11.538 detentos se formaram em cursos profissionalizantes oferecidos pelo programa – um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de 2024. O número de cursos também aumentou: passou de 239 no ano passado para 293 neste ano.

As aulas, ministradas por voluntários capacitados, acontecem dentro das unidades prisionais, com formato seguindo um acordo de cooperação feito em 2023 com o sistema penitenciário. Entre os cursos mais procurados estão: maquiagem, elétrica predial, confeitaria, empreendedorismo, mecânica, construção civil e pintura de alto padrão.

Com a qualificação, mesmo ainda cumprindo pena, os detentos conseguem colocar em prática o que aprenderam, atuando nas diversas frentes de trabalho oferecidas nas unidades prisionais. Josimar Coutinho, condenado por roubo, conseguiu uma oportunidade na área de confecção após se formar em corte e costura com o apoio da UNP. “Hoje eu estou aqui, trabalhando na unidade, e isso me trouxe muito benefício. Eu pretendo, quando sair, voltar a trabalhar e ter uma vida normal de novo”.

Com a abertura de vagas a cada quatro meses, a UNP se consolida como uma alternativa para a ressocialização da população carcerária no Brasil, que hoje ultrapassa 850 mil pessoas. Claudia Melo da Silva, afirma que o curso de confeitaria veio como uma oportunidade de aperfeiçoamento. “É algo que eu já almejava na rua, mas queria me profissionalizar mais. Esse curso me motivou a prosseguir com os meus dotes culinários, a aprender a ser independente, a ter uma vida saudável lá fora”, disse a formanda, que cumpre pena no interior de São Paulo.

Para o responsável pela UNP no Brasil, Clodoaldo Rocha, o conhecimento que os presos adquirem nos cursos é uma ferramenta de transformação. “É gratificante ver que muitos dos egressos que acompanhamos no cárcere têm conseguido se manter longe do crime e construir vidas mais saudáveis e produtivas. Isso não apenas beneficia os indivíduos, mas também contribui para a segurança e o bem-estar da sociedade como um todo “.

Para os adolescentes, oportunidades antes, durante e depois das medidas socioeducativas

Por meio do programa Universal Socioeducativo (USE), 112 adolescentes, em cumprimento de medida socioeducativa em unidades para menores, também se formaram, no primeiro semestre de 2025, em cursos profissionalizantes, entre eles: automaquiagem, cabeleireiro, culinária, designer de sobrancelha, limpeza de pele e pizzaiolo. Em todo o ano de 2024, foram 306 formandos. Júlio Gonçalves, de 19 anos, fez o curso de produção de salgados na Fundação Casa de Lins, no interior de São Paulo. “Foi uma experiência muito boa, quero agradecer por abrirem essa porta a todos os jovens naquele lugar e por eu ter desenvolvido essa área de alimentação”, comentou o jovem, que ficou quase sessenta dias na unidade.

O filho da Dona Lenir, detido por envolvimento com o tráfico de drogas, também foi alcançado nas ações dentro de uma unidade para menores. Ao sair, o adolescente decidiu fazer parte dos voluntários do programa social que o acolheu, e hoje, aos 22 anos, reescreve uma nova história de vida. “Sou uma mãe muito grata a esse trabalho. Me emociono, me dá vontade de chorar, porque meu filho estava perdido nas drogas, no álcool, na criminalidade. Estava vendendo droga nas biqueiras, e o trabalho do Socioeducativo alcançou o meu filho antes de o pior acontecer”, relata a dona de casa, com voz embargada.

Mas além de atuar nas unidades de internação, a USE trabalha de forma preventiva, alcançando crianças e adolescentes em situação de risco antes que haja a perda da liberdade. Segundo Ulisses Gomes Teixeira, responsável nacional pelo programa, o objetivo das ações é oferecer alternativas reais para afastar a juventude vulnerável da criminalidade. “Muitos jovens têm mudado de vida assim, quando começam a receber esse cuidado ainda na infância – seja em orfanatos, abrigos de família ou ocupações. Isso acontece por meio de cursos, palestras e, principalmente, com acesso ao esporte, ao lazer e às brincadeiras saudáveis. A gente mostra que existe um mundo que eles não conheciam”, explica Teixeira.

Com resultados crescentes e histórias de vida transformadas, os programas UNP e USE mostram como a educação e o cuidado social podem ser poderosas ferramentas de recomeço para quem mais precisa.

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