O que a entrega da viúva de Sarepta mostra a cada um

Telespectadores acompanharam a trajetória de fé dessa mulher em cenas retratadas na macrossérie Jezabel

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Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia foi ao ar em um capítulo especial na macrossérie Jezabel, da Record TV. No início de junho, a experiência que a viúva de Sarepta (descrita no livro de 1 Reis) teve com sua fé ganhou vida após a ida do profeta Elias (Iano Salomão) à cidade de Sarepta, após deixar as margens do rio Querite. Havia grande seca na região, impulsionada pela profecia de que não haveria chuvas no período de três anos e meio. Obedecendo a Deus, o profeta segue à cidade sabendo que, ali, haveria uma viúva que iria lhe sustentar (1 Reis, 17. 1-9).

Ao chegar, no entanto, ele se depara com uma viúva pobre, que mal tinha condições de manter a si mesma e a seu filho. Humanamente e racionalmente, as chances daquela família prover algo ao profeta eram nulas. Então, qual o sentido desse pedido ter sido feito pelo próprio Deus?

Narrativa
Na macrossérie, a viúva é a personagem fictícia Queila, interpretada pela atriz Juliana Knust. Ela é cunhada da rainha Jezabel (Lidi Lisboa) e viúva do príncipe fenício Hailama. As duas se desentendem após Queila delatar ao rei Acabe (André Bankoff) que Jezabel havia armado um plano contra o general Barzilai (Timóteo Heiderick). Contrariando uma ordem de prisão, ela foge com seu filho, Baruch, para a cidade de Sarepta, onde Elias já estava.

Pedido
Cansado, sedento e faminto, o profeta chega à pequena vila. Pede água para aquela mulher e também, sem constrangimento, que lhe dê um pouco de pão. Então ela diz que só tem um pouco de farinha, que está na panela, e o restante de azeite. Sem recursos, dali sairia a última refeição dela e do menino (I Reis, 17.12).

Contudo, Elias não recua e pede para que ela lhe faça, antes, um bolo pequeno. “E Elias lhe disse: Não temas; vai, faze conforme à tua palavra; porém faze dele primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo aqui; depois farás para ti e para teu filho. Porque assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará até ao dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra. E ela foi e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias”
(I Reis, 17.13-15).

A situação de miséria não deixou a fé do profeta acuada, até porque ele já havia experimentado da provisão Divina ao ser alimentado por corvos no ribeiro, que lhe traziam carne e pão de manhã e à noite (1 Reis, 17.6). Mas aquela provisão ainda era nova para a viúva que, antes de ver a miséria cessar, precisou crer naquelas palavras. É como se Deus lhe dissesse: “Você está apegada a esse pouquinho, mas o que tenho para você é melhor. Confie.”
A própria Palavra de Deus nos orienta sobre isso ao afirmar que são mais bem-aventurados os que creem antes mesmo de ver qualquer coisa (João, 20.29). “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hebreus, 11.1).

Atitude
No decorrer da cena, podemos entender o motivo daquela viúva ter sido escolhida no meio de tantas outras que haviam naquela cidade. A Bíblia a referencia, inclusive, no Novo Testamento também. “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; E a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva” (Lucas, 4.25,26).

Queila não teve medo de entregar o que tinha mesmo sem conhecer a Deus. Da mesma forma, muitas pessoas têm retido “na panela”, que é o coração, um pensamento, uma malícia, uma acusação ou uma mágoa e perdem a chance de se desprender de uma vida que, aos próprios olhos, pouco vale, em vez de se entregarem a Deus sem reservas para viver aquilo que Ele tem para cada um.

Ao abrir mão do pouco que tinha – que era o “seu tudo” – aquela viúva fez com que Deus agisse em seu favor, multiplicando o alimento para sua casa. Ela renunciou a si mesma, ao seu presente e ao seu futuro. Sua entrega e fé moveram a mão de Deus. Ela abandonou o rótulo de “coitada” e desamparada para ser conhecida como a mulher que provou da experiência com Deus, tanto que O viu novamente em outra situação condenadora de sua vida (leia em I Reis 17.17-24).

Enquanto houver pessoas desprendidas de si mesmas haverá a manifestação do poder do Deus, independentemente do quão seca e desesperadora esteja a situação. Mas, se tiverem apegadas ao que têm (comportamentos, jeitos, opiniões), a ação do Espírito de Deus – e a própria fé – se limita. Como aquela viúva, a decisão cabe a cada um.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Edu Moraes