Veteranos na vida, novatos na internet

Idosos espalham mais fake news do que os jovens, indicam estudos que atribuem isso à ingenuidade dos usuários de mais idade

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É senso comum que quem está na terceira idade não usa a internet ou tem pouca paciência com ela, mas dados atuais mostram que os usuários nessa faixa etária não são poucos: só no Brasil eles somam 8,6 milhões. Esse é o grupo de internautas que mais cresce no País, segundo registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entretanto, apesar de terem mais experiência na vida real, os idosos podem ser considerados ingênuos na vida digital – embora haja exceções. Um estudo das universidades de Princeton e de Nova York, nos Estados Unidos, mostra que a inexperiência e a boa-fé das pessoas de mais idade fazem desse grupo o maior espalhador das fake news, as tão faladas notícias falsas, nas mídias sociais.

Segundo os pesquisadores norte-americanos, só no Facebook, por exemplo, quem tem mais de 65 anos compartilha, em média, sete vezes mais notícias falsas do que usuários entre 18 e 29 anos. Quando comparados ao grupo de internautas entre 45 e 65 anos, os idosos distribuem o dobro de fake news.

Esses dados são preocupantes, pois, como visto no começo deste texto, esses 8,6 milhões de usuários da terceira idade perfazem 7% do total de internautas brasileiros. Em 2017, só para termos uma noção melhor, 2,3 milhões de pessoas acima dos 65 anos usaram a internet pela primeira vez e estão longe de parar.

Inexperiência e boa-fé
O estudo realizado por Princeton e Nova York foi feito em uma época bem oportuna: o período da campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016, que teve como vitorioso o megaempresário Donald Trump, que concorreu pelo Partido Republicano contra Hillary Clinton, do Partido Democrata.

Para os pesquisadores, a maior disseminação de notícias sem comprovação sobre os candidatos foi entre os idosos por causa de seu baixo conhecimento de mídias digitais, o que comprometia o reconhecimento de conteúdos falsos.

Aqui no Brasil, onde recentemente também elegemos um presidente, a onda de boatos no período eleitoral também não foi pequena, fazendo com que a Justiça Eleitoral começasse a prestar mais atenção ao assunto e realizasse campanhas de conscientização para que ninguém compartilhasse dados sem comprovação.

Oportunidade de interação
Obviamente, o bom uso da internet é benéfico para usuários de todas as idades, desde que feito com critério e muita atenção. Para as crianças, é preciso o óbvio controle de pais e responsáveis, principalmente pelo fato de a rede mundial de computadores ser hoje a maior fonte de informações – boas ou ruins – e determinante na formação da personalidade dos pequenos.

Também é de bom tom que as pessoas da terceira idade, com todo o respeito por sua experiência de vida, sejam alertadas sobre a má-fé com que algumas notícias são expostas na web como “iscas” para os incautos. Está aí mais uma oportunidade de uma saudável interação entre gerações diferentes e o estabelecimento de um diálogo enriquecedor para ambos os lados, com os idosos e os mais jovens debatendo o que foi lido nas telas antes de passarem a informação para a frente.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Fotolia