Várias coisas ao mesmo tempo
A capacidade de realizar tarefas simultâneas sempre foi creditada só às mulheres, mas novos dados mostram que o homem também é capaz de fazer o mesmo
Se diz por aí que as mulheres sabem fazer várias atividades simultaneamente, enquanto os homens gostam de se concentrar em apenas uma por vez. Mas isso nem sempre corresponde à realidade, pois algumas realmente parecem conseguir fazer – ou coordenar – tudo junto, mas outras não. E a qualidade dos resultados pode não ser a mesma para todas.
Da mesma forma, alguns homens mandam bem no multitask (multitarefa) e outros mal conseguem fazer uma única coisa bem-feita.
Apesar de que isso não depende de pertencer ao gênero masculino ou feminino. A ciência até tentou esclarecer a situação, mas não havia consenso entre os cientistas.
A rede britânica BBC exibiu uma série intitulada Seu Cérebro é Masculino ou Feminino?, em tradução livre, na qual a anatomista Alice Roberts e o médico Michael Mosley mostram que as conexões entre os dois hemisférios cerebrais são mesmo diferentes nos dois sexos e que no feminino são em maior número, o que permitiria às mulheres harmonizar melhor emoção e razão.
A dupla de pesquisadores britânicos não sabe dizer se as diferenças são resultado da fisiologia humana (hormônios, por exemplo) ou influência da cultura em que a pessoa vive.
Outros dois estudos ingleses alimentam a controvérsia. A pesquisa da Universidade de Hertfordshire mostra que as mulheres são mais eficientes quando é preciso refletir sobre algo ao mesmo tempo que outras atividades são feitas. Já na do University College London (UCL) os dois sexos são igualmente eficientes – o que os diferencia são os caminhos usados para chegar ao resultado.
Contudo um estudo norte-americano lançou luz sobre a questão. Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla original) revelou que a realização de muitas coisas ao mesmo tempo é um mito. Na verdade, em algumas pessoas, independentemente do sexo, a mudança do foco de uma atividade para outra é muito rápida, o que permite a elas intercalá-las, e isso gera a falsa impressão de que conseguem prestar atenção em tudo ao mesmo tempo.
No entanto os estudos das universidades Carnegie Mellon e Emory, dos Estados Unidos, advertem que isso tem um preço: o cérebro se cansa com mais facilidade. Além disso, a saúde paga o pato, pois controlar demais várias atividades faz com que o controle sobre si mesmo diminua, tornando aquela guloseima bem calórica mais interessante como recompensa, fazendo que haja desequilíbrio no sono ou que a tentação por drogas e sexo irresponsável cresça. Surge também o desequilíbrio espiritual, que bagunça toda a vida.
Há quem tenha mais facilidade de fazer tarefas simultâneas e quem prefira separá-las, seja homem, seja mulher. Em tarefas simples, como olhar a rede social, ver TV e comer pipoca, fazer tudo ao mesmo tempo pode até funcionar, mas ninguém vê uma cirurgiã realizar uma operação enquanto joga peteca, assiste a uma comédia romântica e dá bronca pelo celular no filho que rabisca a parede em casa. Há vários tipos de atividades para ambos os gêneros. O resto é desculpa para alimentar a inútil e tola guerra dos sexos.