Todos esperam que a mulher tenha competência e jogo de cintura para lidar com diversas atividades e ainda tenha tempo para si mesma. Mas, afinal, será que conseguimos abraçar o mundo?

A nutricionista Rosangela Cratz de Sousa, de 39 anos (foto abaixo), e a auxiliar de sala Nicole Gudin, de 22 anos, não se conhecem, mas têm um ponto em comum: elas concordam que o título de super-heroína costumeiramente dado à mulher é falho, pois já sentiram isso na pele. “Certa vez, tive um compromisso na Igreja e um na família no mesmo dia e os lugares eram distantes. Achava que poderia cumprir os dois. Escolhi ir a um lugar primeiro, mas não consegui ir ao outro. Me culpei por isso e foi aí que entendi que a sociedade, com a visão de que as mulheres conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo, cria uma ilusão de que podemos fazer tudo e esse mito precisa ser observado”, diz Nicole.

Ela avalia que tantos afazeres a prejudicaram. “A primeira reação que surgiu foi cansaço mental. Dormir não adiantava e relaxar assistindo TV também não. Achava que o que fazia não era suficiente e isso desgastou também o meu lado emocional. Precisava justamente parar, respirar e ter um tempo.”

Rosangela, que é casada há 21 anos e mãe de três filhos,  conta que, por vezes, pensou em desistir de tudo e sumir.

“Certo dia, cheguei em casa por volta de 23 horas e tinha sujeira por toda a casa e a pia cheia de louça. Quebrei alguns pratos de tanta raiva que senti. A partir daí, decidi dividir as tarefas de casa com todos. Senão, eu enlouqueceria.”

Se quiser bem-feito, faça
A escritora Nanda Bezerra ilustra a situação da importância da divisão de tarefas com o exemplo de Moisés, que é descrito em Êxodo 18.14-22. Moisés era uma pessoa que desejava dar conta de muitas atividades ao mesmo tempo como líder do povo de Israel. “Esse foi o erro de Moisés que muitas de nós também cometemos. Ele estava se desgastando e não estava pensando que havia uma forma mais fácil de resolver a situação.”

Segundo ela, Moisés acertou quando aceitou ajuda. Mesmo sendo um líder, ele foi humilde para aceitar o conselho de seu sogro, Jetro (que o orientou a estabelecer líderes para que sua carga fosse aliviada). Ele teve discernimento para avaliar que aquela sugestão era boa e imediatamente a colocou em prática.”

Nanda também cita o pensamento de muitas mulheres de que se elas quiserem algo bem-feito terão de fazer.

“Quando a pessoa tem esse perfil, com certeza sofre algum desgaste na saúde e vai ter que pagar um preço muito alto por isso”, afirma.

Mudanças
Nicole e Rosangela aprenderam a lição. “Por isso, vejo como é importante termos um relacionamento com Deus.

Quando acontece esse tipo de situação, Deus sempre está ali para nos orientar. Precisamos ter equilíbrio, saber dizer não e não nos cobrarmos por isso”, avalia Nicole.

Rosangela menciona que, em meio a tantos compromissos, ela sabe o que deve priorizar em sua vida: “a área espiritual”, finaliza.

Adeus, estresse

• Delegue as obrigações de casa ou do trabalho;
• Anote o que realmente precisa ser resolvido ao longo do dia, da semana e do mês. Dividir as obrigações alivia a tensão;
• Reserve tempo para cuidar da saúde e da mente;
• Acima de tudo, preze pela vida espiritual. Ela precisa ser prioridade.