O que te dói na ALMA?

Mais de 700 milhões de pessoas no mundo sofrem de algum distúrbio interior. Confira histórias de quem já apresentou o problema e saiba o que foi feito para vencê-lo

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Mãos e pés gelados, cabeça pesada e dolorida, coração acelerado e sem ritmo, músculos tensos, respiração ofegante, formigamento pelo corpo e pensamentos aterrorizantes, como se uma tragédia estivesse prestes a acontecer. Esses são alguns dos sintomas da síndrome do pânico, uma das doenças mentais mais comuns do mundo.

O problema é tão debilitante que, durante as crises, o indivíduo pode acreditar que está tendo um ataque cardíaco. “Muitas pessoas vão ao pronto-socorro pensando que algo sério está acontecendo com seu coração. É uma avalanche de ansiedade extrema, provocada por um pensamento de que uma situação de perigo vai acontecer”, explica o psiquiatra Damasceno Rolzan.

Outros sinais evidentes em quem tem síndrome do pânico são dificuldade de concentração, preocupação excessiva, insônia, náuseas, visão embaçada, fraqueza e dores abdominais.

As crises geralmente têm o auge em dez minutos, mas podem durar até meia hora. “O indivíduo apresenta os sintomas inesperadamente, como enquanto está dirigindo, fazendo compras, trabalhando ou até dormindo, por exemplo”, descreve o profissional.

O sofrimento da pessoa não ocorre apenas durante as crises, mas também entre uma e outra. Com medo de ter novos ataques, ela acaba se excluindo do convívio com a família e os amigos. Em alguns casos, só consegue sair de casa acompanhada.

Era o caso da empresária Maria Aparecida Nascimento de Oliveira, de 43 anos (foto a dir.), que começou a apresentar síndrome do pânico aos 14 anos. “Eu não conseguia sair na rua sozinha. Com isso, larguei o colégio. Também não permanecia em filas, no meio de multidões nem em ambientes fechados”, lembra.

Os sintomas surgiram por causa do bullying que ela sofria na adolescência. “Sentia-me inferior e rejeitada pelos meus colegas. Tinha vergonha por me achar muito branca. Mais tarde, fiz até sessões de bronzeamento artificial para mudar a cor da minha pele.”

Interiormente, Maria não tinha forças para reagir a esse sofrimento. Foram quatro anos convivendo com os ataques que eram acompanhados de vertigem, taquicardia, falta de ar, sudorese e sensação de desmaio. “Sentia-me sozinha, vazia, triste, fraca. Era como se eu assistisse a minha vida passar pela TV ou pela janela do apartamento”, conta.

Até que, certo dia, ela decidiu que suas fraquezas não apontariam mais o rumo de sua vida. Durante uma reunião na Universal, encontrou forças para combater o problema. “Minha vida mudou desde o primeiro dia que passei a buscar a Deus. Já dormi bem na primeira noite, pois há muito tempo sofria de insônia.”

Ela sacrificou sua vida no Altar e recebeu a força de que precisava para transformar todo o seu interior. “Não medi esforços em sacrificar, porque eu tinha encontrado algo maior que tudo o que tinha. A partir dali, passei a sentir apenas vontade de viver mais”, afirma.

Consequências

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os distúrbios mentais contabilizam 13% de todas as doenças existentes no mundo. São tão incapacitantes que, nos últimos quatro anos, foram considerados a terceira maior causa de afastamento de trabalhadores das empresas.

Apesar de serem psíquicos, estão relacionados às emoções do indivíduo. “O excesso de estímulos que ele recebe durante a apresentação de um ou mais sintomas causa uma desordem no seu interior, que leva ao adoecimento da alma. Por isso, podem ser considerados como ‘doenças da alma’”, esclarece a neuropsicóloga Salete Fredmann.

Geralmente, esses distúrbios são desencadeados por situações traumáticas, como doença grave na família, perda de um ente querido, violência doméstica, problema no relacionamento, entre outras. Por isso, são de difícil diagnóstico. “Muitas vezes, a ferida fica escondida no fundo da alma. O desafio é entendê-la para dar-lhe um tratamento adequado”, reconhece a especialista.

As doenças da alma também podem desencadear outros problemas de saúde. De acordo com o cardiologista João Vicente da Silveira, do Hospital Sírio-Libanês, muitos distúrbios estão associados a doenças cardiovasculares. “Ansiedade, bipolaridade e depressão, por exemplo, estão ligadas a problemas como arritmias, infarto, insuficiência cardíaca, morte súbita e acidente vascular cerebral (AVC). Elas também facilitam o aparecimento de diabetes, que é um grande fator de risco de infarto agudo do miocárdio”, explica.

Além disso, pacientes que apresentam algum distúrbio mental geralmente têm estilos de vida favoráveis ao surgimento de novas doenças. “Eles apresentam altos índices de sedentarismo, obesidade, aumento da circunferência abdominal e, geralmente, fazem uso de bebidas alcoólicas e tabaco, que são grandes fatores de risco”, acrescenta.

Medo exagerado

A depressão é outra doença da alma muito comum, considerada atualmente uma epidemia mundial. De acordo com a OMS, o problema atinge mais de 320 milhões de pessoas em todo o mundo – entre elas, mais de 11 milhões de brasileiros.

Os depressivos geralmente apresentam sentimento de culpa, desânimo e cansaço extremos, falta de concentração e sensação de inutilidade. Além disso, têm alterações no apetite, no sono e na psicomotricidade (ficam mais lentos ou agitados).

A psicanalista Margareth Novaes Sabre explica que a depressão é diferente da tristeza profunda. “A tristeza é ligada a um acontecimento. Já a depressão não depende apenas de um único motivo: tudo o que a pessoa faz é sofrido para ela. O vazio que ela sente na alma é constante.”

As consequências da doença sobre o organismo podem ser devastadoras. Uma pesquisa publicada pelo Centro de Estudos sobre Vícios e Saúde Mental (CAMH), do Canadá, concluiu que a depressão pode prejudicar o cérebro da mesma forma como o Alzheimer e outros tipos de demência.

Outra doença da alma bastante frequente é o transtorno de ansiedade generalizada. O Brasil é líder nesse ranking, já que mais de 9% da população apresenta os seus sintomas.

A sensação de ansiedade é uma reação normal do corpo diante de alguma situação de ameaça. Contudo, ela se torna um distúrbio por causa da intensidade e da frequência. “Uma pessoa, por exemplo, pode ter tanto medo de falar em público que toda vez que faz isso fica com tremores, taquicardia, falta de ar, etc. Se a incapacita a esse ponto e afeta sua rotina, trata-se de um transtorno”, descreve Margareth.

O jovem Edigard dos Santos Junior, de 20 anos (foto a esq.), tinha fortes crises de ansiedade. A preocupação com o futuro era tão grande que ele não conseguia se controlar. “Minha garganta fechava e eu sentia uma pressão muito forte no peito. Todo dia, achava que iria dormir e não iria mais acordar.”

Ainda adolescente, ele não sabia lidar com a discriminação que sofria na escola e com as ofensas e agressões de seu pai, que era alcoólatra. “Era uma angústia tão grande que eu vivia pensando em me cortar. Quando vinham os pensamentos de morte, eu me sentia muito fraco”, admite.

Um acontecimento que o levou a ter uma forte crise de ansiedade foi o vestibular. “Logo depois que fui fazer a prova, passei por dois hospitais com dor no peito. Mas nada foi diagnosticado.”

Além da extrema ansiedade, Edigard sofria com transtorno fóbico, que consiste em sentir medo exagerado de situações ou coisas simples. “Teve um dia que tomei um suplemento e, depois de pesquisar sobre ele na internet, fiquei tão desesperado que senti fortes dores”, exemplifica.

Ele conta que tomou alguns medicamentos para combater esses distúrbios. Contudo, não foram suficientes. A saída foi se abrir com Deus. “Fiz uma oração de dentro da alma, pedindo que Ele tirasse aquelas fraquezas de mim.”

Edigard passou a frequentar as reuniões de libertação na Universal e entregou-se a Deus para se tornar forte e obter a mudança interior. “Eu sabia que, se não recebesse o Espírito Santo, cedo ou tarde, poderia ter mais algum problema. Então, subi ao Altar para sacrificar toda a minha vida. Quando desci, já estava selado por Seu Espírito”, comemora.

Desequilíbrio

Outros distúrbios frequentes na sociedade são o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e o transtorno afetivo bipolar do humor.

O primeiro é caracterizado por ideias persistentes e repetitivas, que surgem involuntariamente e causam incômodo. “Às vezes, é uma obsessão por higiene, por organização, por preocupações, mas sempre em excesso, extrapolando o limite do normal, acompanhadas de sentimentos que causam sofrimento”, afirma a psicanalista Margareth.

Quando a pessoa começa a repetir a mesma ação, pensando que se não a fizer lhe acontecerá algum mal, começa o processo de compulsão. É o caso, por exemplo, de quem verifica várias vezes se a porta foi trancada ou se a torneira foi fechada.

No transtorno de estresse pós-traumático, os sintomas aparecem depois de uma situação traumática, como acidente de carro, abuso sexual ou sequestro. Pode ocorrer com quem sofreu o trauma ou com uma pessoa próxima. “O indivíduo fica imaginando que a situação que gerou o trauma vai se repetir a qualquer momento e aí começa a sentir náuseas, diarreia, dor de cabeça e suor nas mãos”, detalha Margareth.

O transtorno afetivo bipolar do humor é caracterizado pela variação brusca e extrema de temperamento. A pessoa pode estar eufórica, feliz e satisfeita em um momento e no seguinte estar em depressão profunda. Durante as situações de euforia, o doente bipolar apresenta diversas manias.

A designer de interiores Carolina Feitosa, de 29 anos (foto acima), sofria desse transtorno quando era mais jovem. Os sintomas surgiram após o término de um relacionamento. “A bipolaridade era um dos grandes desafios no meu convívio familiar. Alguns dias, eu acordava e falava com todos; outros, eu não falava com ninguém. Eu ia de oito a 80 em questão de segundos.”

Durante as situações de depressão, ela sentia sono excessivo, isolamento social, crises de choro e muito desânimo. Eles eram fruto de outro problema interior: o transtorno alimentar.

Aos 13 anos, Carolina começou a fazer dietas em excesso e, por isso, teve anorexia e chegou a pesar 32 quilos. Aos 15 anos, vieram as crises diárias de compulsão alimentar e a bulimia. “Comia o dia todo e ficava muito cheia, mas não podia ficar com aquilo dentro de mim. Muitas vezes, eu comia sentada no chão do banheiro, já colocava o dedo na garganta e vomitava. Nessa época, cheguei a pesar 88 quilos”, descreve.

O desejo de obter o corpo ideal era tão grande que ela se viciou em remédios para emagrecer e em academia. “Era uma busca incansável pelo corpo perfeito, com muita intensidade e excesso para obter resultados rápidos”, conta.

Em 2015, Carolina decidiu pôr fim à sua fraqueza. Durante as reuniões na Universal, ela aprendeu o que precisava para ficar livre de todas aquelas doenças que lhe doíam na alma. “A minha sede e determinação de conhecer a Deus e libertar-me de todo aquele mal era tão grande que eu passei a ir todos os dias à igreja. Eu me entreguei 100% para aquela fé que eu conheci e comecei a obedecer à Palavra de Deus em tudo”, destaca.

Ela se entregou totalmente no Altar e, em alguns meses, estava curada. Então, ela pôde recomeçar. “Acabaram todos os complexos, medos, vícios, traumas. Hoje, eu sou uma mulher segura, confiante e forte. Semanas depois, a primeira porta de emprego se abriu; depois, outra maior e tudo foi sendo transformado”, testemunha.

Cura

O Bispo Guaracy Santos (foto a dir.), responsável pela Universal no Estado do Ceará, destaca que as emoções controlam as pessoas, e, assim, colaboram para a ocorrência desses transtornos, bem como para suas consequências. “Quando uma pessoa está muito ‘pilhada’ emocionalmente, mais cedo ou mais tarde, ela vai chegar à imunidade zero e ficar suscetível a todo tipo de enfermidade.”

Ele considera que todos os distúrbios são sérios, mas enfatiza que a síndrome do pânico e a depressão adoecem bastante a alma da pessoa. “Quando os sintomas dessas doenças se manifestam, é como se, espiritualmente falando, a pessoa estivesse em estado terminal”, compara.

Apesar dessas doenças geralmente não serem facilmente diagnosticadas, por meio da fé é possível encontrar a raiz delas para eliminá-las de vez. “É preciso ser humilde e corajoso e reconhecer o que está por trás da enfermidade para combatê-la”, destaca o Bispo.

Mesmo que a pessoa se sinta fraca em razão dos sintomas, com Deus ela obtém a força necessária para ser curada. “A transição da fraqueza para o fortalecimento ocorre quando o Espírito Santo passa a se abrigar dentro da pessoa. Então, tem de se aliar a Deus em uma busca incessante e determinada pelo espírito da força, que é o Espírito Santo”, argumenta.

Portanto, se você tem algum desses transtornos que faz doer a sua alma, busque pelo Criador da vida. Ele habitará em você para torná-lo forte e lhe dará, assim, a cura definitiva.

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Colaborador

Por Janaina Medeiros / Fotos: Fotolia, Demetrio Koch e Mídia FJU