Sífilis se torna epidemia no País

Saiba mais sobre essa doença silenciosa e ameaçadora

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A sífilis alcançou níveis epidêmicos no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), divulgados em outubro deste ano, o número de novos casos aumentou 28% entre 2015 e 2016, o que representa quase 20 mil diagnósticos a mais nesse período. A maior proporção dos casos foi notificada na região sudeste. E, apenas em 2016, foram registrados 185 óbitos no País em decorrência da doença.

Entre as gestantes, o aumento foi de 14%, passando de 32.561 para 37.436 registros. A forma congênita, quando a infecção é transmitida para o bebê ainda no útero, apresentou uma elevação de 0,4%. Segundo a médica infectologista Keilla Freitas, isso pode trazer consequências ao feto que vão desde a má formação ao aborto, além de prematuridade, deformações ósseas, articulares e neurológicas.

O que é?

A infectologista explica que a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema pallidium. Sua transmissão se dá principalmente por meio de relações sexuais sem o uso de preservativos e também por meio de transfusão de sangue.

Considerada uma doença silenciosa, a sífilis apresenta sintomas que podem ser confundidos com alergias de pele ou outras doenças. Ela é classificada em diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).

Sífilis primária

Em um período de dez a 90 dias após o contágio, aparece uma úlcera ou ferida na região por onde a bactéria penetrou. A ferida é indolor, não coça nem arde. A lesão primária desaparece (sem nenhum tratamento) entre três e seis semanas, o que faz com que a doença seja camuflada.

Sífilis secundária

Varia de seis semanas a seis meses após o aparecimento da lesão. Segundo a infectologista, cerca de 25% das pessoas que não tratam a doença no estágio inicial desenvolvem os sintomas da fase secundária. Uma característica comum são lesões que aparecem em todo o corpo, principalmente nas palmas das mãos e nos pés. São manchas ou pápulas (lesões elevadas) de cor vermelho-acastanhadas. Diversos outros sintomas podem surgir, tais como dores nas juntas, febre, dor de garganta, dor de cabeça e outros.

A fase secundária, dependendo de sua apresentação, pode melhorar sem tratamento e o doente entra em fase de sífilis latente, que ocorrre quando a pessoa permanece por um tempo sem apresentar sintomas.

Sífilis terciária

Cerca de 25% a 40% das pessoas infectadas pela sífilis, sem tratamento adequado, desenvolverão alguma complicação terciária, que pode ocorrer de um a 30 anos após a infecção. Os sintomas dependerão do órgão afetado. Em casos mais graves podem surgir demência, lesões ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo até causar a morte.

Tratamento

O diagnóstico é feito por exames de sangue específicos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento é feito à base de penicilina benzatínica. Para alérgicos ao medicamento, existem outras opções. Além de evitar as complicações da doença, o tratamento adequado também impede a transmissão para outras pessoas.

A realização de exames específicos com os exames de rotina trará um diagnóstico prematuro e, assim, o paciente tratado não sofrerá as consequências da progressão da doença.

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Colaborador

Por Kelly Lopes / Foto: Fotolia