Não era uma espinha, mas um câncer

Saiba o que Valdizia Araújo Alves descobriu sobre o carcinoma basocelular e a própria fé

Imagem de capa - Não era uma espinha, mas um câncer

Em 2010, uma espinha avermelhada no nariz, aparentemente inofensiva, fez a professora Valdizia Araújo Alves, de 38 anos (foto abaixo), procurar um dermatologista. Para surpresa dela, o processo de tratamento e a possível prevenção não seriam tão simples como ela pensava. “Logo de início, o médico disse que era um câncer de pele”, se recordou. Ela ressalta que procurou um especialista porque a espinha, além de não sumir, sangrava algumas vezes quando ela lavava o rosto.

Na ocasião, o dermatologista aplicou um ácido na tentativa de queimar a espinha, mas, em vez dela secar, aconteceu o contrário: “uma mancha preta se formou no local e a ferida começou a crescer mais rápido”.

Segunda opinião
Valdizia procurou outra profissional e ouviu o mesmo diagnóstico. “A dermatologista me disse: ‘não quero te assustar, mas é bem provável que seja câncer de pele’”, disse Valdizia. Então, foi feita uma biópsia. O resultado sairia em uma segunda-feira – duas semanas depois do exame.

Domingo
Há 17 anos, Valdizia conhece a Universal. Ela relembra que no domingo que antecedeu o resultado do exame viveu um propósito de fé na Igreja. Naquele dia, ela desceu do Altar confiante de que a suspeita médica não seria confirmada. Ela não tinha histórico familiar de câncer de pele. Apesar disso, o diagnóstico confirmou a doença, classificada como carcinoma basocelular invasivo, considerado maligno e em estágio avançado. “Ele já estava danificando a estrutura do nariz”, detalha.

Lidar com a própria fé
Lidar com más notícias, palavras negativas e conflitos diários faz parte da trajetória cristã e as reações a essas situações mostram como é a fé de cada um. Naquela ocasião, a fé de Valdizia lhe deu forças. “Aquele momento me levou a me aproximar mais de Deus e passei a trabalhar mais nas reuniões como obreira na Igreja. Falei para Ele: ‘vou ajudar as pessoas e o Senhor vai operar em mim.’ A única pessoa com quem comentei meu caso foi com o Pastor, que me orientou: ‘leve suas queixas a Deus. Ele é o único que pode socorrê-la neste momento’”.

Cuidados
A única recomendação médica era que ela evitasse a exposição ao sol. A rotina de Valdizia não havia sofrido interferência por causa da doença, já que o tratamento, ao contrário do que ocorre em outros tipos de câncer, não seria tão intenso. “Quando fiz a primeira biópsia, a médica me encaminhou para um especialista. Como pele e nariz são delicados, teria que recorrer a um cirurgião plástico”, explica.

Assim que o cirurgião pegou o exame e se deparou com o estágio avançado da doença, solicitou uma nova biópsia para obter mais precisão do quadro. Uma pequena pele da parte superior do nariz foi retirada para análise. Após a obtenção do resultado, ela retornou ao médico. “Quando retornei, a ferida estava seca. Na pele havia só a cicatriz. Foi a mão do próprio Deus agindo nela”, conta Valdizia. Ela acrescenta que “quando o médico pegou o resultado, ele falou: ‘seus exames não deram nada. O que consta aqui é o resultado de uma biópsia que não apresenta nada de malignidade. Faz o seguinte: retorne daqui a um mês para ver como tudo está’”.

Um mês depois
De fato, Valdizia não tinha mais a doença e recebeu alta. “A primeira médica havia dito que, mesmo com a retirada, nada garantiria que não ficariam resquícios e que o câncer poderia voltar em outras partes do nariz. Mas, graças a Deus, nunca voltou. Minha saúde está muito bem e não tenho mais nada.”

Todo o processo, desde a descoberta até o acompanhamento médico, durou oito meses. Para ela, a experiência foi uma oportunidade para fortalecer sua fé. “Aprendi e agora ajudo outras pessoas que passam por isso. Transmito a fé a elas falando o que eu passei e como Deus me honrou”, conclui.

O que é carcinoma basocelular?

A Sociedade Brasileira de Dermatologia descreve que o carcinoma basocelular (CBC), ou carcinoma de células basais (CCB), surge na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele) e é o tipo de câncer de pele mais comum.

Há forte influência do ambiente (como exposição ao sol), física (pele clara) e genética para seu surgimento. As áreas do corpo mais expostas ao sol (face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas) são as que mais apresentam o problema.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) sinaliza que feridas que não cicatrizam em até quatro semanas e manchas na pele que coçam, descamam ou sangram são indícios da doença. O diagnóstico é feito pelo dermatologista, com base no exame clínico e, em alguns casos, biópsia. A cirurgia é o tratamento mais indicado.

“Caso Wolverine”

Em 2017, o ator Hugh Jackman, que interpreta o personagem Wolverine na franquia de filmes X-Men, publicou na rede social uma foto com um curativo no nariz. Era o fim de uma batalha contra o câncer de pele. A legenda dizia: “outro carcinoma basocelular. Graças à frequência de exames e aos médicos incríveis, tudo está bem. Parece pior usando o curativo. Eu juro!”, escreveu, usando a hashtag #useprotetorsolar.

 

 

 

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Demetrio Koch e Fotolia