Cresce o número de jovens endividados

Saiba como não ser mais um deles

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Ter dívida é um problema muito comum hoje em dia. Trata-se de uma situação que pode afetar qualquer pessoa, até os mais jovens. Ao menos é o que dados divulgados recentemente pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam: 46% dos brasileiros com idade entre 25 e 29 anos está inadimplente. Entre os que estão entre 18 e 24 anos a proporção é de 19%. A soma dos dois percentuais representa 12,5 milhões de jovens endividados ou quase 6% da população brasileira, estimada em 210 milhões de pessoas.

Desconhecimento
Para a contadora e orientadora financeira Dora Ramos, as razões do endividamento de tantos jovens têm relação direta com o lugar econômico de onde eles vêm. “Temos que levar em consideração se esse jovem vem de uma família que provém o sustento dele até os 18 anos ou em que só o pai era o provedor, ou se ele vem de uma família em que não participava disso ativamente. Na escola, de forma geral, a gente sabe que não tem esse ensino, portanto o jovem não tem conhecimento do que é a vida financeira.”

Ela diz que, em muitos casos, isso também se reflete na conduta do jovem quando ele começa a trabalhar. “Ele abre uma conta no banco e é inserido no universo financeiro, onde tem um ganho real de R$ 1 mil, por exemplo, mas tem uma oferta de crédito de R$ 4 mil. Vale ressaltar que crédito não é dinheiro, mas, como ele não teve essa orientação, também é envolvido no apelo de grande consumo influenciado por propagandas e pela mídia e acaba indo além da sua possibilidade”, explica.

Faça algo
A consequência desses atos é entrar em um processo de endividamento do qual não é fácil se livrar. “Muitas vezes, os jovens recorrem à família para pedir ajuda. Mas é preciso ter consciência de que quem está lhe ajudando pode estar abrindo mão de recursos que poupou e você terá que pagar, mesmo que não tenha juros. Se a família não puder ajudar, vá na instituição para a qual deve e tente negociar a sua dívida. Se não estiver em condição de pagar de uma vez, eleja uma prioridade e negocie depois o que ficar pendente”, aconselha a especialista.

Dora considera essencial que o jovem saiba o quanto ganha para ter a noção exata do quanto gastar. “O jovem precisa estabelecer um estado de presença no qual consegue avaliar se precisa fazer determinada compra ou não, sem ceder aos apelos do consumo. É mais fácil falar do que fazer, mas essa atitude requer um exercício.”

Nome emprestado
A empreendedora Sueli Benvenuto Ricaldes, de 36 anos, já ficou endividada quando era mais jovem. “Eu tinha 21 anos e emprestei meu nome para um familiar. Acabei ficando com o meu nome sujo. Tive muita dificuldade em ter crédito aprovado. O banco também cancelou meu cheque especial e suspendeu a entrega de talões de cheques. Isso se tornou um círculo vicioso de problemas”, revela.

O estrago foi tanto que ela buscou ajuda. “Eu já frequentava as reuniões na Universal desde de criança, mas fui buscar uma transformação na minha vida financeira e prosperidade nos encontros de segunda-feira”, conta.

Hoje, ela garante que, antes de fazer qualquer compra ou uma escolha financeira, se questiona se aquela ação é realmente necessária. “Me pergunto se vou ter condições de pagar ou se é apenas mais uma futilidade. Também não empresto meu nome, controlo todas as minhas contas e não pago nada em atraso, porque não gosto de pagar juros”, explica.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Cedida