O que a atitude do vice-diretor que humilhou aluno de chinelo tem a ver com você

O caso que chamou a atenção e causou revolta nos internautas de todo o País é um fato comum na vida de quem não controla suas reações

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Recentemente, um vídeo de um garoto chorando na sala de aula de uma escola em Brasília chamou atenção. O jovem, de apenas 12 anos, estava inconsolável após ter sido humilhado pelo vice-diretor. O motivo? Ele havia ido para o colégio de chinelos e, por conta disso, foi impedido, com direitos a pisadas nos pés, de assistir à aula. Em solidariedade, outros colegas tiraram os tênis para emprestar ao colega que estava descalço.

O Conselho Tutelar e a Polícia Civil foram acionados e o profissional foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos. A Secretaria de Educação afirmou que abriu um procedimento interno para apurar a conduta do vice-diretor que, após a conclusão da investigação, poderá ser expulso do colégio e exonerado do cargo.

Para a psicóloga Alessandra Souza de Amorim, esse caso mostra claramente a falta de preparo emocional do profissional. “Hoje em dia, uma das maiores habilidades requeridas em um cargo de liderança é a inteligência emocional e as pessoas estão cada vez mais despreparadas emocionalmente para lidar com outras pessoas”, afirma.

Não faça o mesmo que aquele que o feriu

“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.” A frase foi dita pelo educador, pedagogo e filósofo Paulo Freire, conhecido como patrono da educação brasileira. Segundo ele, para se construir uma sociedade inteligente é essencial ter equilíbrio no agir e sabedoria para transferir o conhecimento com amor. Em outras palavras, não se deve fazer com o outro o que fazem a você.

A psicóloga aconselha que na hora da raiva a pessoa respire fundo e avalie as motivações que a fazem se sentir daquela forma. “É muito comum na sociedade ver pessoas que descontam emoções em outras, principalmente nas mais próximas.

Por isso, essa é a oportunidade de rever conceitos. Valorize quem está ao seu lado. Ame mais, cuide mais. Uma vida cheia de amor e gratidão não reserva espaço para o ódio”, acrescenta.

No caso do vice-diretor, provavelmente ele também seja ou tenha sido vítima de um ambiente familiar ou de trabalho cheio de humilhações e cobranças de forma indevida e por essa razão não saiba controlar suas emoções nem tenha ideia da gravidade de sua atitude contra o garoto de 12 anos. Ela comenta que o mínimo que ele poderia ter feito era ouvir o aluno e entender o porquê dele não estar com sapatos. Um tipo de atitude que devemos ter diariamente e em qualquer situação. “É necessário escutar as pessoas, por mais ilógico que seja o argumento. Todos merecemos ser ouvidos. Faz parte da lei da vida e do respeito. A capacidade de se colocar no lugar do outro gera empatia e o segredo para conseguir isso é quebrar o ciclo vicioso que traz o mal para vida das pessoas”, afirma.

Quebre o ciclo do mal

Imagine a seguinte cena (foto acima): o chefe trata mal o funcionário, o funcionário, por estar bravo, chega em casa e briga com a esposa. A esposa, com raiva do marido, perde a paciência com o filho e discute com ele. E o filho repete a ação da mãe e repreende o gatinho.

Se um dos envolvidos nesse ciclo de raiva não repetir o que fizeram de ruim a ele, será possível mudar muitas cenas como a que acabamos de citar.

Mas para conseguir isso é preciso deixar o egoísmo de lado e buscar boas referências. O palestrante e apresentador Renato Cardoso observa que é inevitável reproduzir no próprio comportamento o que se vê ou aprende, a não ser que aconteça uma intervenção. “Quando você desperta, então pode usar sua inteligência e julgar se as pessoas são dignas de serem imitadas.

Você pode se perguntar: aquele homem ‘de sucesso’, que é expert nos negócios mas um fracasso no casamento, é mesmo um padrão para minha felicidade? Será que o mau exemplo que vi em meu pai tem que determinar meu comportamento para o resto da vida?”, questiona Renato.

Quando os maus modelos que lhe influenciam são identificados e se toma a decisão de mudar, o ciclo é quebrado. “Isso é uma decisão consciente que você tem que tomar. É difícil fazer a mudança. Ela leva tempo e exige a quebra de paradigmas.

Às vezes, só a intervenção divina é capaz de realizar a mudança. Mas tenha certeza de uma coisa: você sempre seguirá um padrão, um modelo na vida, seja bom ou mau, queira ou não. A boa notícia é que você pode escolher qual irá seguir”, conclui o palestrante.

Então, que tal você começar do zero junto com o novo ano que se inicia? Mudar sua atitude com o outro, ouvir com amor, desenvolver a paciência e, sobretudo, mudar suas referências. De todos os homens há um que traz, para quem o segue, a garantia da felicidade e total liberdade: o próprio Jesus. “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” 1 Coríntios 11.1.

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Colaborador

Por: Ana Carolina Cury / Fotos: Fotolia e Reprodução