A água pode acabar?

No Dia Mundial da Água especialistas alertam sobre a importância de cuidar deste recurso natural

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Anualmente, sempre no dia 22 de março, é comemorado o Dia Mundial da Água. A data foi criada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993. O principal objetivo da data é o de alertar a população para a necessidade de preservar a fonte de vida do planeta terra, onde cerca de ¾ de sua superfície é composto por água.

Sobre o tema, diversas afirmações são disseminadas. Porém, entre elas, duas são bastante polêmicas. A primeira diz que a água vai acabar, e a segunda, contradizendo a primeira, diz que o recurso hídrico é inesgotável.

Em entrevista aos jornalistas Ana Carolina Cury e Decio Caramigo, do programa Brasil Notícias, que vai ao ar diariamente pela Rede Aleluia (99,5) e Rádio Record (AM 1000), o biólogo e educador ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica, Cesar Pegoraro, tirou algumas dúvidas sobre estas afirmações e ressaltou a importância de usar a água de modo consciente.

“Na verdade, a água não vai acabar. O que teríamos é uma dificuldade cada vez maior para consegui-la com qualidade. Esse, talvez, seja o nosso maior desafio”, explicou o educador.

Já se passaram cinco anos desde que o Brasil se comprometeu a universalizar o acesso à água potável, entre outros pontos. Porém, mais da metade da população ainda não pode contar com tratamento de esgoto, segundo um estudo de saneamento básico no país, produzido pela Agência Nacional de Águas (ANA).

O educador observa que mesmo possuindo o maior manancial do mundo, no Brasil, muitas pessoas adoecem por causa da qualidade da água que ingerem. Também pela falta de saneamento básico e, distribuí-la, requer um maior empenho do poder público.

“Não temos programas para a captação e uso da água de chuva, nem projetos e ações populares que contribuam com a preservação da água, como recuperação de áreas verdes, nascentes e margens dos rios”, pontuou.

Também em entrevista ao Brasil Notícias, a pesquisadora da Fundação Getúlio Vagas, especialista em governança e gestão ambiental e cidades, Laura Sílvia Valente de Macedo, comenta que muitas campanhas estão sendo incorporadas à discussão sobre o uso do recurso hídrico, como a questão da poluição dos oceanos. Para isso, no entanto, tem de haver essa educação ambiental.

“A atuação do governo é importantíssima. Porém, ao mesmo tempo, combater o desperdício e buscar sistemas mais eficientes de distribuição e de tratamento da água, não quer dizer que o consumidor tenha que delegar todas as responsabilidades só para o governo. As pessoas não têm só direitos, elas têm deveres. Então, é muito importante que saibam que o seu consumo de água causa impacto também para todas as outras pessoas”, concluiu a especialista.

Preservação e uso consciente

 Para o Dia Mundial da Água, o presidente Jair Bolsonaro anunciou uma campanha de retirada do lixo do mar. O Ministério do Meio Ambiente usará uma armação de metal em formato de tubarão-baleia como símbolo de combate à poluição marinha.

O tubarão de metal com 15 metros de comprimento será preenchido com o lixo que será retirado do mar. De acordo com o presidente, a campanha é a primeira etapa de uma agenda ambiental urbana.

Outra boa notícia é que o Distrito Federal é a primeira unidade da federação a regulamentar o reuso da água.

A Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) firmaram um convênio onde estudaram a possibilidade de utilizar a água da chuva e o reuso da chamada água cinza – que é o efluente doméstico com baixo grau de contaminação, proveniente dos chuveiros, pias de banheiro e máquinas de lavar.

O resultado do estudo foi a resolução publicada nesta semana que regulamenta a implantação, operação e controle da qualidade de sistemas prediais de água não potável.

 

(*) Entrevistas concedidas ao programa “Brasil Notícias”

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Colaborador

Redação (*) / Foto: iStock