Perseguido por ser Cristão

Proibições e prisões por causa da fé em Jesus ainda hoje acontecem em todo o mundo

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Pode até parecer coisa de outra época da história que em pleno século 21 pessoas sofram algum tipo de perseguição ou preconceito por assumirem a sua fé em Cristo, mas muitos não imaginam como a perseguição contra o cristão tem sido comum e corriqueira. Uma lista levantada pela organização cristã internacional Portas Abertas revela essa realidade. O documento traz os 50 países nos quais os cristãos mais sofrem perseguição e classifica os tipos de perseguição como: extrema, severa e alta.

A lider do ranking é a Coreia do Norte. No país, os direitos à liberdade de pensamento, religião, expressão e informação não são respeitados. Os cristãos enfrentam níveis de pressão extremos em todas as áreas da vida, combinados com alto grau de violência. Apesar da dificuldade em confirmar o número de cristãos em um ambiente altamente restritivo, a Portas Abertas estima haver cerca de 300 mil.

Ocupando o 30ª lugar está a Indonésia. O país sofre uma perseguição severa. Os bombardeios representam o maior ataque radical islâmico desde os ataques de Bali, em outubro de 2005. Em maio de 2018, uma família suicida matou 11 cristãos e deixou muitos outros com ferimentos graves.

A Situação na Rússia
A Rússia está em 41º lugar e é considerada como perseguição severa. Muitos acreditam que o país esteja voltando ao tipo de atitude que caracterizou os piores dias de opressão sob o regime soviético. Na era soviética, centenas de cristãos foram enviados para prisões, hospícios ou campos de trabalhos forçados. Igrejas e materiais religiosos foram confiscados e destruídos. Qualquer tipo de educação religiosa era restrito. Líderes cristãos eram controlados pelo Estado e a mídia passava uma impressão negativa dos cristãos. Essa não é a situação na Rússia hoje. Mas a expulsão de um grupo religioso muito ativo no país em 2017 é um claro e indesejável sinal de que possíveis dificuldades esperam cristãos não ligados à Igreja Ortodoxa Russa no futuro.

Segundo o Bispo Eder Figueiredo, (foto abaixo) responsável pelo trabalho da Universal na Rússia há sete anos, hoje as três religiões predominantes são: islamismo, budismo e ortodoxa russa. As demais religiões devem executar o procedimento de registro para evangelizar. Igrejas que vêm de fora passam por uma avaliação. O trabalho da Universal chegou à Rússia no ano de 1997. E o Bispo fala um pouco sobre como é realizado. “A evangelização, por exemplo, ocorre com o uso de panfletos, de jornais, das redes sociais da Igreja.

Também realizamos ações sociais em asilos, orfanatos, presídio, hospitais, além de doação de sangue, assistência a moradores de rua, distribuição de alimentos. As pessoas ajudadas indicam conhecidos para ajudarmos.”

O Bispo Eder ainda acrescenta que, “mesmo com temperaturas que podem chegar a 40 graus negativos, o trabalho segue desenvolvendo a cada dia. Existem leis duras na questão do trabalho evangelístico no país. Temos constantes fiscalizações em nossos templos, abordagem policial nas ruas, leis que estabelecem como pode ser feito o trabalho evangelístico e punições severas. Há membros que relataram que já sofreram difamações por parte de pessoas que ainda não conhecem o que fazemos e tão pouco a nossa disposição em cumprir com nossos deveres com o país.”

Ele afirma que, mesmo em meio às dificuldades, nada pode parar o trabalho, pois com ética e transparência eles seguem realizando a missão de levar a Palavra de Deus aos aflitos.

Perseguido por pregar
A realidade no Brasil não está muito distante. Uma das histórias mais conhecidas de perseguição envolve o Bispo Edir Macedo. Por conta da sua fé, sofreu injúrias, calúnias e passou anos sendo massacrado pela mídia.

Foram incontáveis processos contra ele, mas todas as acusações só serviram para fortalecer o trabalho da Universal, como o próprio Bispo Edir Macedo relatou em seu livro O Bispo. “A Igreja cresceu muito naqueles tempos. Sempre é assim: quando tudo está contra, o trabalho avança. A perseguição fez a Igreja se desenvolver ainda mais.”

Em breve, o público vai poder acompanhar mais sobre essa história nos cinemas, com o lançamento de Nada a Perder 2, a continuação do filme de maior bilheteria da história do cinema nacional. A produção com direção de Alexandre Avancini mostra que, em meio a tantas reportagens negativas a respeito de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal, “não se pode esconder a verdade para sempre”.

O filme traz à tona os escândalos mais conhecidos envolvendo o nome de Edir mostrando as reportagens bombásticas produzidas pela imprensa nos últimos 25 anos, que até hoje circulam na internet. Com estreia em 15 de agosto, Nada a Perder 2 revela bastidores e fatos da história recente do Brasil, inéditos até hoje.

O que as pessoas precisam entender é que não ofendem a igreja A ou B, mas a fé que mudou a vida de muitos. Acredite, ninguém segue Jesus por achá-Lo bonzinho, mas sim porque viveu a transformação que Ele faz em sua vida. Assim como essas pessoas que sentiram na própria pele a dor de serem perseguidas por conta da fé.

Fé na infância
Elizabeth Maldonado, de 34 anos (foto abaixo) é esposa de pastor e o marido realiza o trabalho evangelístico da Universal no Uruguai. O casal tem um filho, David Del Rio, de 7 anos. Elizabeth conta que quando o filho tinha 4 anos passou a frequentar a escola, contudo depois de alguns meses ela foi chamada pela professora para uma conversa.

“A professora me perguntou como era a rotina do David. Eu expliquei que meu filho, duas vezes por semana depois da escola, fazia esporte e também participava da Escola Bíblica Infanto-Juvenil (EBI) na Igreja e aos fins de semana a gente sai com ele para passear no parque, shopping ou cinema.”

Depois dessa explicação, Elizabeth relata que a professora disse que era estranho que David fizesse desenhos de Noé, Moisés ou alguém da Bíblia. E achava mais estranho que ele orasse antes de fazer um lanche, além de viver falando de Deus para os amigos.

Contudo Elizabeth explica que, dois dias depois, David contou que a professora tinha dito que embora o nome dele fosse David, o menino não era o Davi da Bíblia, não era Noé, nem Moisés, e não era para ele falar sobre esses personagens bíblicos.

A mãe sentou e explicou para o filho que ele não estava fazendo nada de errado, e que tinham pessoas que não entendiam a fé deles e que deveriam orar por elas. Não demorou muito e Elizabeth conta que recebeu outro telefonema da escola.

Perseguição na adolescência

A atendente, Ana Paula Lopes Dias, de 25 anos, (foto abaixo) enfrentou o desprezo da própria família por assumir a sua fé. A jovem passou a frequentar assiduamente a Universal aos 14 anos de idade, o que despertou a ira da mãe que não gostava que a filha fosse à Igreja.

Por isso Ana tinha dias e horas estipulados pela mãe para ir aos cultos. Mas depois de um tempo a jovem passou a ser trancada dentro do próprio quarto para não ir à Igreja. Por conta da imaturidade e a vontade de estar na Igreja, ela desobedecia à mãe e pulava a janela.

“Eu me sentia bem na Igreja, então eu fugia. Na época, eu não estava fazendo nada de errado, eu só queria buscar a Deus.” Mas, ao retornar para casa, começavam as discussões. Aos 16, Ana foi levantada a obreira com o consentimento da mãe, mas com o passar do tempo os problemas dentro de casa aumentaram. “Na época as coisas em casa começaram a sumir, e minha mãe colocava a culpa em mim, dizendo que, por eu ser da Universal, estava roubando dentro de casa para levar para o pastor.”

Família contra
A irmã de Ana que era afastada da Igreja contava para a mãe tudo o que a jovem fazia. Não demorou muito para a atendente ser expulsa de casa. Ela morou com o avô por seis meses. Porém, quando a mãe de Ana adoeceu, ela voltou para a casa. As complicações continuaram, os irmãos passaram a persegui-la ainda mais até que a situação ficou insustentável e novamente ela foi expulsa de casa.

Na ocasião, Ana tinha de escolher entre a mãe ou a Igreja. A jovem deixou claro para a família que não abriria mão da fé e de Deus. Ana passou a lutar pela família e hoje a mãe reconhece que a jovem fez a escolha certa, arrependeu-se de toda perseguição e convive pacificamente com a filha.

Servindo a Deus
O Bispo Jair Barbera, de 49 anos, (foto abaixo) entende muito bem situações como as relatadas até aqui. Ele se recorda que no começo da caminhada da fé, em meados de 1988, houve uma resistência muito grande da família. “Minha mãe não aceitava de jeito nenhum que eu frequentasse a Igreja. Quando chegava em casa depois dos cultos, ela não me deixava entrar e me mandava dormir na varanda. Chegou a ameaçar mandar a polícia me tirar da Igreja por achar que eu estava louco.”

Não demorou muito para Jair ser levantado a obreiro voluntário e logo depois a pastor auxiliar. Contudo, ao contar a notícia para a mãe, ela ficou revoltada. “Quando fui explicar para minha mãe que ia sair do trabalho para servir a Deus no Altar, ela pegou um copo de veneno para beber, rapidamente eu tirei o copo da mão dela. Mas na hora ela se exaltou e falou que a partir daquele dia eu não a considerasse mais como mãe, e que se eu saísse por aquela porta ia dar tudo errado na minha vida.”

Afronta política
Ele conta que no início como pastor, ele e a esposa, Ilza, passaram por dificuldades, mas nada se compara ao ano de 1998 quando o casal foi para o Estado do Acre, época em que havia muitos conflitos políticos no local.

“Nesse período começamos a fazer programações na TV pregando a Palavra de Deus, dizendo que as pessoas não podiam aceitar uma situação de miséria. Isso deixou alguns políticos com raiva e se voltaram contra a Igreja e contra mim. Cheguei a receber flores com bilhete com ameaça de morte.”

Hoje, bispo, ele se recorda que os jornais da cidade também falavam mal da Universal em suas manchetes. Contudo após um período tais políticos foram presos, e o trabalho da Universal só expandiu ainda mais. “Passamos perseguições por amor a Cristo e isso é um privilégio.”

E é como algo positivo que o cristão precisa enxergar a perseguição. A Palavra de Deus deixa claro no livro de Mateus, no capítulo 5, versículo 10: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus.”

Se você é de fato um cristão que conhece a Deus, se não ainda não foi perseguido, um dia será. E o que te faz permanecer e passar por tudo isso? Somente ter uma comunhão íntima com Deus.

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Colaborador

Maiara Máximo e Michele Francisco / Fotos: Reprodução, Gettyimages, Arquivo pessoal, Divulgação e Vinícius Gomes