O que você ganha ao perdoar?

Conheça os benefícios dessa atitude e entenda por que ela é capaz de transformar vidas

Imagem de capa - O que você ganha ao perdoar?

É comum nos sentirmos bem quando somos perdoados. Afinal, o perdão torna nosso interior leve e livre dos sentimentos que existiam antes do perdão ser concedido. Mas não é só quem é perdoado que alcança esses benefícios. Da mesma forma, quem perdoa recebe inúmeras vantagens que contribuem com todas as áreas da vida.

O primeiro benefício que alcançamos ao perdoar é a liberação dos sentimentos negativos que nos aprisionam enquanto não perdoamos, como explica a coach de relacionamento Margareth Signorelli. “Carregar ressentimento ou mágoa de alguém é um peso, um bloqueio para a nossa vida. Então, devemos perdoar para nos libertarmos deles.”

Muitas vezes somos impedidos de tomar essa atitude por causa das nossas emoções. Contudo é preciso ignorá-las para agir racionalmente. “Se você souber claramente que quem sofre é quem segura esses sentimentos, vai querer se livrar deles. Essas emoções são uma grande barreira que impede que nossa vida flua levemente”, garante a coach.

De acordo com o Bispo Antonio Moraes (foto abaixo), responsável pela Universal no Rio Grande do Sul, o ato de perdoar é uma das atitudes mais importantes para se manter a comunhão com Deus. “A pessoa que guarda algum tipo de ressentimento está com seu interior envenenado, corroído e contaminado. Se deseja receber o perdão de Deus e o Seu Espírito, antes deve perdoar de todo o coração, pois só dessa forma o Espírito Santo encontrará espaço para entrar e permanecer em sua vida”, aponta.

Ele afirma que não adianta uma pessoa ter atitudes cristãs e se recusar a emitir o perdão, porque a sua vida não se desenvolve por inteiro. “Por maiores que sejam seus esforços, nunca terá uma vida plena. Pode até conquistar bênçãos terrenas pela fé, mas sempre vai lhe faltar o mais importante: a paz que excede todo entendimento e a certeza da Salvação da Alma.”

O Bispo José de Holanda, responsável pela Universal na Bahia, lembra que somente somos perdoados por Deus quando também perdoamos. “O Senhor Jesus foi bem específico em suas palavras quando disse: ‘Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não perdoará as vossas ofensas’ (Marcos, 11.26)”, confirma.

Vantagens para a saúde

Perdoar também vai ajudá-lo a ter mais saúde. Quem não perdoa, libera mais cortisol, o hormônio do estresse. Quando ele está no nível normal no organismo, reduz inflamações e contribui para o bom funcionamento do sistema imunológico. Contudo, quando está em excesso, causa diversos problemas. “O cortisol pode provocar aumento do peso, da pressão arterial, da glicemia e da frequência cardíaca, além de causar envelhecimento precoce. Ele também pode ocasionar outros sintomas nocivos como insônia, fadiga, dores e vertigens”, enumera o cardiologista Carlos Duarte Leite.

Quem perdoa também sente melhora no bem-estar. “Quem guarda ressentimento pode sofrer com variações de humor, ansiedade e transtorno de personalidade. Mas, se a pessoa perdoa, ocorre um aumento na liberação de serotonina e dopamina, neurotransmissores que melhoram o humor”, completa o especialista.

Como perdoar?

O Bispo José de Holanda explica que é preciso buscar com Deus a força necessária para conseguir ter essa atitude, quando não se tem vontade. “Quando a pessoa tem Deus, ela perdoa quantas vezes for necessário, como o Senhor Jesus nos ensina: ‘Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete’ (Mateus 18, 21.21). Podemos observar também no segundo maior mandamento da Bíblia que diz ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo’ que ainda que o próximo não mereça, ele deve ser perdoado.”

O primeiro passo é decidir perdoar, mesmo que ainda sinta algo pela pessoa. “É preciso controlar os impulsos do coração, pois ele é rebelde e enganoso e jamais controlará a razão de uma pessoa decidida e definida”, diz o Bispo Antonio.

Em seguida, é necessário orar pela pessoa que o magoou. “Mencione o seu nome diante de Deus e vá pronunciando palavras de bênçãos a ela”, completa.

A partir daí, você ficará livre de todo peso. “Mediante esse esforço de fé, o Espírito Santo removerá instantaneamente esses sentimentos do seu coração”, argumenta o Bispo Antonio.

Portanto, se alguém errou com você, ainda que seja grave, não perca tempo alimentando qualquer sentimento negativo. Em vez disso, decida perdoar e siga em frente. Você se sentirá mais leve e mais saudável em todos os sentidos.

Cura da alma e do corpo

Perdoar o assassino de um filho é algo impensável para muitas mães, como foi durante muitos anos para Débora Cristina Sampaio, de 62 anos (foto acima).

Ela e o marido, Eli, ficaram por muito tempo envolvidos com tráfico de drogas e estelionato. “Tínhamos ‘boca’ de drogas que existiu por mais de 30 anos. Nessa situação fui presa cinco vezes.”

Com o passar do tempo, os filhos acabaram também se envolvendo com o crime. E foi por causa dele que o filho do meio, Diego, de 18 anos, foi assassinado. “Houve um tiroteio e ele e eu fomos baleados, mas ele não sobreviveu”, lembra.

A bala entrou na nuca de Débora, próximo ao seu ouvido. Por isso, a partir daquele dia, ela não conseguia mais ouvir direito nem mexer o pescoço normalmente.

Ela já havia sentido a dor de perder um filho quando o caçula, ainda bebê, faleceu por problemas de saúde. Mas, agora, a dor de ver Diego receber um tiro era bem mais difícil de ser eliminada.

O único pensamento que Débora tinha era de vingança. “Eu não sabia quem era, mas queria entrar na favela e pôr fogo em tudo, porque eu tinha ódio de todos.”

Até que, dez anos depois, seu filho mais velho, Carlos Eduardo, também foi assassinado. A partir desse fato, o ódio e a revolta aumentaram ainda mais.

Débora alimentou esses sentimentos por muitos anos, até ser presa pela última vez. Da janela da cela do presídio em que estava, ela viu alguns voluntários da Universal e pediu para que eles lhe dessem um jornal Folha Universal. “Joguei a cordinha e amarraram o jornal. Comecei a ler e, naquela noite, por meio de uma mensagem, o Senhor Jesus me falou que a única coisa que podia me libertar era conhecer a Verdade”, afirma.

Quando saiu da prisão, Débora decidiu se entregar a Deus. “Corri para a Igreja e contei para Deus tudo o que me machucava. Nesse instante, fui entendendo que a Verdade que Jesus tinha me dito correspondia ao Espírito Santo. Mas, para recebê-Lo, eu precisava perdoar”, considera.

Então, ela decidiu perdoar os assassinos, o ex-marido e também a si mesma. Ao participar de uma Vigília na Universal, recebeu o Espírito Santo. “Quando liberei o perdão, não chorei mais a morte dos meus filhos e senti um gozo na alma.”

Não somente as feridas internas foram cicatrizadas, mas também as do corpo. “No dia que perdoei o assassino do Diego voltei a ouvir normalmente e a mexer o lado da cabeça onde tinha levado o tiro”, conclui.

A bênção no casamento


Edilene Helvécio Schiavinato, de 43 anos (foto acima), conviveu durante muito tempo com a dor da traição do marido, João Helvécio dos Santos Junior, de 39 anos.

Depois de três anos de relacionamento, ela começou a suspeitar que as atitudes dele estavam estranhas. “Passei a desconfiar por causa das mensagens que as amigas dele do trabalho deixavam nas redes sociais. Ele sempre negava porque eu estava grávida. Até que um dia peguei no celular um recado que dava a entender que ele estava tendo um caso.”

O choque foi tão grande que ela acabou sofrendo um aborto involuntário. Esperançosa, queria ver no marido novas atitudes. Contudo, quatro anos depois, ela descobriu que realmente estava sendo traída. “Descobri que ele havia tido quatro amantes durante algum tempo. A última era bem mais jovem do que eu”, conta.

Indignada, Edilene decidiu se separar de João. “Coloquei-o para fora de casa, mas não me conformava com o fato de ele ter me traído.”

Depois de algum tempo separados, João estava decidido a mudar suas atitudes para se reconciliar com Edilene. Mas Edilene não conseguia acreditar nele. “Ele me pediu perdão, excluiu as amizades, me deu as senhas de suas redes sociais e cortou as mensagens, mas eu achava injusto ter que perdoá-lo.”

Essa atitude de Edilene prejudicava a tentativa de refazerem o relacionamento. “Eu não conseguia ver o que estava acontecendo no presente. Só via o passado e ‘jogava’ isso toda hora na cara dele”, reconhece.

Até que certo dia, João a convidou para uma palestra da Terapia do Amor, na Universal. Ela começou a frequentar as reuniões e entendeu que precisava cuidar primeiramente do seu interior para conseguir perdoá-lo e, assim, poderem retomar o casamento. “Nas palestras, vi que precisava da cura interna para poder olhar para a frente e que só Deus poderia me dar essa condição. Fui tratando do meu coração e, então, consegui perdoá-lo”, descreve.

Então, o relacionamento do casal pôde ser restaurado. “Essa atitude foi libertadora. A mudança só começou a partir do perdão, porque eu deixei de olhar para trás e passei a enxergar o novo marido.”

Edilene conta que, por meio do exercício da fé, ela também perdoou a ex-amante de João. “Ao obedecer às leis de Deus, eu já não era mais ‘carnal’. Então, passei a desejar também o bem dela”, afirma.

Atualmente, o casal vive feliz ao lado dos filhos. “Hoje tenho um relacionamento de confiança e sem nenhum tipo de mágoa ou ressentimento”, testemunha.

A nova amizade


Leonardo da Silva, de 29 anos, ficou sete anos envolvido com o tráfico de drogas. “Um dia uma facção rival invadiu a favela que eu vivia para me matar e tive que fugir de lá. Quando eles também expulsaram minha família, decidi voltar para lá com a intenção de me vingar e acabar com todos eles.”

Um deles era Reinaldo Lemos, de 31 anos. “Quando fiquei sabendo que ele vinha na comunidade atrás de mim, fiquei com tanta raiva a ponto de andar armado”, revela.

Depois de diversas tentativas de invadir a comunidade, Leonardo foi afetado acidentalmente por um tiro do seu próprio fuzil. Desenganado pelos médicos, entregou a sua vida a Jesus. Após pedir perdão pelos seus pecados, decidiu perdoar seus rivais.

Ao sair do hospital, o rapaz foi para a Universal e encontrou Reinaldo, que já estava buscando a Deus há algum tempo. O encontro foi inesperado, mas libertador. “Ele vinha na minha direção e eu ia na dele. O ódio não existia mais, mas sim uma vontade de abraçá-lo. Então, quando o vi, percebemos que o perdão havia surgido naturalmente”, lembra Leonardo.

Reinaldo completa que, naquele momento, não precisava haver um pedido formal de perdão. “Aquela situação foi tão forte que os nossos olhares já mostravam o que estávamos sentindo.”

Hoje os dois têm objetivos iguais, como integrantes do Força Jovem Universal. “Nossa meta é a mesma, que é alcançar as pessoas que estão se perdendo nesse mundo”, finaliza.

A libertação completa

Perdoar a ausência dos pais sempre foi muito difícil para Jonathan Santana, de 23 anos (foto acima). O pai havia abandonado a família antes dele ter nascido. A mãe, Núbia, ficava alguns dias fora de casa para poder trabalhar. Sem a presença dos dois, a criação dele ficou por conta do irmão mais velho. “Minha mãe trabalhava em uma casa onde também morava. Então, eu a via apenas a cada 15 dias.”

Mesmo nos dias de folga da mãe, ele não conseguia conversar com ela. “Ela chegava em casa à noite, dava um beijo em mim e nos meus irmãos e ia aos bailes. Então, com 13 anos, comecei a dar trabalho na escola e a consumir drogas”, lembra.

O menino também nutria ódio por seu pai. “Eu o culpava pelo sofrimento da minha mãe. Todo dia eu jurava que quando eu crescesse iria matá-lo.” Enquanto isso, a rebeldia dele só aumentava. Do consumo de drogas, ele migrou para o tráfico até se tornar um criminoso. “Fui me afundando na maconha e na cocaína e praticava assaltos.”

Descrente de qualquer mudança, Jonathan foi convidado por um adolescente a ir à Universal. Lá, ele ouviu uma mensagem que seria o primeiro passo para transformar sua vida. “A palavra de João, 8.32, dizia: ‘Conhecereis a Verdade e Ela te libertará’. Isso fez nascer em mim o desejo de conhecer Jesus.”

Para que isso acontecesse, ele precisava se desprender das atitudes contrárias a Deus. “Falei para Ele que estava decidido a mudar. Pedi perdão e orei, concedendo o perdão aos meus pais. Naquele momento, me vi livre das cadeias do ódio”, diz. A partir daí, Jonathan passou a ter um relacionamento saudável com a mãe, a não ter mais nenhum sentimento negativo por seu pai e se livrou das atitudes erradas.

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Colaborador

Por Janaina Medeiros/ Fotos: Demetrio Koch, Fotolia, Mídia FJU, Reprodução e Cedidas