Alguém já lhe pediu para emprestar o nome?

Essa atitude pode ser mais prejudicial do que você imagina

Ter dívidas é um dos problemas mais comuns dos brasileiros hoje em dia. Segundo os especialistas, as causas para isso são variadas e têm relação com o descontrole financeiro. Uma pesquisa realizada recentemente pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que 24% dos casos de inadimplência decorrem do empréstimo do nome para que outras pessoas façam compras. Nos últimos 12 meses, cerca de 51% das pessoas que emprestaram o nome agiram dessa forma com a intenção de ajudar a quem lhes fez o pedido, enquanto 16% ficaram com vergonha de dizer não.

Dificuldade de dizer não
Para José Vignoli, de 57 anos, educador financeiro do SPC Brasil, o brasileiro tem muita dificuldade de dizer não. “Pela nossa formação latina, nos sentimos constrangidos e muitas vezes respondemos de modo afirmativo imediatamente sem pedir um tempo para pensar.

Depois de darmos a resposta, acabamos entregando o cartão. Não perguntamos para que a pessoa está pedindo nosso nome nem o que ela pretende comprar”, diz.

Prejuízos
De acordo com Vignoli, emprestar o nome para amigos ou parentes é um ato de solidariedade, mas pode causar prejuízos. “Quando a pessoa pede o nome emprestado é porque o seu já está com restrição ou sua vida financeira está desorganizada. Muitas vezes, nem é para algo importante, mas como ela já está nessa condição é mais fácil pedir emprestado. Certamente, já pediu para outras pessoas antes e continuará agindo assim”, opina.

Responsável
Para o especialista, não se deve emprestar o nome sem antes refletir quanto às consequências dessa decisão. “O risco de não receber o valor gasto é alto. Do ponto de vista legal, quem emprestou o nome é sempre responsável pela dívida. Por outro lado, as pessoas precisam se acostumar a viver dentro das suas possiblidades. Elas devem sempre batalhar para conquistar mais, mas viver fora da realidade é um grande erro”, avalia Vignoli.

Carnê
A microempresária e cabeleireira Cthenny Veras, de 42 anos, estava tentando viver dentro de suas possibilidades quando resolveu dividir uma casa com uma amiga, em Florianópolis, há alguns anos. “Minha ideia era tentar economizar para montar o meu negócio no futuro.

No início, tudo estava bem, até que minha amiga pediu meu nome emprestado para comprar móveis e uma série de coisas. Ela fez um carnê e até sugeri que ela o deixasse comigo e me desse o dinheiro para pagar as prestações Ela pagou umas três parcelas e depois abandonou os pagamentos”, lembra.

Cobranças
Pouco tempo depois, Cthenny começou a receber cobranças das lojas em que a amiga havia comprado em seu nome. “Fiquei sabendo que ela tinha o nome sujo. Fui cobrar dela e quase fui agredida por ela e por sua filha. Quiseram me enxotar de casa. Eu tentei negociar os pagamentos com as lojas, mas não tinha como pagar aquelas despesas”, conta.

Consequências
Cthenny destaca que emprestar o nome e assumir uma dívida que não era sua trouxe como consequência ter o nome por cinco anos no serviço de proteção ao crédito SPC, o que atrasou a realização de vários planos: “não conclui meus cursos de estética nem pude montar o meu negócio, pois não conseguia fazer economia. Passei quatro anos sem visitar meus pais em Fortaleza, já que não tinha dinheiro para isso”.

Congresso
Depois de brigar com a amiga, Cthenny resolveu morar em São Paulo e tentar novos caminhos. “Comecei a fazer a Congresso para o Sucesso na Universal e a receber uma visão de como vencer e de como sair do vermelho. O Congresso abre a nossa visão, nos ajuda a sair do fundo do poço e a ser mais determinada. Em uma reunião, o pastor falou sobre coisas que não se emprestam: o marido, o carro e o nome”, relembra.

Lição
A cabeleireira conta aprendeu a lição: “sou muito honesta com os meus compromissos e também muito cautelosa. Desde que estou na Universal, aprendi a prezar minha Igreja, o nome do Bispo Edir Macedo e o meu. Hoje tenho o meu próprio salão de beleza e nunca mais emprestei meu nome”, finaliza.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Demetrio Koch