Nada a Perder revela história pouco conhecida

Com 4 milhões de ingressos vendidos antecipadamente, filme sobre trajetória do Bispo Edir Macedo está em cartaz em mais de 1.100 salas do País. Autoridades, celebridades e pessoas comuns contam por que a cinebiografia é inspiradora

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Maio de 1992. A tranquilidade daquele domingo na zona sul de São Paulo foi interrompida por uma prisão que mais parecia cena de filme. O Bispo Edir Macedo voltava de uma reunião na Universal com a esposa, Ester, e a filha Viviane quando o carro da família foi cercado por diversas viaturas com policiais armados. Como um criminoso foragido, ele foi algemado e levado para a delegacia sob as acusações de charlatanismo, curandeirismo e estelionato. Mas o que poderia significar o fim de um sonho se transformou na certeza de que ele estava no caminho certo.
Ao saber que o Bispo Macedo havia sido preso, uma multidão foi para a frente da delegacia para protestar e prestar solidariedade. O administrador Anderson Amaral tinha 10 anos naquela época e frequentava, com uma tia, a Universal da Promotor, local de onde o Bispo havia saído antes de ser preso. Anderson ainda se recorda daqueles dias agitados. “Nós vimos o carro do Bispo sendo cercado pela polícia, parecia que estavam prendendo um bandido perigoso. Minha tia foi à delegacia, assinou abaixo-assinado. Ela dizia que Deus estava nos preparando para algo grande”, lembra. “Nós enfrentávamos muita perseguição por fazer parte da Universal. Sofri preconceito na escola e até minha mãe me rejeitou.”
O Bispo Macedo passou 11 dias na prisão. Depois da prova de fogo, ele foi absolvido e seguiu com perseverança a missão de levar a Palavra de Deus a todos os cantos. Mas, afinal, como tudo isso começou? Quem era Edir Macedo antes da Igreja Universal? O que causou a prisão dele? Essas são algumas questões respondidas pelo filme Nada a Perder, que estreou em 29 de março em mais de 1.100 salas de 669 cidades do País.
A cinebiografia revela detalhes pouco conhecidos da história do homem que superou obstáculos na vida pessoal, enfrentou o poder público e se transformou no líder de um dos maiores movimentos de fé do mundo. Anderson Amaral, que hoje tem 36 anos, viu o filme ao lado da esposa, Regina, e de amigos. “Foi muito impactante. As cenas trouxeram muitas lembranças. Mesmo sendo rejeitado, o Bispo não olhou para as dificuldades e foi em frente. É uma história inspiradora, saí do cinema renovado”, conta. O filme estreou com 4 milhões de ingressos vendidos antecipadamente, o que o transformou na maior bilheteria de um filme nacional antes de chegar aos cinemas. Ele também já é o longa-metragem brasileiro com maior distribuição internacional. Em 26 de abril, a produção estreia em 700 salas na América Latina, África do Sul, Angola e Moçambique. O filme chega aos Estados Unidos e ao México em 10 de maio.
Pré-estreia
O filme Nada a Perder teve pré-estreia de gala em 27 de março em várias capitais do País. Em São Paulo, o evento ocorreu em um teatro da zona oeste da cidade, com a presença de mais de 1.400 convidados, entre grandes nomes da televisão, como Gugu Liberato, Sabrina Sato e Rodrigo Faro, e da cena pública, como o prefeito de São Paulo, João Doria, e o governador do Estado, Geraldo Alckmin. O evento ainda contou artistas como Zezé Di Camargo e Luciano, jornalistas e líderes espirituais de diferentes denominações.O ator Petrônio Gontijo, que interpreta o Bispo Edir Macedo, elogiou o resultado final da produção. “Vendo o filme agora percebo quanta emoção está ali. Sabíamos das cenas, mas todas juntas fica muito forte”, afirmou ao portal R7, após a sessão. A atriz Day Mesquita, que interpreta Ester Bezerra, disse estar muito feliz com o longa. “O filme é lindo, a fotografia é realmente muito impressionante”, comentou. “Os aplausos no final coroaram o trabalho árduo de muita gente, uma equipe muito grande, elenco, produção e a gente fica muito feliz com a boa recepção do projeto”, declarou o diretor Alexandre Avancini.
O roteirista americano Stephen P. Lindsey, que trabalhou no roteiro ao lado do brasileiro Emílio Boechat, também prestigiou o evento. “Estou muito feliz com o resultado. Foi um longo tempo de trabalho e eu acho que ficou lindo”, disse ele à Record TV. Atores do elenco principal do filme, como Beth Goulart, Marcello Airoldi, André Gonçalves, Dalton Vigh, Camila Czerkes, Giovanna Chaves e Enzo Barone, também marcaram presença na pré-estreia, assim como executivos da Record TV.

Em Brasília, a pré-estreia contou com a participação de diversas autoridades, jornalistas e outros convidados. “Eu tenho certeza de que, quando as pessoas assistirem, vão se identificar e serão tocadas por Deus”, disse a apresentadora Sabrina Albert. O filme também impressionou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. “É uma demonstração do nível de excelência a que o cinema brasileiro chegou”, afirmou à Record TV. No Rio de Janeiro, a sessão especial contou com atores, apresentadores e autoridades, como o prefeito Marcelo Crivella. O apresentador Fábio Porchat estava entre os convidados. “É uma história que eu ainda não conheço, então o filme é interessante para entender as origens de onde tudo veio”, falou à Record TV.
História inspiradora
Convidados da pré-estreia fizeram questão de elogiar a história inspiradora apresentada no filme. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, revelou que gosta de biografias e destacou a trajetória do Bispo Edir Macedo. “É uma vida admirável, de superação de obstáculos e adversidades, que mostra o quanto a fé fortalece uma pessoa e gera frutos”, disse.

O jornalista e apresentador Roberto Cabrini identificou o Bispo Edir Macedo como um “líder surpreendente”. “Eu tive o privilégio de fazer um documentário sobre ele, com entrevistas exclusivas em dois encontros. Sempre soube o que ele representava como líder, mas tive a chance de conhecer o ser humano”, contou. “Ele é um homem com uma história eloquente. Alguém que deu a volta por cima, enfrentou as piores situações, sobreviveu e prosperou.”
Percival de Souza, jornalista e comentarista da Record TV, afirmou que a história do Bispo Macedo tem potencial para fascinar todos os brasileiros, independentemente da fé de cada um. “O Bispo Macedo é um personagem muito forte, cativante, tem uma história de vida muito bonita, muito edificante. Ele começou timidamente e construiu essa grandeza que hoje é a Igreja Universal e também a Record TV.”
Heródoto Barbero, jornalista e âncora do Jornal da Record News, falou da relevância do protagonista para a história do País. “A expectativa é que o filme conte a história de um personagem importante para a história religiosa contemporânea do País, que é o Bispo Edir Macedo. Com esse filme, ganha o cinema nacional e a história do Brasil.”
A jornalista e colunista Fabíola Reipert destacou a qualidade da produção. “Esse filme tem tudo para estourar, tem muitas cenas fortes, muitas emoções. Acho que a cena da prisão do Bispo é uma das mais esperadas, mesmo as pessoas que conhecem a história e leram os livros vão ser impactadas no cinema.”

História mal contada
O filme Nada a Perder mostra a trajetória do Bispo Edir Macedo desde a infância e os primeiros desafios no interior do Rio de Janeiro, passando por momentos importantes com a fundação da Igreja Universal, até a compra da Record TV. O apresentador e escritor Renato Cardoso explicou que o filme é uma oportunidade para que os espectadores conheçam detalhes de eventos que até então não eram conhecidos por todos. “A maioria das pessoas no Brasil e até em outros países só ouviu falar do Bispo Macedo pela boca dos que o odeiam, dos que temem o crescimento da Universal. Ao longo de boa parte dos 40 anos, a Igreja sofreu esse ataque implacável e as pessoas não conheciam o outro lado”, disse, durante a pré-estreia. “Qualquer pessoa inteligente, para formar uma opinião, procura ouvir todos os lados e o filme vai trazer um pouquinho do outro lado ainda não contado da história do Bispo e da Igreja”, completou.
O chef de cozinha e apresentador Edu Guedes destacou que o longa-metragem pode ajudar a dissipar informações falsas sobre o protagonista. “O que muitos às vezes sabem sobre o Bispo Edir Macedo vem de boatos e com a proporção da internet, que nos traz informações verdadeiras, mas também falsas. Esse filme vem para desconstruir isso, pois ninguém melhor do que a própria pessoa para contar a sua história.”
Números grandiosos
Nada a Perder tem produção da Paris Entretenimento, com distribuição da Paris Filmes e da Downtown Filmes. A superprodução traz números grandiosos. O orçamento ficou em R$ 40 milhões, incluindo o custo da sequência, prevista para 2019. O filme tem mais de 6 mil figurantes e foi rodado em 100 locações no interior de São Paulo, na capital paulista e no Rio de Janeiro. Os lugares retratam o Brasil dos anos 60, 70, 80 e 90. Além disso, a produção rodou em locações em Israel, nos Estados Unidos e na África do Sul. O longa é baseado nos livros da trilogia homônima, que virou best-seller com mais de 7 milhões de exemplares vendidos.
O longa e os presídios
A primeira sessão nos cinemas do filme Nada a Perder teve início às 11h30 da manhã, mas antes disso mais de 3 mil pessoas já haviam assistido ao longa. Isso porque o primeiro local a receber a exibição da obra foi o Centro de Detenção Provisória (CDP) Pinheiros, na zona oeste da cidade de São Paulo. Ao longo do dia 29 de março, data da estreia do filme em todo o Brasil, foram realizadas 16 exibições para que todos os detentos de Pinheiros pudessem ter acesso ao filme. As primeiras sessões ocorreram às 9 horas e, durante elas, os presidiários e funcionários da casa receberam pipoca e refrigerante.

Para os detentos, a parte mais impactante do filme é a prisão do Bispo Edir Macedo, ocorrida em 1992 e retratada fielmente na obra cinematográfica. Ali é exibida uma das passagens mais difíceis da vida do Bispo. No entanto, mesmo diante de todos os problemas, contra tudo e por todos – como prenuncia o subtítulo do filme –, ele se mantém firme na fé e se reergue, utilizando a injustiça cometida contra a Universal como impulso para um crescimento extraordinário.
Levar Nada a Perder ao CDP Pinheiros é uma iniciativa do projeto Cinema Solidário, que ainda passará por mais de 200 penitenciárias e mais de 200 instituições, como abrigos e casas de repouso. Até mesmo comunidades remotas, que nunca tiveram acesso ao cinema, poderão assistir à cinebiografia. Essa é a primeira vez na História que um filme estreia ao mesmo tempo nos cinemas e fora deles para as populações carentes.

Cinema Solidário
Segundo o suplemento de cultura do Perfil dos Estados e Municípios Brasileiros, divulgado em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 10,4% das cidades brasileiras possuem sala de exibição. As salas estão presentes em apenas 383 dos 5.570 municípios do Brasil – o equivalente a 6,9% do total.
E isso é o que dificulta o acesso de pessoas à cultura e ao audiovisual, que é a maior linguagem universal. De acordo com a Record Filmes, é por essa razão que surgiu o Cinema Solidário. Assim quem não teria acesso a esse tipo de produção vai poder vê-la como quem mora ao lado de uma sala em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.
A população carcerária brasileira é a quarta maior do mundo. Muitos vivem em condições subumanas e, nesse momento de isolamento, quando recebem a Palavra dentro desse ambiente, esse trabalho de apoio as famílias e ao indivíduo produz renovação.
Em entrevista exclusiva, o Bispo Eduardo Guilherme responsável pelo trabalho da Universal nos presídios, enfatiza a importância desse projeto: “o nosso objetivo é mostrar a história do Bispo, que ele superou uma prisão injusta, mas venceu mesmo atrás das grades. Naquele momento, ele tinha a visão de que não era o fim, mas, o começo de um grande projeto que Deus queria fazer na vida dele. Por isso, estamos trabalhando para que, quando saírem sejam ser humanos melhores e tratados como um. Queremos chegar em todos os presídios do Brasil”.
A iniciativa Cinema Solidário tem a estimativa de alcançar 500 mil pessoas em lugares de difícil acesso, onde o cinema não chega, sendo 300 mil delas integrantes da população carcerária.
 
“Essa é a história de pessoas que começam com a rejeição”
Confira os principais trechos da entrevista exclusiva concedida pela apresentadora e escritora Cristiane Cardoso, filha do Bispo Edir Macedo, no dia da pré-estreia de Nada a Perder, em São Paulo.

Folha Universal (FU): Qual é o significado de ter a história do Bispo Edir Macedo retratada no cinema?
Cristiane Cardoso: É uma forma de falarmos da história de muita gente, porque ele representa milhões de pessoas que também tiveram um início muito difícil. Toda vez que uma pessoa quer crescer, se desenvolver ou fazer a diferença, sempre tem os que não acreditam. Então, essa é a história de pessoas que começam com a rejeição, que não se vitimizam e conquistam o lugar que queriam chegar. Nós estamos vendo a história de um homem que representa muita gente e que dá a quem assiste ao filme essa lição de não desistir.
FU: Você participou dessa trajetória como filha. Como é ver a vida de seu pai em um filme?
Cristiane: É muito emocionante. Eu e minha irmã (Viviane Freitas) passamos por muitas situações difíceis e não entendíamos exatamente a proporção daquilo. Na época da Record, por exemplo, víamos meu pai chorar, sofrer, as reuniões dele eram bem tristes, as orações, as buscas. Víamos que ele estava sofrendo, mas ele não falava o que estava acontecendo. O filme mostra o que ele estava passando. Ele sempre se fez de muito forte para nós e sempre tentou nos poupar de muita coisa. Então, é muito emocionante vermos o outro lado da história. Nós participamos, claro, mas não sabíamos quão profundo o problema era.
FU: Qual foi a cena que mais chamou sua atenção?
Cristiane: A cena que mais me impactou é quando ele está indo para o coreto sozinho, porque ele tinha acabado de descobrir que minha irmã tinha nascido com deficiência física e tinha acabado de ser rejeitado pelos parceiros que diziam estar ao lado dele para fazer a Obra. Ele tinha sido rejeitado por todos. Além do problema da minha irmã, ele estava sozinho mesmo, não tinha mais emprego, a segurança financeira, os amigos, não tinha o apoio de ninguém nem de igreja nenhuma. Essa cena que o mostra levando a caixa de som sozinho para o coreto é muito forte porque às vezes você chega nesse momento na sua vida que vai ter de ir sozinho, você não pode esperar alguém para te ajudar, você tem que ir e crer que Deus vai estar com você.

*Colaborou: André Batista

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Colaborador

Por Rê Campbell e Maiara Máximo * / Fotos: Demétrio Koch