Seu bairro tem coleta de esgoto?

Falta de saneamento básico gera doenças e afeta a renda, a educação e até o turismo. Saiba o que você pode fazer para ajudar a mudar essa realidade

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Estamos no século 21, mas o Brasil ainda tem dificuldades para fazer projetos de infraestrutura fundamentais para a população. Mais da metade dos municípios brasileiros não tinha plano de saneamento básico em 2017. Isso significa que não havia um plano com diagnóstico e metas de universalização desse serviço público, segundo informações divulgadas recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado confirma uma triste realidade: em 2016, 35 milhões de brasileiros não tinham acesso ao abastecimento com água potável e 100 milhões não tinham acesso à coleta de esgoto, de acordo com o Instituto Trata Brasil. Hoje, apenas 45% do esgoto passa por tratamento no País.

Problemas
A falta de plano de saneamento é preocupante, principalmente porque existe uma lei de 2007 que obriga todo município a ter um planejamento para a área. “O plano é importante para a construção de redes de coleta e tratamento, pois avalia como a cidade está e o que deve ser feito, com que dinheiro e em quanto tempo”, explica Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto Trata Brasil. Apesar da obrigatoriedade, ele conta que os prefeitos conseguiram mais prazo e agora a data final é 2019. Enquanto isso, muitos brasileiros são obrigados a viver com o esgoto a céu aberto.
Prioridade
Para mudar o Brasil, o saneamento básico deve ser prioridade de todos os governantes. A responsabilidade começa com os prefeitos. “As políticas são municipais, mas os governadores também têm lição de casa para fazer, pois a maior parte desses serviços é oferecida por empresas estaduais”, diz.
O próximo presidente da República também terá muito trabalho pela frente. “A maior parte dos recursos vem do governo federal, principalmente da Caixa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O saneamento ainda é um problema de longo prazo, precisa estar na política federal, deve ser prioridade”, avalia.
Impactos até no turismo
As doenças ligadas à falta de saneamento custaram R$ 100 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017. Entre as mais comuns estão verminoses, diarreias e dengue. “As cidades gastam com leitos hospitalares, postos e remédios. As crianças faltam à escola e os adultos deixam de ir ao trabalho se estiverem doentes”, enumera Édison Carlos.
Mas as consequências não se restringem à área da saúde. “A falta de saneamento tem impacto na renda, na educação, no valor dos imóveis e até no turismo, principalmente nos municípios com praias. Cidades que têm coleta e tratamento de esgoto têm mais condições turísticas e qualidade de vida”, conclui.
Por isso, fique de olho: visite a Câmara Municipal, reúna os vizinhos e cobre dos vereadores projetos de saneamento básico. Também é importante acompanhar as políticas estaduais e federais para essa área. Seu futuro agradece.

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Colaborador

Rê Campbell / Fotos: FolhaPress