Milhões de brasileiros têm problemas para dormir

Saiba como melhorar suas noites de sono sem ter que apelar para os medicamentos

O percentual da população brasileira que sofre com problemas de sono é de 40%, o equivalente a 86 milhões de pessoas. Boa parte delas recorre a medicamentos para poder dormir, tanto que a venda de remédios para ajudar a dormir cresceu mais de 560% na última década, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS).

Na mesma esteira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em outubro do ano passado, o uso da melatonina, hormônio que auxilia a regular o “relógio biológico”, na formulação de suplementos alimentares, mas até que ponto medicamentos como esses podem realmente ajudar nos problemas do sono e não serem prejudiciais?

Para Luciana Palombini, médica pneumologista do Instituto do Sono, em São Paulo (SP), e especialista em medicina do sono pela Academia Americana do Sono, todos os remédios têm efeitos colaterais: “a insônia nunca deve ser tratada só com o uso de medicação. Tem que haver uma mudança dos hábitos e da rotina da pessoa para que ela entenda e reeduque o seu cérebro a dormir à noite”.

Em relação ao uso da melatonina, ela diz que algumas pessoas podem ter alguns efeitos colaterais: “ter pesadelos, acordar grogue, com dor de cabeça, mas, em geral, ela é segura e não tem um risco maior de efeitos graves. Ela já é produzida pelo próprio organismo no escuro e, por isso, uma das maneiras de garantirmos uma boa produção dela é exatamente evitar o estímulo da luz branca ou azul à noite”.

A especialista explica que os dois distúrbios do sono mais frequentes são a insônia e apneia (veja a ilustração ao lado): “30% das pessoas têm apneia, uma parada respiratória durante o sono. Quem tem estresse e ansiedade está mais predisposto a ter insônia. Existe um terceiro problema de sono que se chama restrição de sono, que é a falta de sono e é hoje uma grande epidemia. As consequências diurnas desses problemas são cansaço, alteração do humor e da produtividade.”

Luciana explica que para dormir bem é preciso melhorar os hábitos e o estilo de vida: “diminuir a claridade à noite e aumentar a claridade de manhã, controlar o estresse, praticar exercícios físicos, evitar ficar muito tempo sentado e adotar uma alimentação saudável. Se a pessoa tem ansiedade e depressão, elas devem ser avaliadas e tratadas adequadamente”.

Vale lembrar ainda que uma vida espiritual sadia também contribui para ter um sono saudável. O herói bíblico Davi escreveu sobre isso em seus salmos e deixou um recado para quem deseja ter boas noites de sono: “Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou”. (Salmos 3.5).

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Colaborador

Eduardo Prestes /Arte: Eder Santos