Como você reage à desilusão?

Você já perdeu as esperanças por causa de alguma situação? Está enfrentando alguma dificuldade? Calma, nem tudo está perdido. Conheça as histórias de quem superou problemas e saiba onde buscar ajuda

Imagem de capa - Como você reage à desilusão?

Desesperança, vazio interior e perda de forças para seguir em frente. Essas eram as sensações que rondavam a vida do paulistano Pedro Henrique Pinheiro Barbosa (foto abaixo), em 2014. Naquela época, ele tinha sido demitido de um emprego estável por causa do uso de drogas. “Eu passava dois, três dias virado usando drogas, sem dormir. Quando passava o efeito da droga, vinha a depressão. Eu queria sair daquilo, mas achava que não tinha saída”, diz.

O envolvimento de Pedro com as drogas começou aos 13 anos, quando ele passou a usar cigarro, maconha e álcool. “Queria mostrar para a rapaziada que eu era descolado”, diz. Aos 18 anos, ele decidiu experimentar uma droga mais forte: a cocaína. “Comecei a ver que uns amigos ficavam ligados, acordados a noite toda. Eles usavam cocaína e me apresentaram a droga. Dei o primeiro tiro e comecei a usar para ir às baladas”, lembra.

Apesar de usar a droga frequentemente, Pedro conta que não se considerava um dependente químico. “Eu usava cocaína, mas conseguia trabalhar, não achava que tinha problemas. Nessa época, também experimentei lança-perfume, ecstasy e cola de sapateiro, mas fiquei viciado mesmo em cocaína”, esclarece.

Fundo do poço

Pedro afirma que o consumo de cocaína passou a ficar cada vez mais constante. Com isso, a dependência química começou a afetar o relacionamento familiar e o desempenho no trabalho. “Eu trabalhava como eletricista, mas comecei a faltar ao trabalho até que fui demitido. Depois, cheguei a me envolver com a criminalidade”, afirma. A mãe e a irmã de Pedro já tinham percebido que havia algo estranho nas atitudes dele. “Eu não queria papo com elas. Como eu usava drogas, tinha medo que elas descobrissem.” Ele diz que o clima dentro da casa da família foi ficando insustentável.

Zildalinda Pinheiro dos Santos, de 63 anos (foto acima), mãe de Pedro, lembra dos dias mais difíceis ao lado do filho. “Pedro estava se afastando, ele dizia para eu não me meter na vida dele. De madrugava, eu ia ao quarto dele e a cama estava arrumada, ele não voltava para casa. Eu não conseguia dormir direito, era aquela angústia, uma dor no coração. Tinha medo que o meu filho morresse.”

Mesmo com a sensação de impotência diante da situação, Zildalinda diz que buscou ajuda nas reuniões da Cura dos Vícios, na catedral da Universal na João Dias, em São Paulo (SP). “Comecei a falar com Deus, a exercitar minha fé e a pedir uma mudança”, explica a mãe.

Pedro revela que o momento mais crítico foi quando ele saiu de casa em uma quinta-feira e só voltou no domingo. “Fiquei só usando droga, sem comer, sem trocar de roupa, não lembro quantos pinos usei”, relata. A mãe dele também se recorda daquela data. “Cheguei em casa depois de uma Santa Ceia e meu filho estava fedendo, com a roupa toda suja. Eu disse para ele que se quisesse continuar naquela vida, ele podia juntar as coisas dele e sair de casa. Foi quando ele me pediu ajuda.”

Pedro, então, passou a ir às reuniões da Cura dos Vícios com a mãe. “Tomei uma atitude e decidi mudar. Deixei de usar cocaína e peguei nojo daquilo”, diz ele, acrescentando que as primeiras mudanças ocorreram na família. “A primeira coisa que mudou foi a alegria e a paz dentro de casa. Fiquei mais próximo da minha mãe.” Aos poucos, ele recuperou sua autoestima e a confiança dos familiares. A próxima etapa foi conseguir um novo emprego. “Fui contratado como vendedor em uma agência de carros. Depois, fui ampliando minha visão e hoje tenho uma empresa de negócios e prestação de serviços em aviões e helicópteros”, completa ele, que tem 30 anos.

Além de continuar participando das reuniões da Cura dos Vícios na Universal, ele também é voluntário do grupo A Última Pedra, que oferece apoio a pessoas que enfrentam dependência de álcool e outras drogas. “É uma alegria poder dividir com as pessoas o que eu passei com as drogas e mostrar que vício tem cura. Visitamos locais em que as pessoas usam drogas e oferecemos uma palavra de conforto, panfletos e convidamos para a reunião”, finaliza.

Vida nova

Assim como Pedro, Diogo Henrique Ramos (foto a dir.) acreditava que sua vida não tinha mais solução. Em 2011, ele cumpria seu quarto ano na prisão e era integrante de uma facção criminosa. “Eu não tinha perspectiva. Tinha me tornado um homem cruel, sem sentimento nem amor ao próximo”, lembra.

Diogo conta que começou a usar drogas aos 11 anos e praticou seu primeiro assalto aos 15. “Perdi meu pai aos 8 anos, minha mãe trabalhava muito e eu vivia na rua. Eu sentia um vazio muito grande e comecei a usar drogas. Depois, passei a assaltar para sustentar o vício e me envolvi com o tráfico.” Ele foi preso pela primeira vez em 2004, por porte de armas, mas conseguiu liberdade provisória por ser réu primário. “Em 2006, fui preso de novo por tráfico e associação ao crime organizado. Passei por quase 17 penitenciárias.”

Ele garante que só começou a enxergar uma possibilidade de mudar de vida depois de conhecer o trabalho de voluntários do Universal nos Presídios (UNP), grupo da Universal que oferece apoio espiritual e realiza atividades em penitenciárias em todo o Brasil e no exterior. Durante uma visita do UNP à penitenciária em que estava preso, ele revela que foi atraído pelas palavras de um dos participantes do grupo. “Recebi a palavra de que Deus poderia transformar minha vida. Pouco tempo depois, fui transferido para um presídio de segurança máxima. Sozinho na cela, pensei no que estava fazendo com a minha vida e comecei a buscar a Deus”, diz.

Um ano depois, em 2012, Diogo saiu da prisão, procurou uma Universal e passou a frequentar várias reuniões. “Em uma semana, eu me batizei e comecei a buscar minha libertação. Eu era extremamente nervoso, agressivo, usava drogas. Levei uns três meses para me libertar. Sete meses depois, recebi o Espírito Santo.” Ele esclarece que as mudanças foram percebidas por familiares e pela esposa, que também passou a participar dos encontros na Universal. “Minha irmã e minha mãe ficaram espantadas com a mudança. Elas viram o poder de Deus se manifestando em minha vida. Deus também transformou meu casamento. Eu era um homem rancoroso, agressivo, minha esposa ficou feliz com minhas novas atitudes”, conta Diogo, que hoje tem 32 anos, trabalha como programador CNC e é um dos mais de 25 mil voluntários do UNP no Brasil e no mundo. Diogo sonha em continuar ajudando outras pessoas. “Quero servir a Deus no Altar. Eu me vejo ganhando almas nos presídios.”

Ele voltou a sonhar

Em 2008, Ovídio Silva Araújo, de 53 anos (foto a esq.), realizou um grande sonho: abrir uma pequena empresa de móveis planejados em São Paulo. Graças ao negócio, ele pagava suas contas e a pensão alimentícia dos três filhos. Há cinco anos, entretanto, ele viu sua situação financeira mudar. “Começou a faltar trabalho e passei a dever para clientes e fornecedores. Tudo foi muito rápido”, lembra.

Quase um ano depois, sem dinheiro e com dívidas acumuladas, ele foi despejado do imóvel que alugava para trabalhar e viver e passou a dormir nas ruas do centro da capital paulista. “Quando você está na rua, ninguém confia em você. Tentei arrumar trabalho, mas não consegui. Passava os dias sentado, sem esperança. Tinha vergonha de encontrar meus filhos naquela situação”, detalha.

Ovídio viveu dois anos nas ruas. Certa noite, ele conheceu o grupo Anjos da Madrugada, que reúne membros da Universal para realizar atividades como apoio espiritual e distribuição de comida e agasalhos para pessoas em situação de vulnerabilidade social. O grupo tem mais de 23 mil voluntários e só em 2018 já ofereceu auxílio a mais de 82 mil pessoas. “Os voluntários colocaram mesas na calçada, fizeram uma oração e ofereceram alimento. Depois nos convidaram para ir à igreja e eu fui”, afirma. Ovídio passou a frequentar a Universal no bairro do Brás. “No início, eu nem tinha calçado, mas consegui com o pessoal da igreja. Fui fazendo minhas correntes, deixei o fumo e o álcool e a luz foi se acendendo de novo em minha vida. Consegui uns bicos como pedreiro e fui morar em um prédio ocupado porque não podia pagar aluguel”, diz.

Aos poucos, ele se reaproximou dos filhos e foi aumentando a renda mensal. Há cerca de um ano, Ovídio comprou um pequeno terreno na zona leste da capital e sonha abrir lá uma marcenaria. “É uma guerra diária, mas minha vida foi restaurada e sou muito grato a Deus. Hoje, sou voluntário no grupo Anjos da Madrugada como forma de agradecer a Deus. Faço o mesmo trabalho que um dia me indicou o caminho certo para sair das ruas”, finaliza.

Fé para enfrentar a doença

Em junho do ano passado, a autônoma Zeli Guidini, de 41 anos (foto a dir.), recebeu uma notícia que poderia mudar sua vida para sempre. “Durante exames de rotina, a médica identificou um nódulo suspeito na mama. Fiz outros exames que confirmaram nódulo maligno, era um tumor agressivo. Foi um choque, é um diagnóstico que ninguém quer receber”, lembra ela, que vive em Vitória, no Espírito Santo.

Membro da Universal, Zeli já atuava há algum tempo como voluntária do Grupo da Saúde, organização que faz visitas a enfermos em hospitais e oferece palestras e atividades para profissionais da saúde e familiares de pessoas hospitalizadas. Ao todo, o grupo tem mais de 18 mil voluntários e realiza cerca de 60 mil visitas mensais. “Eu evangelizava em hospitais, mas não achava que um dia estaria lá. Quando me vi naquela situação, percebi a importância da palavra de Deus no momento que nós mais precisamos”, afirma ela, destacando que passou a receber apoio do grupo para superar as dificuldades do tratamento quimioterápico.

“Eu orei e busquei forças em Deus. Meu esposo e meus dois filhos também foram meu alicerce, eles estavam sempre ao meu lado me apoiando, brincando comigo, me dando forças.” A cada ida ao hospital, ela conta que compartilhava a sua fé com outras mulheres que estavam em situação semelhante à dela. Zeli fez dez sessões de quimioterapia e revela que passou por situações muito difíceis durante o tratamento. “Na quinta sessão, as reações eram tão fortes que pensei que não fosse aguentar. Eu sentia muito enjoo, fiquei quatro dias só vomitando, já estava desidratada, o cheiro da comida me enjoava”, lembra.

Depois de fazer as sessões recomendadas pela equipe médica, ela refez os exames para avaliar a evolução do tratamento. “Os exames seriam para determinar a retirada da mama e definir sessões de radioterapia, mas o nódulo não estava mais ali e não havia nenhum sinal de metástase”, detalha. “O médico não conseguiu entender, mas eu tinha uma explicação: o Senhor Jesus havia me curado. Eu vejo o milagre de Deus na minha vida”, acredita ela, acrescentando que a fé foi fundamental para que conseguisse enfrentar as etapas do tratamento médico.

Superação

Samira Gabriella dos Santos Serafim (foto abaixo) tem apenas 23 anos, mas conta que já pensou em desistir da própria vida. Durante a adolescência, ela diz que começou a se envolver com usuários de drogas e a frequentar festas que duravam vários dias. “Comecei a ir nas chamadas ‘famílias’, que são grupos de pessoas que se reúnem para fumar narguilé, beber, fazer rolês. Eu bebia muito, dançava e chamava tanta atenção que me destaquei e virei parte da ‘diretoria’”, afirma.

A vida da jovem se resumia a festas. “Frequentava raves e usava cocaína, LSD e ecstasy. Com isso, veio a primeira overdose. Depois, comecei a me envolver com o pessoal do tráfico”, lembra ela, explicando que chegou a namorar um traficante. Perto dos 17 anos, ela abandonou a escola. Depois do fim do relacionamento, ela tentou se afastar das drogas, mas a abstinência durou pouco. “Consegui um trabalho no shopping, mas não conseguia ficar sóbria. Eu fumava, chegava em casa bêbada, alterada.”

A dependência de drogas levava Samira a ter conflitos com a mãe em casa. Ela diz que tinha tentado abandonar as drogas, mas continuava levando a mesma vida. “Eu me achava um lixo, achava que não tinha mais jeito. Cheguei a pensar em tirar minha vida, estava desiludida”, desabafa. Samira já tinha 19 anos quando sua mãe a convidou para participar das reuniões da Cura dos Vícios da Universal. “Minha mãe estava participando da reunião e me chamou para ir, mas eu falei para ela que gostava de usar drogas. Depois de quatro semanas, mudei de ideia.”

A jovem explica que a igreja foi sua última tentativa. “Tomei a decisão de mudar e sabia que Deus podia me curar. Deixei de usar drogas no primeiro dia, mas ainda tinha conflitos dentro de mim. Continuei fortalecendo minha fé, abandonei as antigas amizades e os lugares que frequentava e, aos poucos, superei as mágoas do passado”, resume. Depois de se afastar das drogas, Samira passou a participar como voluntária do grupo A Última Pedra, da Universal. “Nós visitamos a Cracolândia, vamos debaixo de pontes para levar vida a essas pessoas que estão envolvidas com as drogas. Nós dizemos que é possível sair daquela situação, explicamos que Deus pode fazer uma transformação em nossa vida”, finaliza.

Precisa de ajuda?

Apesar das dificuldades, todas as pessoas ouvidas nesta reportagem têm uma história em comum: elas encontraram apoio no trabalho desenvolvido por diferentes grupos organizados por membros da Universal no Brasil e no exterior. Juntos, os voluntários organizam atividades, distribuem alimentos e outros itens e fazem visitas para levar palavras bíblicas e conforto espiritual a pessoas que se encontram em situações difíceis. E não existem obstáculos para esses grupos. Eles estão em hospitais, penitenciárias, comunidades e até em áreas de tráfico de drogas para levar uma mensagem de esperança. Se você está passando por algum problema, não desista. Procure uma Universal mais próxima e peça ajuda.

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Colaborador

Por Rê Campbell / Fotos: Mídia FJU/SP, Mídia FJU/ES e Marcelo Alves