Abandono paterno afeta menores infratores e dificulta ressocialização

Palestra ajuda 15 mil internos a superar desamparo afetivo.

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Em 11/8, data em que se comemorou o Dia dos Pais, o programa social Universal no Socioeducativo (UNS) realizou palestras para mais de 15 mil menores infratores de todo Brasil. A iniciativa teve como objetivo ensinar os adolescentes a superar traumas causados pelo abandono afetivo. Segundo um levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo, 2 em cada 3 menores infratores não tem pai dentro de casa.

Atualmente, existe 22 mil adolescentes em regime de internação em 461 unidades socioeducativas no Brasil.

Ulisses Gomes, responsável pelo programa social, conta que a maioria desses adolescentes são filhos de mulheres que trabalham o dia todo. “Com uma família desestruturada, a mãe precisa trabalhar em dobro para ser a provedora do lar, o que faz com que os filhos se sintam abandonados e procurem algo para ocupar o tempo ocioso”, explicou.

Para o psicólogo Moisés Mascarenhas, a desestrutura familiar vivenciada por esses jovens é um dos principais fatores, aliados as condições socioeconômicas, que os levam para o mundo da criminalidade. “Na ausência do pai, infelizmente, muitas vezes, quem ocupa essa função é o traficante, que oferece dinheiro e proteção, coisas que a mãe nem sempre consegue dar”, alertou o especialista.

Os voluntários visitam semanalmente as unidades socioeducativas prestando suporte emocional e social aos adolescentes. Além das palestras, são realizados cursos profissionalizantes, atividades culturais e esportivas, a fim de que, os mesmos se sintam valorizados e possam ser ressocializados.

Foi o que aconteceu com o ex-interno, Alleck Oliveira, 17 anos. “Após conhecer o programa social dentro da Fundação Casa, recebi orientações de voluntários que se tornaram um pai para mim. Me ensinaram a superar os traumas que eu carregava desde a minha infância, me ajudaram a descobrir o meu verdadeiro talento e a investir nele. Hoje, estou em liberdade há mais de um ano e estou me empenhando para me profissionalizar como lutador de boxe”, finalizou.

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Colaborador

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