Fim de ano é época de celebrações. Nesse período, muitas pessoas participam de festas de empresas, fazem amigo secreto com amigos, reencontram a família e tiram férias. Mas enquanto umas comemoram, outras se sentem tristes e sozinhas.

Algumas também vivenciam sentimentos como fracasso, desconfiança, insegurança e culpa, além de uma insatisfação constante. É como se tudo que elas fizessem desse errado e não houvesse motivos para festejar.

Os pensamentos negativos podem ficar ainda mais fortes quando a pessoa vê fotos de conhecidos nas redes sociais ou percebe que um amigo obteve uma grande conquista. Fazer comparações com outras pessoas pode levar à sensação de incapacidade, injustiça ou angústia. É verdade que o ano foi difícil e provocou desânimo em milhões de brasileiros. Mas o descontentamento com a vida também pode estar relacionado à falta de amor-próprio, como explica a psicoterapeuta e coach Andressa Miiashiro, da consultoria Lotus Talentos, de São Paulo (SP).

Segundo ela, o amor-próprio faz com que as pessoas consigam enxergar o lado bom da vida, mesmo quando tudo parece estar de pernas para o ar. “Não existe uma resposta única, mas o amor-próprio pode ser compreendido como o cuidado, o respeito, a consideração, a compaixão que doamos a nós mesmos. Amor-próprio é se respeitar de forma integrada. Muitas vezes, respeitamos o outro, cumprimos prazos, mas não enxergamos nossas necessidades, temos pouco tempo para olhar para nós”, explica.

Sem amor-próprio e autoconhecimento, Andressa diz que é difícil identificar a origem das questões que nos incomodam. Entretanto, as consequências podem aparecer em forma de sentimentos negativos. “Muitas vezes surgem sentimentos de raiva, angústia, tristeza, mas nós nem sabemos muito bem o por quê.”

Já o psicoterapeuta Fernando Vieira Filho, de Uberaba (MG), afirma que amor-próprio está relacionado a autonomia. “Precisamos aprender a nos posicionar e ter autonomia, não podemos colocar nossas expectativas nos outros. Amor-próprio é saber dizer não para não atropelar o que há dentro de nós”, esclarece ele.

Andressa diz que toda pessoa pode cultivar ou recuperar o amor-próprio buscando uma nova conexão consigo mesmo. “Uma forma de fortalecer a confiança em si é se conectar com o que você tem de positivo, o que você gosta de fazer, o que te faz bem. O amor-próprio está ligado à fé e à crença de que tudo vai dar certo. É treinar a mente para enxergar coisas boas ao redor e dentro da gente.”

Para Fernando Vieira Filho, o perdão e a compaixão ajudam a desenvolver o amor- próprio. “Em primeiro lugar, a pessoa precisa aprender a se perdoar. Depois, é importante exercitar a compaixão, inspirar-se no exemplo de Jesus e evitar julgamentos contra si e contra os outros.” Confira dicas dos especialistas para fortalecer o amor-próprio e acabar com os sentimentos negativos.

Amor-próprio se cultiva

– Assuma escolhas: coloque-se no papel de protagonista da vida, não de vítima. Se algo ou alguém não agrada você, escolha a forma como vai lidar com isso

– Valorize: prepare uma lista de atividades de que você gosta de fazer e dedique mais tempo a elas. Aprecie os encontros com pessoas queridas

– Cuide-se: observe as suas necessidades. Reserve um tempo para ir ao médico, fazer atividades físicas e ocupar seu tempo com coisas boas

– Respire: aprenda a respirar fundo, isso afasta a ansiedade

– Mantenha a fé: procure fortalecer sua fé, faça orações e acredite em você

– Perdoe: aprenda a se perdoar e a perdoar outras pessoas. Evite guardar mágoas

– Use a razão: se tiver um problema, escreva-o em um papel antes de tomar uma decisão emocional. O bom senso traz decisões mais racionais

– Reconheça: admita quando sentir raiva ou inveja de alguém. Se você negar seus sentimentos, não conseguirá resolvê-los

– Não se desespere: lembre-se que a vida é feita de altos e baixos e que tudo é passageiro. Manter a calma ajuda a enfrentar as dificuldades

– Divirta-se: faça atividades lúdicas, caminhe, vá ao cinema, cultive um hobby e aproveite momentos de descontração