“Por fora eu sorria, mas, pode dentro, era só tristeza”

Com um passado marcado por abusos, complexos e violência, Ana Carla Santos Marques conta como a Fé mostrou um novo rumo para a sua vida

Imagem de capa - “Por fora eu sorria, mas, pode dentro, era só tristeza”

A infância de Ana Carla Santos Marques, de 26 anos, foi marcada por abusos cometidos por uma pessoa do seu convívio familiar. “Além de me agredir, essa pessoa também me violentou. Me tornei sentimental e tudo me fazia chorar. Por fora eu sorria, mas, por dentro, era só tristeza.”

Ana Carla só tinha 9 anos e pouco – ou nenhum – entendimento do que aquela situação significava. “Mas, conforme fui crescendo, fui percebendo a gravidade do que tinha acontecido. Passei a me sentir suja, que era culpa minha e que, talvez, tinha provocado aquilo”, diz.

Dor Profunda
A adolescência de Ana Carla também foi repleta de dor. “Pensava em um dia encontrar o abusador, pois queria me vingar, queria que ele sofresse como me fez sofrer e pensava todos os dias como o mataria, como iria torturá-lo, no que falaria”, conta.

Além desse ressentimento, Ana Carla carregava outros: “tive também ódio da minha mãe, pois achava que ela deveria ter notado aquela situação. Por conta da mágoa, sempre estava chorando e arrumava brigas na escola. Cheguei a fugir de casa quando minha mãe se casou novamente, pois tinha certeza de que a pessoa que ela tinha se casado faria a mesma coisa comigo ou com minhas irmãs. Planejei matar o atual marido dela com veneno, pois pensava que ele me maltrataria em algum momento. Tinha medo de passar por tudo aquilo de novo”, relata.

COMPLEXOS
Ana Carla também nutria muitos complexos: “me achava feia. Eu era magra, mas não comia porque me achava gorda. Sentia fome, mas não comia e, muitas vezes, quando me alimentava, induzia o vômito”, revela.

TENTATIVAS
O desespero fez com que Ana Carla passasse a consumir bebidas alcoólicas e cigarros, mesmo tendo asma. Ela começou a namorar cedo na tentativa de que alguém lhe mostrasse o seu valor. “Mas os pensamentos que vinham à minha cabeça eram de que não valia a pena viver, que ninguém gostava de mim e que se eu morresse faria minha mãe parar de sofrer. Aos 15 anos, fui morar com meu atual marido.

Ainda assim, chegou um momento que me sentia sozinha, que nada me confortava e que precisava de algo”, revela.

Quando era criança, Ana Carla participava das reuniões da Universal com sua mãe, mas na adolescência ficou afastada da presença de Deus. Em meados de 2018, no entanto, ela se lembrou de que havia uma saída. “Decidi voltar para Deus. Lembro de uma oração em que o Pastor clamou por aquelas pessoas que sorriam, mas que tinham dentro de si uma angústia. Decidi que era hora de parar de sofrer. Me batizei nas águas, orava, fazia propósitos e buscava o Espírito Santo. Sabia que, para isso, teria que perdoar verdadeiramente e pedi perdão ao marido da minha mãe e a ela”, relata.

Desde então, a vida de Ana Carla mudou: “sou feliz em meu casamento, fui curada da asma e dos complexos. Não me falta nada. O Espírito Santo é a minha base, o meu tudo”, finaliza.

imagem do author
Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Cedida e Demetrio Koch