Conheça os riscos do excesso de uso de redes sociais

Dificuldades para dormir, obesidade, problemas mentais, ansiedade e queda no rendimento escolar são algumas consequências de passar muitas horas na internet

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Passar muitas horas nas redes sociais pode trazer prejuízos à saúde dos adolescentes. Uma pesquisa feita no Reino Unido mostrou que jovens que gastavam mais de três horas por dia nas redes sociais tinham mais chances de desenvolver obesidade e problemas de saúde mental. Isso porque o excesso de conexão afeta o sono dos adolescentes, que passam a dormir mais tarde e a acordar mais vezes durante a noite. A pesquisa foi realizada com mais de 11 mil adolescentes pela Universidade de Glasgow.

O estudo não culpa as mídias sociais pela privação de sono dos adolescentes, mas indica a relação entre as duas. Dos jovens que passam cinco horas por dia na internet, 68% estão mais propensos a dormir depois das 23 horas. O sono desses jovens é perturbado por notificações de aplicativos e pelo desejo de continuar conversas online. Dormir pouco prejudica o desempenho escolar e pode gerar ansiedade e até depressão.

Memória e sono
O neurocientista Aristides Brito explica que o uso excessivo de smartphones leva muitos jovens a não estimular a própria memória, já que eles acabam contando com a internet para obter informações. “Trabalhar a própria memória no dia a dia é saudável, pois ajuda nos processos de aprendizado”, diz.

Além de usar a memória, há uma segunda etapa no processo de aprendizagem: o repouso e o sono adequado. “O cérebro só guarda o que aprendemos durante o dia quando dormimos bem. É nessa etapa que a memória de trabalho leva as informações para a memória de longo prazo. Quem não descansa e está em contato com inúmeras informações pela internet tem mais dificuldade para absorver novos conhecimentos. É como se fosse um balde de água cheio que continua recebendo mais água”, esclarece.

Adultos prejudicados
O excesso de redes sociais não afeta só os adolescentes. Brito alerta que passar muitas horas no smartphone traz consequências negativas para o corpo e os processos cognitivos. “Quem está o tempo inteiro no smartphone fica focado na visão e limita os outros sentidos que são essenciais para a comunicação, além de estar mais propenso a desenvolver problemas oftalmológicos e lesões por esforço repetitivo que afetam músculos, nervos e tendões”, enumera.

Mito
O neurocientista também rebate o mito de que fazer muitas tarefas com a ajuda do smartphone é algo produtivo. Segundo ele, o cérebro humano está programado para fazer uma atividade por vez. “Ao fazer duas coisas ao mesmo tempo, a pessoa desalinha corpo e mente. Ser multitarefa não é bom, pois na prática nós só estaremos com a atenção focada em uma coisa por vez. O resto será feito por inércia”, esclarece.

Ansiedade
A rapidez que os celulares possibilitam pode gerar efeito contrário ao esperado. “A promessa de dinamização vira um tsunami, um dilúvio de informações e as pessoas perdem a capacidade de reagir. O excesso de conteúdos que chega pelas redes sociais gera ansiedade e a sensação de que é preciso responder tudo de forma rápida. Muitas pessoas têm a sensação de que o mundo está mais lento, pois elas se acostumaram com a velocidade do celular”, pondera. Por isso, o neurocientista recomenda cautela. Ou seja, as redes sociais e os celulares trouxeram muitas facilidades, mas eles não podem se tornar o centro de nossa vida.

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Colaborador

Rê Campbell / Foto: Fotolia