O que você prioriza na criação de meninos e meninas?

Ensinar valores como respeito e igualdade pode garantir mais oportunidades às crianças e minimizar casos de violência e preconceito

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Desde cedo, meninos e meninas aprendem que devem ter comportamentos distintos. Enquanto a menina é ensinada a ser uma “princesa” delicada e indefesa, o menino é educado para mostrar agressividade, falar alto e revidar qualquer ameaça. Não é difícil encontrar pais e mães que estimulam os filhos a se comportar como “mandão” e “durão”. Se o menino apanha na escola, por exemplo, muitos pais o incentivam a revidar a violência.

Dentro dos lares, as meninas são ensinadas a fazer tarefas domésticas, como lavar a louça, enquanto os meninos aprendem que devem conquistar o maior número de garotas para provar a própria masculinidade. Muitos pais também ensinam que menino não pode chorar ou ter medo. Por outro lado, a menina é treinada para “engolir o choro” e não expressar opiniões. Em muitas lares, sem perceber, pais estimulam as meninas a serem sensuais, como forma de atrair garotos, enquanto os meninos são incentivados a verem as mulheres como objeto.

Educação e violência

Algumas crenças ensinadas de geração em geração estimulam o desrespeito contra as mulheres. Muitos meninos e meninas do Brasil crescem acreditando que a mulher é inferior ao homem. Essa ideia acaba levando as meninas a ter menos oportunidades na vida adulta. Além disso, a desvalorização da mulher é usada como justificativa para casos de violência física, psicológica, verbal e sexual contra ela. O exemplo fica claro em uma pesquisa recente que revelou que um em cada três brasileiros acredita que a mulher é culpada pelo estupro. O dado é de um estudo da Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A psicóloga e coach Aline Gomes confirma a relação entre a desvalorização da mulher e a educação das crianças, embora pondere que possam existir outros fatores envolvidos. “Se os filhos crescem em um ambiente de abuso contra a mãe, eles tendem a achar normal a violência contra a mulher”, diz ela, que também atua como terapeuta em constelação familiar.

Como mudar?

É possível ensinar meninos e meninas que homens e mulheres têm direitos iguais e merecem respeito? A resposta é sim. Entretanto, pais e mães precisam escolher a educação que desejam transmitir aos filhos. “Para mudar, é preciso se conscientizar. Já atendi homens que diziam que eram muito agressivos, mas, quando perceberam que isso não era bom, eles optaram por dar uma educação diferente aos
filhos”, explica.

A psicóloga diz que educar para o respeito também exige que os pais estejam dispostos a ouvir e a conversar com a criança, além de dar bons exemplos. “Os pais precisam prezar pelo amor e pelo respeito nas relações. As famílias também não podem esquecer da hierarquia dentro de casa. Filho não pode ter mais poder do que a mãe”, completa.

Pais e mães podem começar a mudança com pequenas atitudes, como evitar comparar mulheres a animais. Meninos e meninas precisam aprender que nenhum homem é dono de uma mulher e que violência é crime. Os adultos também devem elogiar as habilidades das crianças e não apenas a aparência ou a roupa. Quantas vezes você já disse a uma menina que ela é inteligente? Todas essas ações são fundamentais para que as crianças aprendam o que é respeito e amor.

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Colaborador

Por Rê Campbell / Foto: Fotolia