Mirela ficou cega e com parte do corpo paralisado

Um diagnóstico errado e um tumor no cérebro levaram a família da jovem a desenvolver a fé que aprenderam na sua jornada de vida

A jovem Mirela Gonçalves, de 13 anos, tinha sido sempre saudável até o dia em que estranhamente passou a sentir dores no peito e nas costas e seu rosto começou a inchar. Sua mãe a levou ao hospital e, depois de alguns exames, a médica a diagnosticou com dengue e chikungunya. Ela foi medicada e logo teve alta.

Após dois dias, a garota continuava inchada e suas queixas aumentaram. Sua mãe a levou novamente ao hospital, mas decidiu buscar uma segunda opinião médica. Ao checar os exames, a profissional percebeu que Mirela tinha outro problema de saúde e solicitou novos exames.

Aparentemente, ela estava bem, mas, enquanto a mãe fazia a ficha para os exames, a jovem começou a pedir socorro, pois estava com falta de ar e não se sentia bem. Em seguida, ela desmaiou.

Em meio ao desespero, sua mãe, Angelita Gonçalves, pediu ajuda para colocar a filha em uma maca para que fosse socorrida. Ela só recuperou a consciência cerca de 30 minutos depois, mas se queixou que não enxergava e estava com uma parte do corpo paralisada.

Os exames revelaram um edema pulmonar (acúmulo de líquido no interior dos pulmões). Quando saiu o resultado da tomografia, o especialista conversou reservadamente com o pai de Mirela, Luiz Claudio, e contou que a menina estava com um tumor e um sangramento no cérebro. “A Mirela estava piorando a cada instante. Ela voltou a ficar desacordada, sem falar nem se mexer”, conta Luiz.

O problema era grave e unidade de saúde a transferiu para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de outro hospital.

Despertando a fé
“Na ambulância, eu estava em desespero sem saber o que fazer. Foi quando comecei a usar a minha fé”, lembra Angelita. Ao chegar ao hospital ela foi recepcionada por uma equipe de neurologistas.

A família de Mirela frequenta a Universal há 15 anos. Ao ver a saúde da filha debilitada, todos apelaram para a fé que conheceram por meio das reuniões. No dia seguinte à internação, o pai de Mirela e sua irmã foram à reunião na Universal e pegaram a água do milagre para que fosse usada na jovem.

Durante a visita, Luiz entrou no CTI e ungiu os olhos da menina com a água e fez uma oração determinando sua cura. Mais tarde ele ligou para Angelita e cobrou que ela desse a água para a jovem beber, mesmo sabendo que ela não podia ingerir nada. Ela usou a fé e colocou um pouco da água na boca da filha.

Manter a confiança
No dia seguinte, Mirela começou a despertar. Ela ainda não enxergava, mas já realizava alguns movimentos. “A todo instante eu usava a água do milagre: no banho, na comida, etc. Passei a usar a minha fé com mais intensidade e a confiar que minha filha sairia daquela situação”, diz Angelita.

A equipe médica realizou um cateterismo para cessar o sangramento e descobrir se o tumor era maligno ou não. Esse não era um procedimento simples e a família vivia momentos de angústia, mas confiava que Deus se manifestaria na vida dela. “O médico veio nos dizer que correu tudo bem e que minha filha estava me chamando”, conta Angelita.

O especialista relatou que estava confuso, pois não sabia o que tinha ocorrido: o que ele viu era diferente do que mostravam os exames.

Com isso, eles submeteram Mirela a outras avaliações para saber o que havia acontecido com o tumor, que tinha desaparecido. Sem explicação para o sumiço do tumor, tudo o que os médicos disseram aos pais foi que a jovem teve um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, mas o próprio organismo estava absorvendo o sangramento.

Ela voltou a enxergar bem, a se movimentar e estava curada e sem sequelas. Diante de tudo não havia mais o que fazer. “Todos no hospital ficaram surpresos e queriam conhecer minha filha. Eles diziam que ela era o próprio milagre”, diz Angelita.

Depois de 15 dias de hospitalização, Mirela teve alta e voltou às suas atividades normais, com saúde e disposição.

Por que é importante buscar uma segunda opinião médica?

Segundo o pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Clóvis Constantino, a segunda opinião médica é um direito do paciente ou dos responsáveis legais, especialmente em situações mais delicadas. Para que exista um vínculo de confiança entre médico e paciente é necessário que haja franqueza das duas partes: o médico tem de mostrar seus limites e a pessoa revelar suas angústias. “Esse diálogo franco e aberto favorece um resultado melhor e ajuda na busca de soluções em situações mais críticas”, diz. O pediatra reitera que essa relação sempre pressupõe uma conduta compartilhada entre o médico e o paciente e não uma imposição.

Por outro lado, as pessoas devem ficar alertas quando a segunda opinião médica lhes é imposta. Constantino diz que essa atitude não é ética e que é importante ficar alerta quando essa situação ocorre, já que, quando os planos de saúde impõem essa busca, provavelmente é para não arcar com os custos de algum tipo de tratamento prescrito inicialmente. Além deixar o paciente inseguro, a prática induz a pessoa a desacreditar em seu médico.

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Colaborador

Michele Francisco / Fotos: Cedidas