O que define seu caráter?

Diversos fatores influenciam a formação da índole de uma pessoa, mas depende de você escolher quais traços dela vai compartilhar

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A maioria das pessoas diz que o caráter do ser humano é mais importante do que o seu exterior. Mas será que o que é dito realmente é praticado?

Recentemente, a repórter Samanta Vicentini, (foto abaixo) do jornal Extra, recebeu ataques ofensivos de um leitor enquanto fazia uma entrevista ao vivo no Facebook. Durante a conversa, o leitor enviava comentários discriminatórios como “gorda”, “que leitoa” e “odeio gorda”, assumindo ainda que é “gordofóbico”.

Abaixo das postagens malcriadas, outras pessoas defendiam a repórter, enquanto ela comandava a entrevista. Mas, ao perceber o absurdo que acontecia na rede social, ela pediu licença à entrevistada e respondeu ao vivo: “Eu tenho espelho em casa. Eu sei [que sou gorda] e isso pra mim não é ofensa. Gordo emagrece. Falta de caráter é pior que gordura. Isso aqui é só embalagem”, argumentou.

Após o episódio, o jornal Extra fez prints das mensagens maldosas e bloqueou o usuário do Facebook, ressaltando que não tolerava comentários discriminatórios e que tomaria as medidas judiciais necessárias.
Mais tarde, Samanta admitiu em sua página que havia ficado chateada e que em um primeiro momento não soube como reagir. No entanto, não pôde ficar calada. Ao contrário, apontou ao leitor mal-educado que o mais importante é o caráter de uma pessoa e não sua aparência.

Infelizmente, comentários ofensivos de qualquer natureza são vistos na nossa sociedade. As redes sociais facilitam a disseminação de palavras maldosas que, muitas vezes, não seriam ditas pessoalmente, já que as pessoas aproveitam para se “esconder” atrás da tela do computador.

Também existem aquelas que não se preocupam em assumir o que pensam e proferem malcriações, mesmo sabendo que podem ferir o seu semelhante. Por que há pessoas que agem de forma tão desrespeitosa com o próximo?

Porque, atualmente, a maioria não se preocupa com seu caráter, mas em impressionar outras pessoas, mesmo que seja de maneira negativa, como explica a psicoterapeuta Ananda Rodrigues: “hoje em dia, as pessoas querem mostrar o que pensam, custe o que custar. Os valores morais estão sendo esquecidos. O mundo impõe que alguns conceitos não são necessários ou relevantes, como família, bom caráter, moral. Então, cada pessoa cria seu próprio mundo, conforme sua visão e se expõe”.

Ela esclarece que há um conjunto de fatores que influenciam a formação da índole de uma pessoa. Por isso, aquilo com o qual ela se envolve ao longo da vida é determinante para essa construção. “O caráter vai sendo formado em um processo gradual, relacionado a tudo que possa influenciá-lo, como televisão, internet, família, escola, sentimentos, ações, reações, etc.”, ressalta.

A especialista acrescenta que o caráter é comparado à marca de uma pessoa. “É aquilo que distingue uma pessoa da outra, é o conjunto de traços particulares. Se você apresenta uma boa marca, você tem bom caráter”, diz.

Você escolhe o que quer ser

Quando somos crianças, recebemos várias influências. À medida que crescemos, aprendemos a definir aquilo que poderá nos influenciar ou não. Dessa forma, a formação de nossa índole também depende de nossas próprias escolhas. Se escolhermos ter boas atitudes e bons sentimentos em relação às situações, coisas e pessoas, formamos um bom caráter. Se optarmos por atitudes de egoísmo, desrespeito, maus-tratos e julgamentos, construímos um mau caráter. “As pessoas nascem com escolhas positivas. O problema é que, com o passar do tempo, vão optando por comportamentos negativos, como preconceitos, insultos, etc.”, revela a psicoterapeuta.

Essas influências na formação interior do ser humano já foram objeto de estudo do comportamento da sociedade atual. De acordo com um levantamento feito em 2012 por psicólogos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ter uma atitude educada faz parte do instinto natural do ser humano e o egoísmo apenas aparece quando as pessoas param para pensar antes de tomar uma atitude. Ou seja, a gentileza faz parte do instinto natural, enquanto o egoísmo é uma escolha.

Voltando ao exemplo do leitor que escreveu comentários ofensivos à jornalista no Facebook, ele fez uma escolha pensando naquilo que iria dizer, em ofendê-la. Do contrário, poderia ter apenas assistido à entrevista e não ter manifestado seus pensamentos sobre ela.

Mas, infelizmente, a sociedade atual vive um ápice de falta de respeito por causa de atitudes mesquinhas como essa, em que valores morais são esquecidos, limites são violados e insultos gratuitos tornaram-se comuns.

É preciso lembrar que o respeito ao semelhante é uma das principais características de um bom caráter e que ele pode ser praticado diariamente. Por isso, é importante fazermos sempre uma reflexão sobre nossas atitudes, principalmente em relação ao relacionamento com as pessoas, para ver se estamos praticando com o próximo o que queremos para nós também. Um caráter positivo sempre será reflexo de atitudes positivas.