Epidemia silenciosa

Uma em cada quatro mulheres sofre de depressão pós-parto no Brasil. O apoio de pessoas próximas é importante para ajudá-las a superar essa fase

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O nascimento de um bebê é motivo de alegria para os pais e para toda a família. Mas muitas mães, até mesmo aquelas que sonharam em ter um filho, se veem abaladas emocionalmente a ponto de se sentirem confusas e infelizes diante da nova responsabilidade.

Esse sentimento ocorre por causa da depressão pós- parto, que afeta uma em cada quatro mulheres no País, segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz.

Os sintomas da depressão podem durar muitos meses após o parto, caso eles tenham aparecido ainda durante a gestação. No levantamento feito com 506 mulheres em Unidades Básicas de Saúde da zona norte de São Paulo, 45% delas já tinham sido diagnosticadas com depressão enquanto estavam grávidas e também apresentaram os mesmos sintomas entre seis e nove meses após o parto.

Isso quer dizer que as gestantes que recebem assistência e apoio desde a gestação podem ter menos chance de desenvolver o transtorno depois do nascimento do bebê.

O problema é que a maioria das mulheres com sintomas de depressão, tanto as que ainda estão grávidas quanto as que já tiveram filhos, não admite que sofre com o problema, como constatou um estudo realizado pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Segundo a pesquisa, 23% das mulheres que apresentam ansiedade e depressão após o parto não relatam seus sintomas.

Dessa forma, por esconder o que sentem, muitas mães não recebem o apoio do cônjuge e dos familiares para conseguir superar essa fase. E sofrem ainda mais com a situação.

Quando é passageiro

É importante salientar que a depressão pós-parto é diferente da tristeza passageira que acomete a maioria das novas mães.

Durante os primeiros dias após o parto, é normal que a mulher apresente alguns períodos de instabilidade emocional, pois ela ainda está se adaptando às mudanças e ao turbilhão de hormônios que tomam conta do seu corpo.

Essa fase, chamada de “baby blues”, afeta cerca de 70% das mulheres no Brasil. Ela dura apenas alguns dias e melhora espontaneamente, conforme os hormônios femininos vão voltando ao seu estado normal. Já na depressão pós-parto os sintomas são muito mais duradouros, fortes e evidentes (saiba quais são em “como identificar”).

Assistência

Em casa, no convívio com seus familiares, a nova mãe deve receber assistência e apoio para conseguir superar essa fase, independentemente de ter buscado ou não ajuda com especialistas.

As pessoas próximas a ela devem ficar atentas aos principais sintomas. Se verificarem que os sentimentos negativos ocorrem na maioria dos dias, sem que haja melhora, devem conversar cuidadosamente com ela, disponibilizando-se a ouvi-la e entendê-la.

Em seguida, podem incentivá-la a ter hábitos saudáveis, como adotar uma boa alimentação, dormir bem, se exercitar e se encontrar com amigas e outras mães.

Para que ela consiga fazer isso, as pessoas próximas devem se oferecer para cuidar do bebê, realizar algumas tarefas da casa nos horários em que ela se sinta sobrecarregada e fazer alguns mimos para ela. Dessa forma, estarão lhe mostrando o quanto ela é importante como mulher e também como uma nova mãe.

Como identificar

– Tristeza constante

– Sentimento de culpa e de responsabilidade

– Baixa autoestima

– Desânimo e cansaço extremos

– Irritabilidade e falta de paciência

– Pouco interesse pelo bebê

– Incapacidade para cuidar de si e do bebê

– Medo de ficar sozinha

– Falta de apetite

– Falta de prazer nas atividades diárias

– Dificuldade para pegar no sono

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Colaborador

Por Janaina Medeiros/ Foto: Fotolia