Quando o impossível é vencido pela fé

Conheça a história de Victor Távora, que viveu no mundo do crime e, contrariando todas as expectativas, encontrou o caminho para o recomeço

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Muitas pessoas fazem das dores e dificuldades enfrentadas no passado um estímulo para lutar por um futuro feliz. Outras, porém, não têm essa determinação e usam as adversidades como justificativas para suas atitudes erradas. Com esse pensamento cometem um erro atrás do outro e geram ainda mais sofrimento para si mesmas e os demais.

Foi com esse jeito de pensar que o microempresário no segmento de eletrônicos e importados Victor Távora Cavalcante, de 26 anos, quase provocou o fim de sua vida. Ele conta que teve uma infância sofrida. Nascido em Fortaleza (CE), foi criado pela avó materna depois de ser abandonado pelos pais.

Quando o impossível é vencido pela fé

“Nasci em uma família cheia de conflitos entre meus pais e que resultou no meu abandono. Eles chegaram à conclusão de que não iriam assumir a responsabilidade de me criar. Minha mãe me entregou para minha avó e lhe disse que, caso ela não quisesse me criar, poderia me colocar nos trilhos que o trem se encarregaria do resto”, afirmou.

Mesmo com o apoio da avó, o jovem relata que cresceu se sentindo rejeitado e muito rebelde. Aos 12 anos teve seu primeiro contato com as drogas e não demorou para que começasse a praticar pequenos delitos.

Motivação para fazer o mal
“Eu cresci sem carinho, sem proteção e com um sentimento devastador de desprezo. Me tornei rebelde, frustrado e cheio de faltas. Tinha necessidade de descontar aquele rancor que havia dentro de mim. E foi aí que busquei auxílio nas drogas e no crime. Eu deixei a maldade me dominar”, disse.

Victor acrescenta que se sentia feliz ao praticar o mal, como quando roubava ou feria alguém. Ele se envolveu com a alta cupula do tráfico de drogas e tinha muitos desafetos no mundo do crime. “Eu até tinha consciência dos meus atos, mas era tanta tristeza dentro de mim que para ter alívio eu precisava praticar o mal, derramar o sangue de alguém. Perdi toda a minha juventude cumprindo medidas socioeducativas, pois fui detido mais de dez vezes. As apreensões foram por assalto à mão armada, porte ilegal de armas e homicídio”, detalha.

Em novembro de 2011, depois de praticar um assalto, Victor foi atingido por um tiro à queima-roupa disparado por um policial. O projétil acertou sua coluna cervical, entre o pescoço e o crânio, e o tornou tetraplégico (paralisia ou perda total dos movimentos).

Foi nesse período que ele se surpreendeu ao receber visitas de membros da Universal, que lhe falaram do amor de Deus e da proposta de uma nova vida. “O amor daquelas pessoas para com a minha alma me causava até espanto. Eu não tinha o amor de ninguém e, de repente, passei a ser bem tratado. Minha mãe falava para pararem de ir atrás de mim, porque eu não tinha mais jeito. Mas o próprio Deus as usava para me convencer do seu infinito amor. Contudo o que custeava minha fisioterapia, a alimentação e os remédios ainda era o tráfico de drogas e eu não entendia como Deus poderia me suprir”, afirmou.

Apesar de estar em uma cadeira de rodas, Victor revela que prosseguiu no tráfico de drogas, vendendo armas e dando ordens para crimes de morte aos que devessem ao tráfico. Mesmo assim, mais uma vez recebeu um livramento: “eu ainda estava de cadeira de rodas, mas conseguia ficar por pouco tempo em pé com o auxílio de um andador. Após me envolver em uma morte, sofri uma represália. Deram mais de 40 tiros em nossa direção, foi muito próximo. Mais uma vez eu não conseguia compreender por que Deus me amava tanto. Resolvi tomar uma atitude, buscar ajuda, abandonar tudo e me entregar para Aquele que nunca me abandonou”, disse.

Deixando o passado para trás
Disposto a mudar de vida, ele passou a frequentar a Universal em 2018. Ele recorda que não foi fácil, mas, com a ajuda de Deus e de pessoas que o acompanharam na caminhada da fé, ele conseguiu vencer. “Deus usou pessoas para cuidar de mim, elas iam me buscar na boca de fumo e se arriscavam me evangelizando no meio de muitas pessoas armadas. O amor e dedicação que elas tinham para me tirar daquele lugar me marcaram muito”, recordou.

Ele contou que, ao ouvir a Palavra de Deus, se arrependeu de seus crimes e da vida que levava, se batizou nas águas, abandonou os vícios, a criminalidade, as amizades erradas e assumiu um compromisso com Deus.

Victor garante que a primeira mudança foi a paz que invadiu seu interior. Ele se libertou de complexos e tristezas do passado e afirma que encontrou em Deus a oportunidade de uma nova vida e a Ele se apegou. Perdoou os pais, ficou livre de todo o ódio que carregava e tem um relacionamento saudável com toda a família.

“Hoje sou feliz e cheio de sonhos. Ao conhecer a fé, me tornei um homem intrépido para o bem e uso minha vida como exemplo para os que estão perdidos. Tenho amor pelo meu semelhante e acredito na recuperação do ser humano através da restauração da alma, com a transformação da velha criatura e a busca pela natureza Divina através do Espírito Santo”, concluiu.

Hoje ele se dedica no trabalho voluntário do grupo Universal Socioeducativo, que tem o objetivo de levar a fé transformadora e resgatar jovens que cumprem medidas socioeducativas.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: getty images e cedida