Índices de violência são os mesmos de países em guerra

E os jovens negros são as maiores vítimas, segundo pesquisa

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Dos 65,6 mil homicídios ocorridos no Brasil em 2017, mais da metade teve jovens como vítimas, segundo o Atlas da Violência 2019, pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Foram 35.783 vítimas de assassinato com 15 a 29 anos, uma “juventude perdida por mortes precoces”, revela o estudo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera epidêmicas as taxas de homicídio maiores que 10 assassinatos a cada 100 mil habitantes. No Brasil, só na faixa etária citada, foram 69,9 mortos para cada 100 mil habitantes, taxa bem parecida com a do Haiti (70 para cada 100 mil, de todas as idades), país mais pobre de todas as Américas, em 2015. A Venezuela, cuja situação violenta só aumenta com a crise econômica que assola o país, teve 81,4 homicídios para cada 100 mil pessoas em 2018.

Custo financeiro e social
“Além da tragédia humana, os homicídios de jovens geram consequências sobre o desenvolvimento econômico”, aponta o estudo, pois a faixa etária entre 15 e 29 anos tem alto potencial produtivo – que é desperdiçado, pois é menos gente jovem trabalhando e gerando receita.

A Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal mostra que o Brasil perdeu mais de R$ 450 bilhões entre 1996 e 2015, somando-se o que o jovem morto deixa de produzir, os custos de saúde, judiciais e de prisão dos responsáveis pelas mortes.

Perfil preocupante
Segundo o Ipea, 91,8% das vítimas são do sexo masculino, 77% deles mortos por armas de fogo. Os negros são 75,5%. A idade média dos mortos é de 21 anos, boa parte com escolaridade baixa.

A maioria das mortes ocorreu em 12 Estados do Nordeste e do Norte, mas o índice diminuiu em 15 Estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. O Rio Grande do Norte tem 152,3 homicídios nessa faixa etária a cada 100 mil habitantes, contra 18,5 em São Paulo.

O Ipea e o FBSP revelam que boa parte das mortes acontece nas guerras entre facções criminosas (sobretudo nas grandes capitais nordestinas), pois seus integrantes são em geral homens jovens, os mais recrutados pelo mundo do crime.

Solução: prevenção
Os pesquisadores citam que seria muito mais barato e eficaz investir na primeira infância e no começo da juventude “para evitar que a criança de hoje se torne o criminoso de amanhã” e cita entre as medidas preventivas “acesso à educação, cultura e esportes, além de mecanismos para facilitar o ingresso do jovem no mercado de trabalho”. Essas medidas vêm ao encontro dos vários projetos realizados pela Força Jovem Universal (FJU), que já tirou muitos jovens das garras do crime, mudou o destino deles, afastando-os do fim trágico como o citado na pesquisa, e os aproximou de uma vida digna, da família, dos valores construtivos e, acima de tudo, da comunhão espiritual com Deus.

É uma boa amostra do que poderia funcionar em todo o País se essa linha de ação fosse seguida pelas autoridades.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Gettyimages