O que a Reforma protestante pode nos ensinar a respeito da fé

Neste ano se comemora 500 anos de uma atitude que revolucionou o cristianismo no mundo

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Este ano é especial para todos os cristãos. Há 500 anos, Martinho Lutero liderou uma reforma que deu origem à Igreja Protestante. Ele era um jovem advogado que vivia à frente do seu tempo e deixou a carreira para se tornar monge.

Naquela época, a Bíblia não era acessível às pessoas como hoje. A única tradução disponível era em latim. Lutero sabia falar a língua e por conta do trabalho missionário tinha acesso a ela. Não demorou muito para que se destacasse como pregador. Como sua forma de falar era diferente da de outros, as pessoas entendiam a mensagem passada.

Contudo, quanto mais estudava as Escrituras, mais Lutero questionava as ações e crenças da igreja majoritária da época, a Católica. Ele passou a observar que elas não estavam de acordo com as Sagradas Escrituras. Desiludido por ver o povo sendo enganado por superstições que não constavam na Bíblia, Lutero decidiu tomar uma atitude que mudou a história do cristianismo.

Após presenciar um padre ensinar que era possível comprar o perdão de Deus, ele escreveu o que hoje conhecemos como as 95 teses que confrontaram as ações da Igreja Católica e elas abriram espaço e oportunidade para todos aqueles que quisessem conhecer a verdade das Escrituras Sagradas.

Por causa disso, ele foi excomungado da Igreja Católica. Eles e todos os que o seguiam abriram novas igrejas com o objetivo de pregar a mensagem real do Evangelho.

Lutero se dedicou intensamente a ensinar a Palavra de Deus até os 63 anos. Ele foi responsável pela tradução da Bíblia para o alemão e escreveu livros a respeito de fé, salvação e outros temas.

Divisão libertadora

De sua atitude revolucionária se originou o que conhecemos como Reforma Protestante. Assim, as pessoas passaram a ter acesso à Palavra de Deus e muitas perceberam que as atitudes da Igreja Católica contradiziam o que estava escrito.

As ideias de Lutero foram ganhando forma e ocorreu uma divisão entre a Igreja Católica e as igrejas protestantes (termo usado para denominar as igrejas resultantes da Reforma). O protestantismo se espalhou pela Europa e deu origem às igrejas que têm como fundamento cinco pilares: ter somente as Escrituras como base de qualquer doutrina; somente Jesus Cristo salva; Deus é o único que merece adoração e glória (isso exclui crenças em santos ou outros deuses); a salvação é uma graça de Deus; e, por último, unicamente pela fé as pessoas são salvas e justificadas de seus pecados.

Segundo o professor André Biéler, a Reforma Protestante pode ser entendida como uma “reforma integral da sociedade”, quando as novas igrejas, por meio de seus pregadores, passaram a anunciar a verdade, as mazelas sociais, e alteraram assim os caminhos da injustiça. Já o teólogo francês Patrick Jacquemont deixou uma mensagem importante para a igreja de Cristo: “A Igreja recebeu essa liberdade do Espírito Santo como um dom e um dever. A Igreja nasceu confessante e contestante; ela testemunha a boanova da salvação e se choca com as resistências suscitadas pela mensagem das bem-aventuranças”.

500 anos depois

Na obra A Reforma Protestante, Ricardo Bitun faz uma reflexão importante: “celebramos 500 anos de uma igreja que está em constante reforma, dinâmica, como organismo vivo, transformando-se dia após dia no E(e)spírito da Reforma? Ou apenas celebraremos cinco centenas de anos de um evento histórico ocorrido no século XVI?”

A verdadeira Igreja é aquela que tem o espírito inquieto, que não se conforma com a dor do próximo e que é guiada pelo Espírito Santo. Esse tem sido o Espírito da Universal há 40 anos. Qual tem sido o seu?

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Colaborador

Por Ana Carolina Cury / Foto: Fotolia