Cresce incidência de casos de sífilis no Brasil

Uma doença antiga que volta a ameaçar as pessoas depois de registrar um aumento de quase 2000% entre 2010 e 2016

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Você já ouviu falar de uma doença chamada sífilis? Segundo especialistas, ela é transmitida por uma bactéria chamada Treponema pallidum, principalmente por meio de relação sexual, transfusão de sangue contaminado, durante a gravidez (pelo contato da placenta com o feto) ou até mesmo na hora do parto pelo contato entre mãe e filho. Se não for tratada, ela pode ocasionar demência, cegueira e má-formação, no caso em que atinge os fetos.
Os sinais e sintomas da sífilis variam dependendo da fase em que a doença esteja: primária, secundária, latente e terciária – que pode levar à morte. São os sintomas que auxiliam na determinação da gravidade da infecção. O diagnóstico é feito geralmente por meio de exames de sangue.
O que chama atenção é que, nos últimos anos, as pesquisas registram um grande aumento no número de casos em todo o País e também no mundo. Em 2010, o número de contaminados foi de 3,8 mil. Já em 2016, foram registrados 87.593 mil casos, o que corresponde a um aumento de quase 2000% em seis anos. Em relação à infecção congênita – que é transmitida pela mãe aos bebês –, foram 20.474 casos notificados. Por isso, em outubro daquele ano, o Ministério da Saúde reconheceu que o problema estava fugindo do controle e decretou situação de epidemia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que todos os dias sejam diagnosticados pelo menos 1 milhão de casos de infecções sexualmente transmissíveis, sendo que a sífilis é a que se destaca mais.
Esse crescimento preocupa os especialistas e deixa alguns questionamentos, uma vez que a sífilis é uma doença extremamente antiga. Há livros que mostram que a bactéria chegou à Europa praticamente ao mesmo tempo em que a notícia do descobrimento do continente se espalhou. Os pioneiros das grandes navegações podem ter contraído a bactéria e, no caminho de retorno aos seus lares, a espalharam pela Europa.
Mas ainda há pesquisadores brasileiros que apontam uma origem mais antiga depois que fizeram análises de ossadas com mais de 4 mil anos: a sífilis poderia ter surgido entre 16,5 mil e 5 mil anos atrás.
Questionamentos
Como é, então, que o Brasil conseguiu virar palco de uma epidemia relacionada a uma doença tão antiga? Os especialistas citam que as principais causas são as práticas sexuais inseguras, o aumento do número de diferentes parceiros sexuais e a prostituição.
Os cientistas estudam atualmente a possibilidade de desenvolvimento de uma vacina. Mas é importante ressaltar que o melhor método de prevenção é usar a sabedoria na vida sexual, ou seja, ter um parceiro fixo e sexo só depois do casamento – e não antes dele. Além disso, é preciso cultivar a fidelidade no matrimônio.
Infelizmente, vivemos uma época em que as pessoas trocam de parceiros facilmente e invertem as fases naturais de uma relação, priorizando a vida sexual antes do casamento e tratando-a de forma banal. E é por isso que doenças venéreas como a sífilis, que nem deveria mais existir, se perpetuam.

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Colaborador

Ana Carolina Cury / Foto: Fotolia