“Limpar o prato” pode levar seu filho à obesidade

Pais não devem atrapalhar a autorregulação alimentar de seus bebês

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“Limpar o prato” não é tão bom para as crianças quanto se acreditava há até alguns anos. Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA) acabam de publicar um estudo relacionando a obrigação dos filhos de comerem mais do que querem à obesidade.

Para chegarem a essa conclusão, os especialistas avaliaram mais de 50 estudos publicados nos últimos anos. Os artigos falavam sobre nutrição, psicologia e interação entre pais e bebês, especialmente durante a alimentação.

De acordo com eles, a criança deve parar de comer a partir do momento que demonstra desinteresse pela refeição. Quando os pais insistem para que os filhos comam mais do que desejam, eles estão “programando os bebês para se tornarem obesos na adolescência ou vida adulta”.

Funciona assim: o organismo do bebê sabe a quantidade exata de nutrientes que precisa. Ao alcançar esse patamar, a vontade de comer desaparece. Se a criança é obrigada a comer mais, o organismo fica confuso. Ele passa a não entender quando precisa e quando não precisa se alimentar.

“Bebês saudáveis ​​têm a capacidade de ajustar sua ingestão de energia – ou seja, a quantidade de comida que ingerem – com a necessidade fisiológica de crescimento e desenvolvimento do corpo”, informa o autor principal do estudo Eric Hodges.

Ele ainda explica que “os dois primeiros anos de vida são um período crítico durante o qual são modelados possíveis comportamentos alimentares independentes e autorregulação da ingestão de energia”. Ou seja: é nos primeiros 24 meses de vida que o comportamento alimentar de uma pessoa se forma. Para mudar esse comportamento, mesmo na vida adulta, é muito difícil.

Os pais que comemoram

Outra influência negativa para os bebês são os pais que não os obrigam a comer mais do que querem, mas comemoram quando os pequenos “limpam o prato”.

A interação entre pais e bebê é muito intensa. Quando o filho percebe que o pai fica feliz ao vê-lo comer mais do que precisa, ele passa a comer cada vez mais. Sempre buscando a aprovação dos pais.

“Isso engana o nervo que comunica fome e plenitude ao cérebro”, explica Hodges, “A mente é efetivamente ‘programada’ para comer mais”.

Com o tempo, a criança passa a comer cada vez mais para obter o mesmo nível de satisfação. A alimentação torna-se uma compulsão.

“Isso, por sua vez, pode aumentar o risco de obesidade subsequente das crianças, à medida que elas se desenvolvem da dependência completa à crescente independência na alimentação”, afirma Hodges. “Alimentar-se na ausência de fome ou além da plenitude pode prejudicar a autorregulação da ingestão de energia das crianças”.

O fato de os pais confiarem cada vez menos na autorregulação de seus filhos e os alimentarem além do necessário – especialmente com alimentos ruins – é um dos motivos pelos quais a obesidade infantil cresce cada vez mais. Clique aqui e saiba como a situação é grave no Brasil.

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Colaborador

Andre Batista / Foto: Getty Images