Como lidar com os transtornos mentais durante uma pandemia?

Em meio a medidas de distanciamento social e às notícias sobre a Covid-19 no Brasil, saiba o que fazer para manter sua saúde física e mental

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Desde o início do ano, o mundo tem vivido situações inéditas por causa do avanço do novo coronavírus. Em várias cidades e países, a recomendação é ficar em casa, reforçar a higiene e evitar o contato com outras pessoas para ajudar a conter o número de novas contaminações pelo vírus. Diante da pandemia, como ficam as pessoas que enfrentam transtornos de ansiedade e fobias? Como pacientes diagnosticados com obsessões relacionadas à limpeza e à organização podem lidar com este novo cenário que exige tantos cuidados com um inimigo invisível? É possível evitar o agravamento de transtornos preexistentes?

As notícias negativas que chegam sobre a doença podem despertar o medo e o sofrimento até em pessoas consideradas saudáveis. Por isso, o cenário atual exige a atenção de todos. “Este momento vai ser como uma prova de fogo para a sanidade de muitas pessoas. Aquelas que tiverem uma resiliência maior, uma inteligência emocional e a capacidade de se adaptar vão conseguir lidar bem com a situação sem desenvolver nenhum quadro psiquiátrico”, diz a psiquiatra Denise Gobo.

Transtornos
O que diferencia a ansiedade normal de um transtorno? A especialista explica que os transtornos envolvem prejuízos na vida pessoal e profissional. “Um transtorno é quando a pessoa desenvolve uma disfuncionalidade que leva a prejuízos sociais, na convivência com a família, no trabalho e no autocuidado. Entre os transtornos, há o de ansiedade generalizada e as fobias, como o medo de ficar doente.

Alguns transtornos podem se acentuar nesta época, como aqueles relacionados à limpeza”, avalia.

O transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC, por exemplo, é um distúrbio de ansiedade em que há a presença de crises de obsessões e compulsões, com pensamentos repetitivos que levam a rituais relacionados à limpeza, à organização, à contagem e a outras atividades. Quanto mais a pessoa repete esses rituais, mais a obsessão pode se agravar e comprometer seu cotidiano.

Alerta
Denise Gobo sugere que as pessoas fiquem atentas ao modo como estão consumindo informações sobre o novo coronavírus. Se houver excesso, é hora de repensar hábitos e fugir das armadilhas da ansiedade. “Se a pessoa fica consumindo apenas conteúdos sobre a pandemia, se ela sente ansiedade, um sofrimento muito grande, angústia, pavor ou irritação, é importante buscar o apoio de amigos e também de familiares. Se não consegue dormir, perde o apetite ou fica muito explosiva, convém buscar ajuda”, sugere.

O que fazer?
Durante a crise do coronavírus, a psiquiatra Denise Gobo destaca que pacientes psiquiátricos e pessoas que fazem acompanhamento médico devem continuar seus tratamentos, de acordo com as orientações do especialista responsável. “O Conselho Federal de Medicina autorizou o uso de telemedicina para todas as especialidades médicas durante este período e fica a critério de cada profissional definir como fará. Quanto aos pacientes, é importante que continuem tomando os remédios indicados e fazendo o acompanhamento médico.”

A recomendação para todas as pessoas, até mesmo para quem não está passando por nenhum tratamento médico, é cuidar da saúde física e emocional. Para isso, Denise sugere manter uma rotina de atividades que inclua trabalho, lazer e descanso. “Crie uma rotina, com horários para tomar café, tomar banho e trabalhar. Defina os períodos de refeições e descanso. Casais que estão trabalhando em casa e têm filhos podem conversar e definir uma logística. Também é importante fortalecer o vínculo social com outras pessoas por meio de ligações e chamadas de vídeo. Outra sugestão é fazer exercícios físicos. Muitos profissionais e academias estão oferecendo treinos pela internet para que as pessoas não precisem sair de casa”, completa.

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Colaborador

Rê Campbell / Getty Images