Ajude a combater esse inimigo

Infestação do mosquito Aedes aegypti aumenta risco de surtos de dengue, zika e chikungunya. Saiba como se proteger dessas doenças

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Com a chegada do verão e das chuvas, o risco de casos de dengue, zika e chikungunya aumenta no Brasil. Afinal, a combinação de calor e água parada é ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Pelo menos 357 municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue, zika e chikungunya, segundo levantamento divulgado em novembro pelo Ministério da Saúde. Nessas cidades, mais de 4% das residências têm infestação de mosquitos. Outros 1.139 municípios estão em alerta, com índice de infestação nos imóveis entre 1% e 3,9%.

O que fazer?

Acabar com os criadouros do mosquito é a principal forma de combater essas doenças. Isso porque ainda não existe vacina contra a zika e a chikungunya. Além disso, a única vacina disponível contra a dengue não é recomendada para pessoas que nunca tiveram a doença. O alerta foi divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro, depois que informações preliminares do laboratório Sanofi-Aventis, responsável pelo produto, indicaram que pessoas soronegativas podem desenvolver o quadro mais agudo de dengue, caso sejam infectadas após terem recebido a vacina.

Inimigo do homem

O mosquito Aedes aegypti é um dos maiores inimigos do homem no planeta. Quem diz isso é Ademir Martins, doutor e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Segundo ele, o inseto é capaz de se adaptar a quase todo tipo de situação. “Esse animal evoluiu e se adaptou às condições humanas e hoje cresce dentro de nossas casas. Ele tem um comportamento muito oportunista”, esclarece.

Por isso, o desafio dos governos e da população é não deixar que os ovos e as larvas se transformem em mosquitos. “São sete dias para que a larva que sai do ovo vire um mosquito adulto. Assim como cuidamos da nossa higiene pessoal, temos que gastar 10 minutos por semana para acabar com a água parada e os focos de mosquito”, afirma. Ele ainda recomenda o uso de repelente e a instalação de telas em portas e janelas. Já os inseticidas não devem ser usados todo dia. “O inseticida não é para prevenção. Ele deve ser usado só quando a situação sai do controle. O uso diário seleciona os mosquitos mais resistentes”, conclui.

Dor horrível

Nilda Gomes da Silva (foto acima), de 61 anos, teve chikungunya em abril, quando visitava familiares no Ceará. “No primeiro dia, quando coloquei o pé no chão de manhã, parecia que tinha um espinho. Era uma dor horrível. Comecei a sentir muita dor no joelho e em todas as articulações. Tive febre e passei tão mal que pensei que fosse morrer”, lembra.

Nilda foi a um pronto-socorro, mas a doença não foi detectada. Ela voltou para São Paulo, cidade onde mora, e procurou outro pronto-socorro, mas os médicos só pediram o exame para detectar a chikungunya depois que ela contou que ocorreram casos da doença na família.

Um infectologista fez o diagnóstico e recomendou medicamentos. “Foram quatro meses com muita dor nas articulações. As mãos ficaram inchadas e tive que parar de fazer academia”, diz. “Hoje, voltei a fazer exercício físico, mas sinto dores nas pernas, nos joelhos e ainda não tenho muita força. De vez em quando, o tornozelo fica inchado”, conta.

Em coma

Maxsuell dos Santos Oliveira (foto ao lado), de 23 anos, teve dengue hemorrágica e ficou internado quase um mês, em abril de 2015, em Sergipe. “Eu tinha febre, dor em todo o corpo, a pressão baixava. Fui para o hospital três vezes, mas diziam que era virose. Quando comecei a urinar sangue, fizeram o exame e constataram a dengue”, conta. Maxsuell foi internado às pressas, mas continuou piorando. “Comecei a ter hemorragia interna, tive hemorragia no pulmão, foi preciso drenar o sangue. Foi quando entrei em coma, fiquei uma semana em coma”, afirma.

“Os médicos falaram para minha mãe que iam desligar os aparelhos na sexta-feira, mas eu acordei na quinta-feira de madrugada. Foi um milagre. Penso que Deus me ama bastante.”

Quanto ao combate à dengue, Maxsuell reforça que cada pessoa precisa fazer a sua parte. “Não pode deixar água parada em vasos, na lavanderia e é preciso manter os cuidados em casa”, sugere.

Colaborou Michele Francisco

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Colaborador

Por Rê Campbell / Fotos: Marcelo Alves e Cedidas / Arte: Edi Edson