Unidos, em uma só fé

Milhares de líderes de diversas denominações se reuniram no Templo de Salomão, e não deixaram dúvidas quanto à força da avalanche evangélica que já alcançou cerca de 60 milhões de pessoas no País

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Edilson Carlos dos Santos, de 52 anos, se converteu aos 16 anos. “Fui o primeiro da minha família”, disse. “Um amigo me chamou para ir à igreja. Fui, gostei e nunca mais saí”, conta Edilson, que desde 1994 é pastor da Assembleia de Deus, no município de São João do Meriti, no Rio de Janeiro.
Ele veio a São Paulo pela primeira vez exclusivamente para participar do Congresso Renovação, culto interdenominacional promovido pela Universal que visa promover o diálogo e a aproximação entre cristãos de diferentes igrejas evangélicas, incentivando-os à comunhão e à reflexão quanto a fé e a vida com Deus. O último encontro, que aconteceu às 10h, no Templo de Salomão, no dia 28 de julho, reuniu mais de 7 mil apóstolos, bispos, pastores, diáconos, presbíteros, obreiros e todos que ocupam cargos de liderança em diferentes localidades do País. Outros milhares acompanharam via videoconferência nas sedes da Universal nos Estados e pela internet, por meio da plataforma Univer Vídeo.
O pastor Edilson estava acompanhado de sua esposa, a pastora Adriana da Silva dos Santos, de 56 anos, e do pastor Cosme Lourenço, da Assembleia de Deus – Ministério Oásis, de Nilópolis, no Rio de Janeiro, que ressaltou a importância de diversas denominações estarem reunidas em nome do mesmo objetivo. “Isso cumpre exatamente o que a Bíblia diz, ou seja, que a unidade é o princípio da Igreja. Esse princípio de unidade é importante para mostrar para a sociedade que a Igreja é uma só, que não deve existir divisão. Há bandeiras, mas não divisão. Uma Igreja desunida não vence”, expôs o pastor Cosme Lourenço, que tem 43 anos.
Fé que une
O pastor Moisés Felipe Santana, de 47 anos (foto a esq.), da Assembleia de Deus do bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, pensa da mesma forma: “Deus não é Deus de denominações, Deus não tem várias famílias. Deus não tem amantes”, afirmou. E acrescentou: “Deus tem uma família, que é a dos lavados e remidos no sangue do Cordeiro. Se é a tua família, é a minha família. A família dos salvos. Deus não é Deus de rótulos”.
Ele participou do encontro com sua irmã, Ângela Cristina Santana, de 51 anos, e com um casal de amigos: o presbítero Gilson Batista, de 63 anos, e Regina Oliveira Santana da Silva, 52 anos (foto acima). Todos são da mesma Igreja e eles saíram do Rio às 23 horas do dia 27 de julho.
O pastor Moisés é convertido há 30 anos, pastor há 10 e estava muito comovido. “Acho que estar aqui é dever de todo cristão. Aqueles que não conseguem chegar em Israel, conseguem chegar até aqui. O Deus de perto também é o Deus de longe.”
Juntos, lado a lado
O Congresso Renovação foi inicialmente, conduzido pelo Bispo Renato Cardoso, responsável pelo trabalho da Universal no País, que pontuou a renovação da fé como motivo do encontro. Na oportunidade, ele ressaltou que as dificuldades existem para fortalecer a vida do cristão. “Às vezes, não entendemos por que certas coisas acontecem, mas não temos de perguntar o motivo, mas atentarmos para o propósito para o qual elas acontecem”, mencionou.
O Bispo citou a história de Moisés que, somente depois de passar 40 anos no deserto, pôde entender o propósito de Deus em sua vida. “Só um líder que tinha vivido no deserto poderia conduzir o povo no deserto. Foque no alvo. Se permanecermos na fé, confiando, lá na frente entenderemos.”
A mensagem central relacionou-se à graça e à fé e provocou uma reflexão nos presentes.
Não é um número qualquer
Não é de hoje que a massa evangélica tem demonstrado uma força expressiva. Os números comprovam, como pôde ser visto no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2010, o órgão apontou que, no Brasil, existiam mais de 42 milhões de evangélicos, o que equivale a 22,2% da população. Em 10 anos, o número de cristãos evangélicos cresceu significativamente.
Embora o próximo Censo seja em 2021, estatísticas informais sugerem que hoje o País conta com aproximadamente 60 milhões de evangélicos, sendo que a população do País soma mais de 207 milhões. “O Brasil está se tornando um País evangélico”, pontuou o Bispo Eduardo Bravo, responsável pelas relações interdenominacionais
da Universal.
Também, pudera, já era hora de o Brasil sentir os efeitos da Reforma Protestante que teve início na Europa, durante o século 16. Há 501 anos, o então teólogo alemão Martinho Lutero e suas 95 teses rompiam laços com a religião oficial. Depois dele vieram outros, como João Calvino, na Suíça, que não viam sentido em apoiar sua fé em indulgências e pensamentos orquestrados por uma autoridade única.
Estudiosos apontam que essa liberdade religiosa chegou no Brasil com a Independência, em 1822, reforçada com a Constituição de 1824. Mas foi só no século 20 que o surgimento de igrejas protestantes deu início à avalanche evangélica, algo visto até os dias de hoje.

Desafios
“Não queremos 60 milhões de evangélicos, mas 60, 70, 80 milhões de convertidos, regenerados pela Palavra”, disse o Bispo Bravo (foto a dir.), falando da importância dos encontros do
Congresso Renovação promovidos pela Universal no Templo de Salomão e também em diversas igrejas do País. Para ele, “a maior riqueza de um povo é a unidade da fé”.
À frente desse projeto desde outubro de 2017, ele destaca que os encontros buscam reunir “aqueles que têm o objetivo de ganhar almas e fazer a diferença”.
Os encontros também suscitam a percepção para algo notório, a exemplo do que aconteceu no Templo: líderes de diferentes denominações evangélicas lado a lado. “As muralhas criadas ao longo dos anos caem por terra quando realizamos esses congressos”, salientou o Bispo. Ele reforçou que os encontros derrubam “muros de divisão e pré-conceitos”, muitas vezes disseminados pela mídia e pelas chamadas fake news (notícias falsas).
Foi o que pôde ser visto no fervoroso coro formado pelos presentes no momento da oração. “Quando nos unimos para clamar pelo Brasil, milhões de vozes se unem na mesma fé”, completou o Bispo Bravo.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Marcelo Alves