Por ser cristão, vice-presidente dos EUA é alvo de deboche

Mike Pence foi chamado de doente mental por apresentadoras norte-americanas. Entenda o que aconteceu e saiba como combater o crime de intolerância religiosa

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O preconceito em relação à fé ainda é algo muito preocupante. Nos últimos dias, a vítima foi o vice-presidente dos Estados Unidos, Michael Richard Pence. Ele foi alvo de deboche no talk show The View, apresentado pela rede de TV norte-americana ABC. As apresentadoras o classificaram como “doente mental”, por ele ter afirmado conversar com Jesus Cristo. Sem meias palavras, a comentarista Sunny Hostin disse que não queria vê-lo “falando em línguas”. A apresentadora Joy Behar (foto abaixo) completou: “uma coisa é falar com Jesus. Outra coisa é quando Jesus fala com você. Isso é chamado de doença mental, não? Ouvir vozes?”

No mesmo programa, Joy fez outras piadas e as insinuações tiveram grande repercussão. Após o episódio, a rede ABC recebeu mais de 25 mil telefonemas de pessoas que desaprovaram tal atitude. O que as apresentadoras não levaram em consideração é que o vice-presidente tem uma extensa e bem-sucedida carreira política: além de ter passado 12 anos no Congresso norte-americano, governou o Estado de Indiana entre 2013 e 2016, até concorrer ao lado do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Por conta dessa declaração preconceituosa, ele decidiu responder à altura. Em entrevista exibida no programa Fox & Friends, da Fox News, ele disse que os comentários são “ofensivos” não somente a ele, mas “a todas as pessoas de fé”. “Nós, na vida pública, estamos bastante acostumados com as críticas. Mas, quando eu ouvi que a ABC tinha um programa que comparava minha cristandade com doença mental, eu simplesmente não podia ficar em silêncio.”

Ele ainda questionou por que a mídia o ataca tanto. “Pessoas de diferentes crenças e tradições apreciam a fé em Deus. Ver a ABC com um programa que fala em termos tão degradantes, acho que é uma prova de quão fora de contato alguns dos principais meios de comunicação estão com a fé e os valores do povo norte-americano.”

No Brasil

Infelizmente, o que aconteceu com Pence não é um fato isolado. Aqui no Brasil outros políticos também sofrem preconceito e intolerância, como é o caso do atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB). Alvo de uma campanha negativa por parte da mídia brasileira, ele vem sendo perseguido, por meio de discursos difamatórios, diariamente.

Em entrevista ao programa Fala Que Eu Te Escuto, exibido pela Record TV, Crivella comentou que a imprensa muitas vezes mente e que ele sempre foi perseguido pelo fato de ser evangélico. “Eu chego à Prefeitura todo dia pela manhã, às 6 horas, e não tenho hora para sair. Nós somos maltratados pela imprensa. Quando viajamos, parece que a imprensa fica com saudades e reclama por termos viajado. É um paradoxo (…). As pessoas que me conhecem, as pessoas que me apoiam, sabem da controvérsia que a empresa Globo tem os evangélicos, a campanha difamatória que a Globo faz consistentemente. Não podia esperar outra coisa, né?”

Vale ressaltar que a Universal também está entre as principais vítimas do preconceito religioso que assola o País e o mundo. A facilidade de divulgar informações falsas, as chamadas fake news, faz com que muitas mentiras e sátiras a respeito da fé cristã sejam compartilhadas. Sem falar do fato de os membros da Igreja também sofrerem diariamente com ações de intolerância.

É crime

Um levantamento do Ministério dos Direitos Humanos realizado entre 2015 e 2017 apontou que o País registrou uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas. São centenas de casos investigados em todo o Brasil.

O assessor de diversidade religiosa do Ministério de Direitos Humanos, Thiago Garcia, explica que, apesar de a intolerância religiosa ser considerada crime, muitas pessoas se recusam a denunciar. “Cabe reforçar que intolerância religiosa é crime, que fere a liberdade e a dignidade humana. Foi organizado um relatório coordenado pela assessoria e os índices são cada vez mais crescentes no País. Vale lembrar que em segundo lugar no ranking de denúncias estão vítimas evangélicas. Boa parte das vítimas não procura os órgãos responsáveis por receber as denúncias”, observa.

Então, caso seja alvo de ofensas religiosas, ligue para o Disque 100, o serviço de monitoramento de denúncias de violação de direitos humanos. Esse canal funciona 24 horas por dia. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita.

Seja tolerante, mas não tolere a intolerância. Denuncie e esteja sempre ao lado da verdade. A fé é um direito seu, não o perca.

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Colaborador

Por Ana Carolina Cury/ Fotos: Reuters