Mais de 3 décadas de história expostas no Museu Penitenciário Paulista

O espaço da Universal no museu é fixo e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h

Imagem de capa - Mais de 3 décadas de história expostas no Museu Penitenciário Paulista

No dia 19 de setembro último, a Universal ganhou um espaço no Museu Penitenciário Paulista, em São Paulo, em memória aos mais de 30 anos em que a instituição se dedica no resgate de vidas que sofrem dentro do sistema prisional brasileiro.

A cerimônia de inauguração do espaço na exposição foi conduzida pelo sociólogo e diretor do museu, Sidney Soares de Oliveira, que aparece no vídeo abaixo ao lado do bispo Eduardo Guilherme, responsável pelo trabalho do grupo Universal nos Presídios (UNP). Confira:


Uma segunda chance

Logo após a inauguração do espaço, todos os cerca de cem voluntários presentes foram conduzidos ao auditório do museu, onde três pessoas que tiveram passagem pelo sistema prisional contaram suas experiências como reclusos. O objetivo dessa conversa foi gerar uma reflexão sobre a importância de se repensar a penitência como um processo de ressocialização, para que o ciclo vicioso da violência dentro e fora dos presídios não seja alimentado.

 

“Hoje a ressocialização é quase um mito. Temos histórias de ressocialização que vamos mostrar aqui, porque quando as pessoas falam que foram presas, que cumpriram uma pena, elas são bem recebidas? Existe preconceito? Alguém já teve que tirar antecedentes criminais? Você consegue emprego? A nossa sociedade não respeita quem já cumpriu a sua pena”, pontuou o diretor do museu.

Histórias de quem viveu o Carandiru

A Casa de Detenção de São Paulo (popularmente chamada de Carandiru) ficou conhecida após o massacre ocorrido em 2 de outubro de 1992, quando foi necessária uma intervenção da Polícia Militar do Estado de São Paulo no local para conter uma rebelião.

E, em memória a esse fato, três pessoas relataram suas experiências no sistema prisional brasileiro. A conversa foi iniciada por Maurício Monteiro (foto abaixo, ao centro, de camisa vermelha), de 48 anos, que atualmente utiliza o esporte para promover inclusão social, mas que no passado viveu a dura realidade de ser um recluso.

“O egresso precisa de ajuda. Muitas pessoas pensam: ‘se ele está dentro da cadeia, o problema é dele’. Mas quando ele roubar a minha casa, o problema é meu também. Então, por que não intervir antes? Na base, que são as crianças, os projetos sociais não podem acabar. Mas nós temos que pensar também em quem está saindo. Claro que não são todos que querem se socializar, mas e os que querem?”, indagou Maurício.

Em seguida, Vander Máximo (foto acima, o segundo da esquerda para a direita, de camisa branca), de 42 anos, relembrou como foi a sua trajetória na criminalidade. “Eu vim de uma família perturbada. Meu pai era bandido. Eu vi a Polícia assassinando ele. Minha mãe era alcóolatra, sumia de casa. Eu era filho único. Quando eu tinha 6 meses de idade, ela me deixou com as minhas tias. Eu via a violência de um tio com as minhas tias. Aquilo tudo foi me revoltando. Eu comecei a fumar cigarro no banheiro da escola. Me viciei em crack. E com 16 para 17 anos, eu fui morar na rua e me aprofundei no crime, praticando alguns assaltos, e, por causa disso, eu fui preso. E ali, eu tive uma agonia tão grande de voltar para casa. Eu recebi um bilhete, falando que eu ia morrer”, lamentou.

Felizmente, a ameaça do bilhete não foi cumprida e Vander sobreviveu até terminar a sua pena. Em liberdade, Vander auxiliava a namorada a entregar álbuns de fotografias, e, foi assim que ele teve a ideia de trabalhar como fotógrafo profissional. Hoje, ele tem um estúdio próprio.

Ao final, o pastor Marcos César Datri (foto acima, o primeiro da esquerda para a direita), responsável pelo trabalho do grupo UNP na região do Brás (zona leste da capital paulista), de 44 anos, também contou a sua experiência no sistema prisional. “Eu nasci em um lar completamente destruído. Meu pai tinha muitas amantes e ele assassinou uma delas. Por causa disso, ele fugiu do País, quando eu tinha um ano de idade. Nós nos mudamos para a periferia e a minha mãe optou por trabalhar, tentando cuidar da gente da melhor forma possível. E aos 6 anos de idade, eu comecei a cometer pequenos furtos em mercados e padarias”, relembrou.

O pastor Marcos ainda contou que enquanto a sua mãe trabalhava, ele ficava o dia inteiro nas ruas. Ele se desenvolveu no crime e aos 15 anos assumiu a gerência da comunidade onde morava. Depois, ele ingressou em uma quadrilha de roubo de carga, até que ele passou a realizar assaltos em bancos. Essa vida de criminalidade, levou-o a cumprir penas. Certo dia, em um presídio, o pastor conta que ao ouvir uma pregação sobre o rei Manassés (2 Crônicas 33) – que teve uma segunda chance dada por Deus – decidiu abandonar aquela vida errada.

 

O espaço da Universal no museu é fixo e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, e está localizado na Av. Zaki Narchi, 1207, Santana, São Paulo. Para mais informações, clique aqui.

Para conhecer mais sobre o UNP

Para mais informações sobre o grupo Universal nos Presídios acesse o perfil oficial do coordenador geral em todo o País, bispo Eduardo Guilherme, clicando aqui.

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Colaborador

Da Redação / Foto: Demetrio Koch