Partido dos Trabalhadores (PT) tentou suspender CPI das Universidades

A liminar foi negada, mas discussão a respeito dos objetivos da CPI continua. Entenda

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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Universidades Paulistas já foi instalada e, desde a primeira sessão, polêmicas e discussões têm sido geradas entre os deputados. Ela foi criada para investigar possíveis irregularidades no funcionamento de faculdades públicas do Estado de São Paulo, como, por exemplo, “gastos excessivos” com funcionários e professores.

As discussões em torno dos objetivos se acirraram já na primeira sessão, em abril, na Assembleia Legislativa de São Paulo, quando houve a manifestação de professores universitários e militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e do Partido dos Trabalhadores (PT). A deputada Beth Sahão (PT) chegou a apresentar pedido de suspensão ao Tribunal de Justiça de São Paulo, mas a requisição foi negada.

A polêmica aumentou quando o deputado estadual e presidente da CPI, Wellington Moura (PRB). se posicionou para o jornal O Estado de São Paulo contra o que ele chamou de “aparelhamento de esquerda” das universidades públicas.

“A CPI tem fundamental importância para a sociedade porque estamos visando averiguar a suposta má administração dos investimentos, a insuficiência de recursos e o que podemos fazer para melhorar a qualidade do ensino na vida dos professores e dos alunos. O objetivo desta CPI foi, e continuará sendo, a fiscalização da verba pública e sua legalidade. Quem quer que esteja desvirtuando o foco está com medo do que pode aparecer no curso das investigações”, afirmou Moura.

O economista, jornalista e escritor Rodrigo Constantino comentou a repercussão do caso e foi enfático ao dizer que é preciso investigar todos os pontos já levantados. “A verdade que precisa ser dita é que esses espaços se tornaram antros de doutrinação ideológica, parecem extensões dos diretórios partidários desses partidos de extrema esquerda que ocuparam esses espaços. Eles falam muito sobre tolerância, mas querem instalar a hegemonia do pensamento único. Isso sem falar da questão da corrupção e do consumo de quase todo orçamento dessas universidades com pessoal. Então, tem muita coisa que precisa ser investigada. O ensino brasileiro vem fracassando, basta olhar nossos índices. Não é para isso que o Estado arrecada impostos.”

A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebem 9,57% da arrecadação do ICMS do Estado. O valor atual está em torno de R$ 9 bilhões. O ano de 2018, por exemplo, foi o segundo ano seguido em que parte dos servidores da Unesp ficou sem receber o 13º salário. A instituição divulgou um comunicado interno aos funcionários alegando dificuldades orçamentárias.

O cientista político, professor universitário e especialista em relações internacionais Leandro Consentino afirma que há claramente um problema de gestão que precisa ser analisado. “As CPIs servem para investigar e ninguém deve ser contrário à apuração e à investigação. Temos uma questão grave que é a gestão das universidades públicas, que de fato merece uma apuração para entender por que elas não estão conseguindo se sustentar financeiramente. E aí tem uma série de questões que mexem com os ânimos dessa esquerda que protesta.”

Para o deputado estadual Wellington Moura, toda essa perseguição da oposição só o estimula a continuar o projeto com seriedade. Ele conclui que esse precisa ser um momento de transparência para que se consiga de fato uma evolução na gestão na área da educação.

A CPI das Universidades é composta por nove titulares do PRB, PSL, PT, PSB, PSDB, Novo, PP, MDB e PCdoB.

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Colaborador

Ana Carolina Cury / Fotos: Wellington Moura e Reprodução