Você costuma falar a verdade?

O hábito de mentir pode originar consequências negativas na vida pessoal, amorosa e profissional. Entenda o problema e saiba o que fazer para mudar de atitude

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Todo mundo sabe que a mentira está presente no cotidiano da sociedade. Enquanto algumas pessoas mentem para conseguir vantagens, outras contam mentiras para evitar conflitos. Há ainda aqueles que gostam de mentir para abrilhantar os próprios feitos. Em muitos casos, as mentiras começam pequenas. Mente-se uma, duas, três vezes, até que o mentiroso se acostuma e acaba mentindo a qualquer hora.

Motivos
Afinal, por que é comum mentir? Ellen Moraes Senra, psicóloga e especialista em terapia cognitivo-comportamental, explica: “A sociedade não está preparada para falar a verdade, então algumas mentiras são aceitas. Muitos mentem para fugir de uma situação”. A psicológica clínica e organizacional Livia Marques diz que falta assertividade. “Nós não aprendemos a ser assertivos e diretos. Muitas pessoas acham que a verdade vai magoar e machucar”, afirma.

Medo
Aline de Paula, (foto abaixo) de 26 anos, conta que costumava mentir para agradar aos amigos. “Sofri abuso na infância. Na adolescência, eu me sentia feia e tinha medo da rejeição dos amigos. Por isso, comecei a mentir. Com o tempo, tive que inventar desculpas cada vez maiores”, lembra.

Na época, ela explica que mentiu para a melhor amiga sobre um falso namorado. “Eu fui me afundando na mentira e não conseguia mais sair dela. Eu me sentia triste, pensei até em tirar a minha própria vida.”

Depois de alguns meses, a melhor amiga de Aline a convidou para ir a uma reunião da Universal. “Aceitei o convite após um mês. Naquele dia, descobri a Verdade de um Deus que morreu por mim. Então, percebi que eu mentia para esconder as mágoas do passado, mas eu não precisava mais carregar aquele sofrimento”, detalha. Aline diz que superou as mentiras após perdoar o abusador. Ela acrescenta que o grupo Godllywood a ajudou a fortalecer a própria autoestima. “Eu aprendi que poderia ser quem eu sou e falar como estou me sentindo.

Cada tarefa do Godllywood me ajudou a desenvolver o meu melhor”, conclui.
Janaína Oliveira, de 28 anos, (foto abaixo) também mentia na adolescência. “Eu tinha medo da repressão dos meus pais, então eu contava mentiras e meias-verdades.” Uma de suas mentiras foi descoberta em uma situação inusitada. “Eu costumava falar que ia para a casa de uma amiga para ficar com meu namorado. Meus pais não sabiam que eu namorava, até que fiquei grávida e tive que contar toda a verdade.”

Janaína lembra que seus pais deixaram de acreditar nela por cerca de quatro anos. “Eles tiveram um choque quando descobriram a verdade. Eu demorei vários anos para recuperar a confiança deles.” Segundo ela, as reuniões do grupo Godllywood a ajudaram. “Com o Godllywood, eu fiquei mais confiante e aprendi a ser uma pessoa verdadeira. É muito bom contar a verdade, só assim encontramos soluções”, finaliza ela, que é mãe de Kauwê, de 9 anos.

Consequências
A desonestidade pode levar a várias consequências negativas. “Quem mente muito acaba comprometendo o relacionamento amoroso, familiar e com amigos. A pessoa também perde credibilidade no trabalho”, enumera Livia. A mentira pode levar o mentiroso a viver uma vida vazia e de aparências.

O hábito de mentir pode estar relacionado a uma patologia chamada mitomania. Nesses casos, a mentira é uma compulsão e faz parte de todas as situações da vida da pessoa. “O mentiroso patológico tem perdas significativas no dia a dia, ele não consegue construir vínculos e pode ficar isolado. Quando isso ocorre, é fundamental buscar auxílio psicológico”, sugere Livia.

Como praticar a verdade?
Ellen explica que o exercício da verdade exige autoestima e coragem. “Nós precisamos parar de ter medo do julgamento dos outros”, diz. Segundo ela, é possível falar a verdade de uma forma educada. “Para isso, a pessoa precisa ter empatia e tentar se colocar no lugar do outro. A sugestão é sempre ter uma conversa pessoal, pois o tom de voz e a expressão corporal ajudam na comunicação”, ensina.

Vida com deus
A mentira é um hábito condenado pela Bíblia. Enganar os outros pode afastar os cristãos de uma vida de bênçãos. Vale lembrar que Jesus se descreveu como a verdade em João, 14.6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.

Outros trechos bíblicos indicam que a mentira não combina com a vida cristã. Em Êxodo, 20.16, lê-se: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Em Salmos, 101.7, a mensagem é clara: “Quem pratica a fraude não habitará no meu santuário; o mentiroso não permanecerá na minha presença”. Nesse sentido, cristãos que desejam fortalecer a própria fé e ter uma vida na presença de Deus devem renunciar a todo tipo de mentira, até as que parecem inofensivas.

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Colaborador

Rê Campbell / Fotos: Gettyimage e Cedidas