A tragédia do “desafio do desodorante” e o alerta urgente para pais e educadores
Sarah Raissa chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu
A morte da pequena Sarah Raissa, de apenas 8 anos, no Distrito Federal, é um daqueles episódios que entristecem demais. O caso é doloroso, revoltante e, sobretudo, um sinal de alerta para todos nós. Sarah perdeu a vida após participar do chamado “desafio do desodorante”, uma “trend” que viralizou nas redes sociais e estimula crianças e adolescentes a inalar o gás de sprays aerossóis até ficarem inconscientes. A “brincadeira”, como já se sabe agora, pode ser fatal.
O mais trágico é que não estamos diante de um acidente doméstico isolado ou uma condição médica preexistente. Sarah não tinha comorbidades. Era uma criança saudável. O que a matou foi a influência de um ambiente onde milhões de outras crianças passam tempo diariamente: a internet.
O pediatra Alexandre Nikolay, que atendeu a menina, explicou o que acontece com o corpo diante da inalação dessas substâncias químicas. O pulmão entra em colapso. O gás impede a troca de oxigênio, a criança sufoca, e em minutos o quadro pode ser irreversível.
Por trás dessa tragédia
Vivemos tempos em que o algoritmo dita modas, padrões e até perigos. Desafios como esse banalizam o risco e atraem crianças que são naturalmente curiosas.
Esse episódio também nos obriga a fazer um exame de consciência. Estamos realmente presentes na vida digital dos nossos filhos? Sabemos o que eles veem, com quem interagem, bem como que tipo de conteúdo consomem?
A geração atual cresce com o mundo ao alcance de um clique, mas ainda não tem maturidade para distinguir o que é inofensivo do que é nocivo. Por isso, os pais e responsáveis não podem dormir no ponto.
Ferramentas de controle parental são bem-vindas, mas nada substitui o diálogo, o vínculo, a escuta verdadeira. Falar com os filhos sobre o perigo desses desafios pode ser desconfortável. Mas é justamente o desconforto que protege e até salva.
Porém, devemos escolher o nosso difícil. Enfrentar e educar nossos filhos ou correr o risco de perdê-los? Explicar, mostrar reportagens como essa, trazer a realidade para dentro de casa, tudo isso pode parecer duro, mas é infinitamente melhor do que correr o risco de enterrar uma criança.
A tragédia de Sarah não pode ser apenas mais um número, uma notícia que viraliza por um ou dois dias. Que a dor dessa família sirva como conscientização para todos nós.
E que não nos esqueçamos: o cuidado com a vida começa com uma conversa. Às vezes, pode ser o suficiente para impedir que uma brincadeira se torne uma despedida.
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