Dona de si mesma?

Não são poucas as mulheres que querem constar do rol das independentes e bem-sucedidas

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Imagine que um homem terá um encontro com uma mulher e que tudo o que sabe a respeito dela é a descrição feita por um amigo, que fez questão de ressaltar o quanto ela é “divertida e atlética” – alguém que poderia inspirá-lo a praticar exercícios regularmente. O encontro acontece e eles seguem para o complexo esportivo, mais especificamente para uma miniquadra de golfe. Ele até se esforça e ela faz jogadas fantásticas. Ele não espera encontrá-la novamente.

A narrativa faz parte de um texto publicado na revista de psicologia Personality and Social Psychology Bulletin e pode render pauta para muitos diálogos sobre relacionamentos. Na verdade sobre mulheres que encaram o pretendente, namorado ou marido como concorrente.

O outro lado da moeda

Tatiane Santos da Rocha, de 38 anos, é de São Paulo e já fez parte desse rol de mulheres: as independentes e vitoriosas. Ela sentia o gostinho de não “ser bancada” por nenhum homem nem por ninguém. “Cresci ouvindo do meu pai que tinha de estudar, de ser alguém na vida e que não tinha de depender de marido. Aliás, ele não me incentivava a casar”, descreve.

A dedicação de Tatiane era ao trabalho e aos estudos. “Fiz graduação em Rádio e TV e depois fui para a área de Estética. Foi quando abri meu próprio negócio, uma microempresa com cinco funcionários. Me dedicava ao que era o meu foco na época”, revela.

O problema financeiro não exisia, mas, apesar disso, algo não ia bem. A mulher independente e vitoriosa parecia não ser real. “Minha postura era de uma pessoa forte, mas, por dentro, não era assim. Tinha medo de tomar decisões e, às vezes, era estúpida com as pessoas que colaboravam comigo, tudo por pura insegurança. Se fosse comprar algo, não tinha certeza se era aquilo que queria, sempre tinha que consultar alguém e a aceitação das pessoas era muito importante para mim”, relata.

A jovem percebeu que os impactos de sua escolha, ao querer mostrar que era segura e independente, estavam sendo negativos para sua própria vida. “Não me sentia realizada, tampouco feliz. Profissionalmente estava bem, mas faltava algo. Deixei de me cuidar, de dar atenção à minha saúde, de valorizar a mim mesma como pessoa, deixei de me entender, de saber como eu era, de ser alguém e de construir uma família. Até admirava minhas amigas e clientes que investiam na vida sentimental, mas me mantinha numa postura muito firme e forte. Não queria me submeter a um homem, a não ser que ele fosse muito superior, que ganhasse mais do que eu financeiramente.”

Quando a ficha cai

Tatiane (foto abaixo) passou anos na faculdade, frequentou cursos e dezenas de palestras. Mas uma, no entanto, mudou sua visão – e não ocorreu no meio universitário. “As palestras da Terapia do Amor, realizadas às quintas-feiras na Universal, me ajudaram a entender que uma mulher forte não é aquela que vai pelo caminho em que eu estava. A mulher forte é a que domina as próprias emoções e tem suas prioridades. Eu queria mostrar para a minha família que era uma mulher que todos podiam se orgulhar, mas tudo isso era uma mentira que caiu por terra”, avalia.

Há muitos manuais e conselhos para que a mulher seja independente e bem-sucedida. Porém o verdadeiro sucesso não é aquele que está estampado na capa da revista Forbes (especializada em economia e negócios). “Hoje estou mais tranquila, mais leve, procuro viver bem e cada dia melhor. Optei por desacelerar em relação à vida profissional e até mudei de profissão. Busco a realização amorosa. Hoje sou segura, determinada e mais forte, independentemente da opinião dos outros”, finaliza.

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Colaborador

Por Flavia Francellino/ Fotos: Fotolia e Demetrio Koch