Acidentes de trabalho fazem 700 mil vítimas por ano

De 2012 até agora, estima-se que mais de 14 mil trabalhadores tenham morrido. Combate ao problema inclui cumprimento de normas pelas empresas e adesão dos trabalhadores

Imagem de capa - Acidentes de trabalho fazem 700 mil vítimas por ano

A cada 47 segundos, um acidente de trabalho é registrado no Brasil. De 2012 até agora, estima-se que o número de mortes tenha ultrapassado as 14 mil e que os acidentes somados cheguem a mais de 3,8 milhões. Todo ano, cerca de 700 mil acidentes são registrados no País. Entre 2012 e 2016, 544.308 trabalhadores sofreram cortes ou lacerações e outros 450.861 tiveram fraturas por conta de acidentes. Esses números assustadores foram coletados no Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, uma ferramenta criada pela parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) para monitorar em tempo real os dados do País sobre o assunto.

O Brasil ocupa o quarto lugar entre as nações que mais registram acidentes durante atividades de trabalho, atrás de China, Índia e Indonésia. Entre 2012 e 2016, a Previdência Social gastou mais de R$ 20 bilhões com benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente por causa de sequelas. No mesmo período, o número de dias de trabalho perdidos por causa de afastamentos previdenciários foi superior a 254 milhões.

Causas

Segundo o Ministério do Trabalho, entre as principais causas dos acidentes de trabalho estão a falta de equipamentos de segurança, o descuido e a exaustão do trabalhador.

Gilvan Franca e Silva, técnico de segurança da Universal, destaca que o respeito às normas de segurança e o uso dos chamados equipamentos de proteção individual (EPIs) são fundamentais para reduzir o número de acidentes. “Acidentes podem acontecer, mas é possível minimizar os riscos com o uso dos EPIs e com o respeito aos procedimentos. Todas as funções requerem algumas medidas de segurança”, diz.

O técnico explica que as empresas são obrigadas a garantir a segurança dos funcionários, mas cada profissional também deve estar atento para seguir as normas indicadas. “Se não existem condições de segurança e a empresa não fornece os EPIs, o trabalhador deve avisar o supervisor e se recusar a realizar o serviço para não colocar a própria vida em risco”, ensina.

Tipos de acidentes

Gilvan Franca e Silva lembra que existem três tipos de acidentes de trabalho: os típicos, que ocorrem dentro da empresa durante o expediente; os de trajeto, que ocorrem no percurso do trabalhador entre sua casa e o local de trabalho; e os atípicos, relacionados a doenças provocadas por conta do exercício do trabalho. Segundo ele, os trabalhadores que atuam na área de manutenção estão mais sujeitos aos acidentes típicos. Já os acidentes de trajeto são relativamente comuns a trabalhadores de todas as áreas. “Eles acontecem antes ou depois da jornada e incluem acidentes de trânsito, atropelamento, etc. Por isso, a pessoa não deve ficar no celular enquanto dirige e precisa tomar cuidado ao atravessar a rua”, afirma.

Mudança

O alto índice de acidentes de trabalho no Brasil mostra que a mudança desse quadro depende de ações conjuntas entre governos, empresas e trabalhadores. A criação de políticas públicas específicas, a fiscalização adequada, o cumprimento das normas pelas empresas e a conscientização de equipes são fundamentais para um futuro com menos mortes relacionadas às atividades laborais.

imagem do author
Colaborador

Por Rê Campbell / Fotos: Fotolia