Situação contra a Universal em Angola chama atenção de autoridades brasileiras

Elas repudiam os ataques aos brasileiros no país e dizem que estão acompanhando o desdobramento de perto. Saiba mais

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Há algumas semanas, a Universal tem sofrido constantes ataques em Angola. Ex-pastores, que foram expulsos por má conduta e até crimes, têm invadido os templos, agredido missionários, expulsando-os de suas próprias casas, além de estarem sendo vítimas de xenofobia.

“Tivemos pastores violentamente agredidos, expulsos das suas residências, ameaçados. Tivemos casos em que esses pastores tentaram voltar para suas residências e – em lugares onde antes a polícia dizia não ter efetivo para impedir a invasão, a ilegalidade – chegaram 40 policiais e os humilharam, levando [todos os pastores e as esposas] em carro aberto para a esquadra, que é a delegacia de lá, como se fosse um desfile”, contou o Bispo Honorilton Gonçalves, responsável pelo trabalho evangelístico da Universal em Angola, em entrevista à CNN Brasil, na tarde deste sábado (11).

O Bispo ainda reiterou que as autoridades no local nada têm feito para inibir os ataques violentos.

“Houve uma invasão, há um crime em curso, e nós estamos nos sentindo como se fôssemos os criminosos, e os criminosos como se fossem vítimas. Nós não sabemos o que está acontecendo, mas providências legais já deveriam ter sido tomadas. Acionamos todas as instâncias legais possíveis de Angola e tivemos várias ameaças de invasão em nossa sede”, destacou.

Repercussão

O caso tem repercutido em todo o Brasil. Autoridades brasileiras têm se manifestado e repudiado a omissão das autoridades angolanas com respeito às agressões contra pastores brasileiros.

Neste sábado, 11 de julho, o ministro do STF Marco Aurélio Mello se manifestou a respeito. Em sua fala, ele defendeu a liberdade.

“Preocupante é o nacionalismo exacerbado. Hoje, vive-se em um mundo globalizado, a pressupor compreensão, temperança e tolerância. Paixões devem ser afastadas. Há de prevalecer a liberdade em sentido maior”, disse o magistrado.

O vice-presidente da câmara dos deputados, Marcos Pereira, também manifestou repúdio aos ataques violentos no país e disse que tem acompanhado a situação de perto.

“Tenho acompanhado de perto essa gravíssima situação que está acontecendo com a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola e verificamos até, em algumas ações da polícia e do próprio Ministério Público angolano, uma certa conivência com os vândalos e com aqueles que estão fazendo barbáries, inclusive, levando à violência física e agressão de pastores. É necessário que o governo de Angola e as autoridades angolanas façam justiça, e não proteger aqueles que estão agindo de forma criminosa”, disse Marcos Pereira.

O ministro da justiça, André Mendonça, por sua vez, pontuou que é fundamental que as autoridades angolanas garantam a integridade dos brasileiros em Angola.

“Lamentamos o que tem ocorrido nestes atos de violência contra brasileiros em Angola. O governo brasileiro tem atuado e é imprescindível que as autoridades angolanas garantam a integridade física, a vida e o patrimônio dos brasileiros e da própria Igreja Universal”, ponderou ele, que ainda destacou a atitude do presidente do Brasil.

“O próprio presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta ao presidente angolano, para que os direitos dos brasileiros sejam garantidos dentro do país. Assim, nós esperamos que essa garantia ocorra na sua integralidade”, afirmou.

Em entrevista ao portal R7, o senador Major Olimpio destacou que a situação com a Universal não pode ser aceita e que senadores já estão se mobilizando para um possível ida ao país, para encerrar a perseguição.

“Já são três semanas desse conflito. Isso é descabido. Qualquer perseguição de ordem religiosa não pode ser aceita. E no caso, são brasileiros. O que estou pedindo ao Itamaraty, por meio da Comissão Relação Exteriores do Senado, falei agora de manhã com o presidente [da Comissão de Relações Exteriores do Senado] Nelsinho Trad, é verificar a possibilidade de uma comissão de senadores acompanhar, in loco, esse processo de pacificação para exigir do governo angolano a reciprocidade do povo angolano”, disse o senador.

O senador Antonio Anastasia, também se manifestou e disse ser favorável apuração dos fatos ocorridos em Angola nas últimas semanas.

“Foi com grande apreensão que recebi a notícia da perseguição aos religiosos brasileiros em Angola, da Igreja Universal. Estou solidário ao senador Major Olímpio, dentro das Comissões de Relações Exteriores do Senado, para de fato apuramos essa situação. Não é possível que haja perseguição a brasileiros em países estrangeiros, ainda mais, em razão da liberdade religiosa, que deve imperar em todos os países”, disse Anastasia.

Na mídia

Nesta sexta-feira (10), o Jornal da Record exibiu uma reportagem sobre o que tem acontecido com os missionários brasileiros em Angola.

Nela, a equipe de reportagem da Record TV exibiu imagens da perseguição sofrida pela Universal no País. Nos últimos dias, a sede da Igreja foi invadida pela polícia. Bens e documentos foram apreendidos.

Em entrevista ao jornal, o presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado disse que deve acionar a Embaixada brasileira no local.

“Vamos, de uma forma bastante intensa, repudiar essa ação promovida contra esses brasileiros. Vamos acionar o Itamaraty, a nossa embaixada em Angola, para que situações como essa não venham mais acontecer”, comentou.

Assista à reportagem completa no vídeo abaixo:

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Colaborador

Rafaela Dias / Fotos: Reprodução e Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados - 25.06.2020