“Minha vontade era de matar a minha mãe”

Uma perda familiar trouxe desequilíbrios para a vida de Gabriel Ferreira. Mas, por meio da fé, ele se livrou dos traumas do passado

Imagem de capa - “Minha vontade era de matar a minha mãe”

Gabriel Ferreira, de 18 anos (foto abaixo), nasceu na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Apesar da pouca idade, em sua história consta “um sofrimento precoce”, como ele menciona. “Acompanhei a destruição da minha família quando tinha apenas 4 anos. Meu pai era viciado em bebida alcoólica e minha mãe vivia um inferno ao lado dele. Havia agressões e brigas.”
Algum tempo depois veio a notícia: seu pai havia morrido de cirrose. Gabriel, então, cresceu revoltado, vendo a dificuldade de sua mãe de criá-lo e aos seus irmãos. Em seguida, a postura dela passou a ser outra. “Ela me batia muito e por qualquer coisa. Mesmo vendo seu esforço em nos sustentar, com o tempo, passei a nutrir uma raiva incontrolável. Muitas vezes, a minha vontade era de matá-la.”
Para ele, os únicos momentos que conseguia relaxar era quando estava com os amigos da escola. Foi assim que surgiu nele a curiosidade de saber o que eles faziam depois da aula. “Eles iam em um lugar reservado e lembro de vê-los sempre rindo, felizes. Até que os acompanhei. Ali foi o meu primeiro contato com a maconha”, descreve.

Fuga
Depois do uso da maconha, Gabriel passou a usar lança-perfume e cocaína. “Pela primeira vez, me senti eu mesmo, com um período de euforia. Por alguns segundos, eu era outra pessoa e estava em outra realidade. Já não lembrava mais do meu pai e da vida miserável que levava, da raiva nem do vazio que carregava. Aos 13 anos, ficava mais na rua do que em casa. Quase não via minha mãe e, quando a encontrava, as brigas eram horríveis.”
Então, para sustentar o vício nas drogas, logo Gabriel entrou para o tráfico. Por causa disso, chegou a ser detido cinco vezes na Fundação Casa.
Em uma das saídas de lá, ele recebeu um convite para entrar para uma facção criminosa. Por várias vezes, chegou a desejar a própria morte. “Sabia que o que me esperava era a morte ou a cadeia. Mas minha vida já não fazia sentido.”
Quando aconteceu um problema com um “cliente”, Gabriel precisou se apresentar ao chefe da “biqueira”. Naquela noite de sexta-feira, ele percebeu um grande movimento na avenida, de carros policiais em alta velocidade, e se assustou. “Saí correndo como louco. Quando fui saltar um muro, escutei um tiro. Me desequilibrei e cai em um terreno baldio. Fui puxado pela perna por um policial.” Então, foi preso novamente.
Reviravolta
Depois desse episódio, sua mãe recebeu um convite para ir à Universal. Quando ganhou a liberdade, Gabriel pôde conhecer o Deus que havia transformado a vida dela. “Depois que me entreguei a Ele, tudo mudou, meu jeito agressivo e impaciente. Me libertei dos vícios e daquele jeito de pensar. Hoje sou feliz. Jesus preencheu o vazio que havia dentro de mim.”

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Demetrio Koch